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Pitanga, Pr, Brazil
Educação Formal Universitária: 2 Cursos (em áreas distintas); 2 Especializações; 1 Mestrado.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

2ª Parte da "Canção de Mahamudra", de Tilopa.

                       A Canção Continua:
   
           As trevas dos tempos
           Não podem amortalhar o sol fulgente;
           Os longos kalpas do samsara
           Jamais podem esconder a luz brilhante da Mente.

                     Embora palavras sejam ditas para explicar o Vácuo,
                     O Vácuo, tal como é, jamais pode ser explicado.
                     Embora digamos que a Mente é uma luz brilhante,
                     Ela está para além de todas as palavras e símbolos.
                     Embora a Mente seja vazia em sua essência,
                     Contém e abarca todas as coisas.

        Seguindo a Canção, podemos primeiramente meditar um pouco sobre a natureza das trevas. Essa é uma das coisas mais misteriosas da vida, porque, da mesma natureza das trevas, é também a natureza do sono, a natureza da ignorância, ou mesmo, a natureza da morte.
        A primeira coisa a ser entendida, se aprofundarmos a meditação, é que as trevas não existem. E por que? Porque as trevas, em si, não têm existência; elas são, apenas, a ausência da luz... Não há trevas em lugar algum... Se há luz, as trevas não existem. Se não há luz, as trevas aparecem. Portanto, a treva é a ausência da luz, não é nada, não é a presença de coisa alguma... Pode-se criar a luz, ela pode ser destruída (a luz), mas não se pode criar trevas.
         A segunda coisa a ser compreendida ao se meditar sobre a treva, é que, por causa da nossa própria não-existência, a gente não consegue resolver nada em relação a isso. Se lutarmos contra isso, a gente acaba por ser derrotado, pois, como derrotar algo que não é, que não existe??
          E, se a gente for derrotado, vai se pensar: "mas isso é muito poderoso, pois derrotou-me" - e será um absurdo, porque elas não têm poder algum, aliás, elas sequer existem. Não se pode ser derrotado pelas trevas- elas não existem- pode- se ser derrotado pela nossa própria insensatez. Se começar a lutar contra elas, já é uma insensatez, e assim acontece na vida.
           Luta-se contra muitas coisas que não existem, que não são, como as trevas. Jesus mesmo já dizia: "deixai-os: eles não sabem o que fazem...". E assim é... A meditação servirá para entendermos que
                         O ódio não é real, é apenas a ausência do amor.
                         A cólera não é real, é apenas a ausência da compaixão.
                         A ignorância não é real, é apenas a ausência do estado de Buda, da Iluminação.
           Nunca lute contra o que não existe. A mente é tentada a lutar e, se dermos atenção a isso, vai-se desperdiçar energia, a vida se desgastará. Não caia na tentação da mente: veja se algo tem existência real. ou é apenas uma ausência. E se for apenas uma ausência, não adianta combatê-la, mas procure saber de qual coisa ela é a ausência...
           Outra coisa a ser entendida sobre as trevas, é que elas, apesar da não-existência, acabam por ficar profundamente envolvidas em nossa existência. Elas fazem com que a luz interior, que existe em cada ser humano, desapareça. Na verdade, quando se está com muita raiva, encolerizado, é porque se está inconsciente, a luz desapareceu. Não tem como encolerizar-se de modo consciente. Se tem-se a luz, não se pode ter as trevas: se estamos conscientes, não podemos estar coléricos, e assim é em muitas coisas da vida.
      
           Obs: o Budismo entende a existência da mente ( que seria cerebral, a memória, a consciência, os sentimentos, etc...) e a Mente ( que vem a ser o espírito, a alma, transcendente).
           KALPAS= período de tempo, geralmente muito longo...
           SAMSARA= a roda da vida, a existência.

                               Em próxima postagem, voltaremos a meditar e tentar entender um pouco mais do Buda Tilopa.