A pouco menos de uma semana das
eleições municipais, não poderia ser mais oportuna a manifestação feita pela
ministra Cármen Lúcia, no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), durante a sessão da última quinta-feira. Ao julgar e condenar réus
ligados a partidos políticos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a
magistrada, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lembrou que
boa parte dos 138 milhões de eleitores brasileiros vêm demonstrando não apenas
desesperança, mas um desencanto com a política e acredita haver razões para
isso.
Mas ressalvou: detentores de cargos
políticos devem ser mais rigorosos no cumprimento de leis, pois nesses casos, é
a ética ou o caos. Desvios no
âmbito do setor público impõem não apenas um custo moral. Significam também
prejuízos financeiros consideráveis num país em que faltam recursos oficiais
para tudo, inclusive em áreas às quais o poder público deveria dedicar atenção
prioritária, pois são de sua exclusiva competência.
Como ressaltou a ministra, "um
prejuízo no espaço político significa que uma sociedade inteira foi
furtada". Na prática, o dinheiro que um parlamentar ou homem público
embolsa acaba faltando para a reforma da escola, para maior atenção à criança e
à mãe, para a construção de um posto de saúde e para investimentos em estradas
ou em saneamento básico, entre outras áreas que deveriam se constituir em
prioridade do poder público. E é contra essas subtrações que o eleitor deve se
insurgir, pois não têm como ser toleradas. O rigor que vem sendo imposto pelo STF aos réus do
mensalão, como bem ressaltou a ministra Cármen Lúcia, não pode servir para mais
descrença na política (Jornal ZeroHora, RS- Editorial- 29/09/2012).
REYNALDO ROCHA
"Vamos combinar? Que tal agora, após o
pronunciamento da Justiça que transitará em julgado (sem apelações), por ter
sido proferido pela mais alta corte do Brasil, passarmos a chamar as coisas
pelo nome? Sai o deputado João Paulo e entra o corrupto condenado João Paulo. Sai
o empresário Marcos Valério e entra o bandido Marcos Valério.
Onde se lê “recursos não contabilizados”, leia-se
simplesmente roubo! Mas, antes de mais nada, deletemos o uso da palavra
“suposto” para qualificar o que é a mais absoluta verdade. É cansativo ler que
existia um suposto esquema de compra de votos. Nada disso: existiu um esquema
criminoso de compra de votos!
Excesso de cautela também pode ser sinônimo de
discordância. Ou mesmo de covardia. Nós, leitores, exigimos que os meios de
comunicação sejam informativos. Pedir que jornalistas relatem fatos é estranho.
Mas, infelizmente, necessário.
A imprensa séria que, provavelmente por excesso de
zelo, insiste em expressões como “suposto mensalão”, “suposto participante” ou
“suposto desvio de verbas públicas” está obrigada – pelos fatos! – a revogar o
termo que inspira dúvidas.
Não há nada suposto! Há fatos comprovados. E
julgados como tal.
Espero
que aprendamos, na esteira de tantas lições, a usar as palavras na exata
dimensão que possuem.
Assim teremos uma imprensa sem meios-termos. E sem
medo de expor o que é simplesmente verdadeiro.
Por supuesto! (Que, em espanhol, quer dizer claro,
óbvio, certamente.)"
Ao fazermos isso, é necessário que estendamos estes
significados corretos, pois baseados em fatos concretos, a todos os níveis de
administração: onde houver roubalheira, desvios de verbas, desmandos políticos,
Postos de Saúde funcionando sem o mínimo de material básico, pressão sobre o
funcionalismo público, uso da máquina a favor de candidatos, é conveniente e
democrático que se use a VERDADE DOS FATOS, sem meias palavras.
Só assim,
contrapondo a verdade acima de tudo, principalmente acima da mentira usada como
método de se fazer política e da enganação da população, como maneira de tentar
se perpetuar no poder, deve ser feito, pois, de agora em diante, o Brasil, como
diz a Ministra Carmen Lúcia, tem que fazer prevalecer a ética. Para a
construção do grau de cidadania que o povo brasileiro exige, é A ÉTICA OU O
CAOS.