Crônica
do Dia 24 de Julho de 2012
Eu e meus botões estivemos analisando,
neste final de semana, o que poderia ser uma “Cultura da Continuidade no
Poder”. Para explicá-la, em primeiro lugar é necessário entender o que é.
Basicamente, é uma total falta de princípios: ´´e não entender os princípios de
uma democracia e seu preceito basilar, fundamental: a alternância no poder. Se
não se entende isto, remontemos a Cuba, por exemplo.Se os irmãos Castro, Fidel
e Raul, nunca conseguiram ter esta virtude, o entendimento de que se aquilo que
vivem lá há 58 anos é tão bom para o povo cubano, eles promoveriam eleições livres, para a mudança de nomes no Governo, sem trauma algum,
a continuidade seria a norma.
Se, no entanto, a norma, tal como
aconteceu agora lá, neste final de semana, em que o principal líder
oposicionista e muito pacífico, quase ganhou o Nobel da Paz há alguns anos,
agora, numa segunda tentativa de assassinato, teve uma morte em uma “acidente”
muito estranho, muito esquisito, em que não se está permitindo a presença de
ninguém com independência suficiente para verificar se, realmente, foi um
acidente. Só isso já confirma os piores temores: provavelmente houve um
assassinato político, aliás, mais um entre tantos.
No Brasil, muitos, alguns de boa fé,
mas muito mal informados, até acreditam que lá é ótimo, outros, por malandros,
vendem a idéia do “paraíso socialista”. Isso, feliz ou infelizmente, não
existe: não há regimes políticos ou de Governo, perfeitos. O que há, é o que o
mais simples dos brasileiros, aquele do fundo de um rincão do interior, sabe e
pratica: a medida das coisas é o HOMEM, a MULHER, o SER HUMANO, com suas
convicções, seus acertos e seus erros, com seus princípios e aqui sim, há como
explicá-los: aqueles princípios básicos que têm sim sua origem nos valores
familiares, de uma boa criação, com as variadas religiões, sem distinção,
construindo estes pilares sólidos. Aqueles princípios que fazem com que dois
catadores de lixo achem 20.000,00 reais e procurem os donos veradeiros, para
devolvê-los, por que sabem que o certo é fazer isso, sabem que o contrário é
errado, e assim aprenderam em casa, desde a mais tenra infância.
É o que o Brasil que presta pretende de
todos aqueles que um dia recebem, em nome do povo brasileiro e através do voto,
a missão de bem representar, de maneira digna, esse mesmo povo.
É SIMPLES ASSIM!!! – Não há segredo!
O que acontece, infelizmente, é que
muitos, quando recebem esse mandato do povo, tomam “muito gosto pela coisa”...
E isso é fácil demais...
Quer
um cafezinho, e lá está aquela sala luxuosa, geralmente com funcionários em
excesso, correndo para ver quem melhor atende o “chefe”... e este, baba de
prazer!!!
Precisa sair da sala, e lá estão alguns
para, agilmente buscar a maçaneta, como se fora um corrida das Olimpíadas, para
ver quem chega primeiro. Claro que um empregado, funcionário público,
dependendo da função, podem até ter estes encargos, mas, geralmente, o Chefe,
que tudo pode, que aumenta o ordenado ou despede quando bem quiser, precisa ser
bem alisado...Meio que naturalmente vão se formando os cordões do áulicos, dos
puxa sacos...
Esse tipo de chefe, quando em final de função
pública, se perder toda essa mordomia, chega a ter TRAUMA PÓS GOVERNO... Sim, é
fácil acostumar, difícil é ter a real noção do que seja um mandato do povo e a
total noção de que ele é mandado por este povo, que tudo aquilo que ele
usufrui, é pago por este povo, com seus altíssimos impostos, provavelmente os
mais altos do mundo...
O eleito, no exercício de seu mandato,
dificilmente gasta alguma coisa: o município, o Estado ou o País pagam tudo.
Vai viajar, tudo pela melhor maneira: avião, carro luxuoso, etc.... Precisa
pernoitar fora um dia ou uma semana? Os melhores e mais chiques hotéis, tudo
por conta da “BARROSA”, aquela vaca leiteira que serve tanto e não pára de dar
leite. Sim, é difícil largar o osso e esse leite tão pródigo, se não estiver em
primeiro lugar o verdadeiro princípio de não se deixar levar, como quase
todos, pelas vãs, efêmeras e passageiras
ilusões de um poder que não é seu, que é usurpado do povo...
Muitos são os que usam da política para
se fazerem na vida, como dizem... Não conseguiram, por méritos próprios,
desenvolver com sucesso nenhuma alternativa de profissão, de ofício digno e
verdadeiro, mas, ao contrário, tiveram apenas a imensa facilidade em
“engambelar” os outros...
Dessa forma, vão como que
“incorporando” a idéia de que “Ah!, o povo me deve isso!!!- Imaginem se não
fosse eu, o que teria sido deste lugar?? Continuaria na pobreza, atrasado. Daí
se forma a idéia messiânica de que ele é insubstituível, não existiu, não
existe e nunca existirá ninguém melhor que ele, nunca na história, ele, o
poderoso... Se o povo não continuar apoiando para sempre um governante, assim,
em um primeiro, segundo, terceiro, quarto mandato, “nossa, quanta injustiça!!!”
“O povo não merece o senhor,
excelência, correm a dizer aqueles áulicos, na esperança de que, de uma ou
outra forma, o seu grande chefe retorne ao poder ou o mantenha.
Ao final, costumam perder muitas
coisas, e já no começo perdem a vergonha... Com medo de perderem o poder e, com
ele, as mamatas, perdem a vergonha. Pressionam ou compram funcionários, roubam
sem nem esconder, pois, afinal, “este povo me deve muito mais, arrumei a vida
desse povo...!, e assim por diante...”
A esperança de todo mundo é que, algum
dia e logo, se possível, isso mude. Os princípios básicos, a começar com o de
HONESTIDADE, voltem a imperar nos lugares. Uma honestidade em que os gastos com
o governar sejam tão atendidos quanto se fossem em seu próprio lar, pois,
afinal, a responsabilidade em um governo, deveria ser muito maior até que em seu
próprio lar, pelo fato de o dinheiro não lhe pertencer...
Contaram-me aqui na Rádio, um dia
destes, que uma Juíza Eleitoral, parece-me ser da Comarca de Ivaiporã, ao ser
questionada, em uma sessão pública de esclarecimento das Leis Eleitorais, por
uma, vejam só, candidata a Prefeita, de um município próximo, que, no caso,
estaria concorrendo à reeleição e que já tinha posto propaganda pessoal dela,
de sua gestão, nos ônibus, estranhou que esta juíza determinasse que tirasse
imediatamente, e que explicou isso, de maneira singela:
- Senhora Prefeita e Candidata, só me
diga uma coisa: estes ônibus escolares são seus? A senhora comprou e pagou com
seu dinheiro, são de seu uso pessoal? Se assim for, a senhora pode fazer isso.
Se forem do município e para ele têm seu uso, não pode, estes ônibus não lhe
pertencem, pertencem ao povo...e se continuar fazendo assim, a senhora estará
sujeita aos rigores da lei, que farei toda a questão, de eu própria mandar
aplicá-la...
É apenas uma reflexão, mas espero
possa, dela, ser retirado algum conteúdo que venha a servir para um voto mais consciente...
Meu até amanhã...