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Educação Formal Universitária: 2 Cursos (em áreas distintas); 2 Especializações; 1 Mestrado.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A História de James Aggrey

                          Crônica do Dia 03 de outubro de 2012

                      James Aggrey (1875-1927), negro africano, educador, missionário, estudou e viveu nos EUA, contou a seguinte história:
                  Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas, embora a águia fosse a rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
      - Este pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.- De fato, - disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.  
      - Não - retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem a natureza e um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.- Não, não - insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
     Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:- Já que de fato você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
     O camponês comentou:- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!- Não - tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:       - Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
    Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à carga:
   - Eu lhe havia dito, ela virou galinha!- Não - respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
    O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra as suas asas e voe!
    A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
    Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico canto das águias e ergueu-se soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto.
            Voou… Voou… Até confundir-se com o azul do firmamento (James Aggrey).

                     James Aggrey e o naturalista tinham razão: cada pessoa tem dentro de si mesma uma Águia, pronta para a ousadia de grandes vôos, ela quer ir em busca do sol, ganhar o céu. Não a prenda dentro de si, liberte-a e seja feliz...
           O texto acima foi tirado de um texto do livro escrito por Leonardo Boff, com o Titulo de "A Águia e a Galinha" . O livro brinca com uma estória muito interessante. De forma simples, clara e objetiva, Leonardo Boff expõe uma metáfora que acompanha o ser humano desde sua infância até a morte, a dualidade entre o fazer e o não fazer, o praticar o bem ou não praticar, o encarar novos desafios e o acomodar-se, etc... Recomendo a leitura do livro a todos. Uma grande oportunidade de crescimento pessoal.
                    Na verdade, o ser humano tem o horizonte inteiro esperando por seu vôo livre. Existem pessoas, entretanto, às vezes até dirigentes de órgãos importantes que, por motivos vários, tentam tirar das outras o sentido do vôo alto, querendo torná- las iguais a ela, apenas comendo e agradecendo o milho que comeu e que eles acham ter dado, como uma esmola qualquer e, por isso, devem ser eternamente agradecidas.
                   Esse tipo de pessoa quer aprisionar muitos, ou mesmo, todo um povo naquela limitação do cacarejar e do vôo extremamente pequeno de uma galinha, porque eles próprios não têm a ousadia dos corajosos e o vôo alto de uma águia. São aqueles para quem nada é possível e, para isso, arrumam todas as desculpas: ah!, isso não dá, para isso vai faltar dinheiro!, ou então: não, não dá, afinal você mora em um lugar pequeno, e esse é um sonho muito alto para nós daqui desta região!
                    Leonardo Boff foi  sábio em transcrever justamente esta metáfora em seu livro, por saber muito bem que o espírito humano tem a grandeza e a essência da divindade e, quando as pessoas querem, quando um povo  todo quer, tudo o que parecia um sonho vira realidade, porque o olhar é aquele do vôo da águia, vislumbrando o horizonte.
                   Os budistas costumam também dizer que, ao apontar um dedo para a lua, não é o dedo que aponta, o importante, mas sim, o importante é olhar a lua e contemplá-la em todo seu esplendor.
                    Possivelmente este é um texto apropriado para uma reflexão nestes dias que antecedem as eleições mais importantes dos últimos anos, por estarem, em 2012, sob a máxima do voto livre e consciente. Lembre-se de que aqueles que ousam ter o vôo mais alto, por vislumbrarem lá de cima a realidade que se descortina para todos, esses poderão muito mais, pois a vista, lá de cima, enxerga muito mais longe o horizonte, escolhendo rumos diferentes, soluções mais criativas, novas possibilidades; os que se acostumaram à mesmice de seu próprio cacarejar, esses que continuem a olhar apenas para o chão, pois não tiveram a coragem de ousar.

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