O julgamento do mensalão já produziu um
1º efeito, mas não o esperado. Até agora afetou um pouco tanto as eleições para
Prefeito e Vice e Vereadores e o estrago está sendo maior na questão da
“arrecadação”...segundo informa o Blog do Ricardo Noblat.
Enviado por Ricardo Noblat
21.8.2012
José Roberto de Toledo, O Estado de S.Paulo
O julgamento do chamado
mensalão afetou a eleição de prefeito, mas não como se imaginava. Somado ao
escândalo de Cachoeira, o efeito de horas e horas de programação televisiva
sobre o mensalão acabou sendo maior entre os financiadores do que entre os
eleitores. Está faltando dinheiro para a campanha eleitoral.
Basta ver a penúria
da primeira parcial das prestações de contas dos candidatos a prefeito nas
capitais. Os valores previstos em dezenas de milhões estão sendo contados aos
milhares. Os poucos que gastaram mais do que isso o fizeram por conta. Ou seja,
fazem campanha na base do fiado.
Contraditoriamente,
os tetos de gasto de campanha apresentados pelos comitês à Justiça Eleitoral
nunca foram tão altos.
Em São Paulo,
projeções de receitas triplicaram em comparação ao pleito de quatro anos atrás.
Obviamente a correção aplicada não foi apenas a da inflação. Os tesoureiros
abriram espaço em suas planilhas para abrigar os antigos "recursos não
contabilizados".
Por enquanto,
porém, o dinheiro não está sendo contabilizado nem pelo caixa 2 nem pelo 1.
Potenciais doadores têm muito frescas na memória as cenas de advogados de
banqueiros e empresários apresentando a defesa de seus clientes no Supremo
Tribunal Federal.
Ou o exemplo da
Delta, uma ex-rica doadora eleitoral que foi da prosperidade à bancarrota em
apenas uma CPI.
Os céticos dirão
que, mais cedo ou mais tarde, os interessados de sempre pingarão suas
contribuições salvadoras nos cofres partidários. É bem provável. Até porque a
gratidão pelas doações tardias será ainda maior do que de hábito.
Mas o estrago já
estará feito. A campanha foi encurtada para 50 ou 60 dias. Neófitos que
precisavam se tornar conhecidos terão menos tempo para chegar aos olhos,
ouvidos e dedos dos eleitores.
E ontem, vimos e ouvimos a
Campanha Eleitoral começar para valer. Muitos estavam esperando o início do
horário eleitoral para ver se suas campanhas deslancham de vez ou param e se
acabam. Este horário, de certa forma, dá início à reta final das campanhas e,
consequentemente, das eleições. O marketing, sim e ele existe e em muitos
lugares, ele é muito forte. É até interessante notar que, aconselhados pelos
“marqueteiros”, nõa se vê mais candidato expressando seriedade, alguns,
pessoalmente, são até sisudos, cara fechada. Agora, todo mundo está rindo,
alegre, não é mesmo?
Não se pode afirmar que isso chegue a ser uma distorção, causando falsa
ideia sobre os candidatos porque, como diz o cientista político Alberto Carlos
Almeida, em seu livro “A Cabeça do Eleitor”, o principal cuidado que o eleitor
deve ter é analisar as propostas e afirmações dos candidatos frente à sua
realidade. Estas Propostas estão contidas, formalmente e oficialmente, naqueles
Planos de Governo, exigência da Justiça Eleitoral, mas que, mesmo aqui em
Pitanga, alguns candidatos a Prefeito parecem ter levado na brincadeira, quase
houve cópia total do Plano de dois dos candidatos, e, em um deles, itens como
Educação sequer foram abordados...
Os candidatos de hoje, segundo a cientista política da UFPR, Luciana
Veiga, afirma que o eleitor tem mais senso crítico que há 20 anos e, talvez por
isso, os candidatos percebam que mentir e prometer o impossível não cola mais,
especialmente em casos de postulação à reeleição. Quem prometeu enfaticamente algum
item que hoje continua sendo uma das principais necessidades de determinado
município, seja a Saúde, Educação, Estradas, ou outro, o eleitor sabe
distinguir que aquele candidato foi falso e, dificilmente irá confiar novamente
seu voto.
Já, segundo Fernando
Azevedo, cientista político da Universidade Federal de São Carlos, todos oe
eleitores devem aprimorar seu senso crítico nesta reta final da campanha,
porque é uma fase que tende a exibir uma “inflação de promessas”. Portanto, o
importante é avaliar o que é só propaganda e o que é, realmente, uma proposta
ou posicionamento correto.
O mesmo no que diz
respeito à vida pregressa do candidato e como ele lida com o bem público,
fundamento inquestionável de uma democracia, ou “res publica”: ele já exerceu ou exerce cargo ou função
pública? Como se portou nesse cargo, foi sempre um “legalista”, quer dizer,
agiu sempre de acordo com os ditames das leis? Ou usou e abusou de seu cargo
como um todo poderoso, que nem as leis maiores respeita, pois, afinal, ele é o
tal, ele é quem manda e desmanda e isso, em todos os sentidos, desde evitar o
chamado nepotismo nos órgãos
públicos que possa ter atuado, até, às vezes, a perseguição pura e simples
àqueles que não seguiam sua “cartilha”. Esse tal de nepotismo, termo que ficou
famoso em muitos lugares do Brasil, por terem sido verificados e coibidos,
proibidos o mesmo, vem do Latim, língua mãe do nosso português, de nepos, nepotis, e significava sobrinho ou neto, portanto, generalizou-se para parente, existindo até Lei que
especifica os casos que aí se enquadram.
Por hoje é só, mas amanhã tem mais...