Amigos ouvintes da Rádio
Poema e leitores do “euacreditoemblogs”. Hoje buscarei tecer algumas
considerações, que julgo serem extremamente importantes, para a decisão que
todos deveremos tomar, com consciência cívica, dentro de poucos dias, um pouco
mais de mês, propriamente, e que tem a ver com a nossa vida e de nossa
comunidade, para um futuro de 04 anos.
Claro que estou me referindo
às eleições. Agora começa a chegar a hora de particularizar mais as coisas.
Sim. Porque, ás vezes, perde-se ou não se presta atenção à noção de que
Prefeitura, Câmara de Vereadores, são entes jurídicos e, portanto, ficam um
tanto distantes de nós próprios, como coisas abstratas, longínquas e distantes.
Entretanto, não é assim.
Nos municípios pequenos de
nosso imenso e continental país, o Brasil, mas até nos médios e grandes, o
Prefeito e os Vereadores a serem escolhidos, são pessoas de carne e osso, tangíveis,
possíveis de serem vistas, muitas vezes possíveis até de serem tocadas,
contatadas, em nosso dia a dia. E, como tais, sujeitas aos defeitos e vícios
não estranhos a todos nós, humanos, mas também com as qualidades e virtudes que
todos possuímos, em menor ou maior grau.
Talvez aqui resida uma grande
diferença, por menor que possa parecer, se mantivermos distante o nosso olhar
crítico. Enquanto Prefeitura e Câmara de Vereadores sim, são entes jurídicos,
inatingíveis enquanto frutos e entidades
da criação e idealização humanas, os seus gestores e ocupantes das funções, os
Prefeitos e Vice e os Vereadores, ou prefeitas e vice e vereadoras, estes são
sim, muito humanos.
O que quero dizer é que a
eles, a estes seres humanos, nossos semelhantes, a eles é que devemos olhar e
analisar criticamente, para podermos formular e definir um voto consciente,
como exige este nosso país tão espoliado, roubado e subtraído.
Por mais que tenhamos uma
vontade ideologicamente correta, bem formada, de exercermos este direito e
conquista, mas também um dever e responsabilidade, achando que votaremos
somente com a IDEIA de escolher os melhores, as circunstâncias externas de uma
eleição podem dar-nos uma falsa ilusão de caminho certo, de correção. O aparato
externo, o poder político, principalmente o abuso destes, quase sempre
determinado quando há candidatos à reeleição no Executivo, podem nos mostrar,
como em uma ilusão de ótica, caminhos que se mostrarão, futuramente,
incorretos.
Por mais que as leis queiram
determinar contenção nestes abusos, principalmente dos já citados candidatos à
reeleição, naqueles municípios em que os há, a parafernália de todo este
aparato público montado em torno de tais candidatos, fazem-nos parecer difícil
tratar as eleições como em igualdade de condições a todos. A leitura das
campanhas, então, pode induzir a erros. Em muitos municípios do Brasil e do
Paraná, a população ou o número de eleitores está entre 20 a 40 mil pessoas, e
estes locais são a maioria.
Agora, imaginemos que estes
municípios possuam entre 4 a 15% de sua população em cargos do aparato público
municipal, de uma ou outra forma funcionários das Prefeituras Municipais, e,
outro tanto, prestadores de serviço ao empregador maior de seu município que,
quase invariavelmente, é o Poder Público Municipal, teremos, então, um
Prefeito, chefe de mais de mil pessoas, como um dos pretendentes à reeleição.
Isso, ainda, sem contarmos os familiares. Se aceitarmos como provável que sejam
pessoas adultas e com família, e aceitarmos a média de núcleos familiares de 04
pessoas, aí já teremos o envolvimento direto desse candidato à reeleição, com
03 a 04 mil pessoas dentro do município.
Sabe-se que a relação de trabalho,
portanto entre patrões e empregados, em nosso país geralmente é muito desigual,
pela necessidade de os trabalhadores poderem manter seus empregos normalmente,
sem serem perseguidos, ameaçados, ou algo assim, pode-se imaginar o grau de
dificuldade em, se for o caso, estes “quase dependentes” exercerem seus votos
de maneira plena, consciente e livre. A visão superficial que se pode ter e
alguns pretendem manter esta condição indefinidamente, é da “força” daquele que
está no poder.
Apesar de tudo, impõe-se que o voto
seja cidadão. Nestes lugares, cada
eleitor conhece muito bem e pessoalmente cada candidato, sabe da vida dele, da
turma que o acompanha, como tem sido sua vida em sociedade, o que ele já fez,
de bom ou de ruim, ou deixou de fazer e porque, e assim por diante.
Sendo assim, o que o eleitor mais
precisa é de ter a consciência de que o seu voto realizar-se-á em eleições
limpas, de que, em pleno século XXI, não seja mais possível aceitar o “voto de
cabresto”, de que, no dia das eleições, o 07 de outubro, o voto do mais pobre e
o do mais rico ou mais poderoso, valham exatamente iguais, isto é, 01 e apenas
um, então teremos a certeza de que estaremos contribuindo para um município
melhor e, em consequência, um Brasil
melhor.