Pois é , prezados ouvintes da Rádio
Poema. Depois de amanhã é Feriado Nacional, a festa cívica maior da nossa
pátria, Dia da Independência. Este 07 de setembro também sinaliza para a
chegada das eleições municipais, que acontecerão em um mês.
E fico me perguntando como está e
estará a cabeça de todos nós, eleitores, para estas datas. Mais do que a
independência em relação ao país colonizador, Portugal, será que não é bom
buscarmos constantemente esta independência, agora em relação aquilo que nos
oprime, aquilo com que não concordamos e que, por acomodação deixamos estar
para ver como é que fica?
A proximidade destas datas, a da
Independência do Brasil, já depois de amanhã e a das eleições, a um mês, a nossa
cabeça de eleitor não estará lidando apenas com emoções? É normal que
praticamente todos os candidatos apelem para o emocional, procurando se
mostrarem simpáticos, sorridentes, tentando desenvolver uma empatia com o
eleitor, concordando com aqueles pontos que todo mundo acha que está ruim e que
devem melhorar, como, por exemplo, a saúde e a educação.
A cabeça do eleitor, no entanto, vota
também pela emoção, mas é importante colocar uma dose grande de razão, de
racionalidade em seu voto. Racionalizar o voto, votar com a razão, é verificar
se aquele candidato realmente terá condições de cumprir o que promete e, se o
que promete é possível de ser realizado em seu município, ou será apenas mais
um “elefante branco”? Ou então, se ele já teve condições de fazer algumas
dessas atuais promessas e não as realizou, porque não fez?
Como diz a cientista política Luciana
Veiga, da UFPR:
“ É bom
lembrar que, na hora de votar, o importante é conhecer as propostas do
candidato e saber se elas são parecidas com as suas, com o que você almeja- e
não se ele é um sujeito alegre, que gosta
de crianças e cachorros, assim como você”. Essas coisas, muitas vezes
algum marqueteiro por trás do candidato, procura vender junto com candidato,
como se fosse um produto qualquer, como uma margarina, ou uma pasta de dentes."
É muito importante, também, verificar se os
candidatos ostentam sinais exteriores de riqueza, que não são condizentes com o
seu trabalho, ou sua remuneração, se exercer algum cargo público. Ou mesmo
daqueles que estão próximos a eles. No tempo do Império Romano já se observava
muito isso. Com o Imperador da época, sempre estavam próximos, ao lado, os laterones(que estavam laterais, ao lado), palavra que, em sua
evolução, originou em nossa língua o termo latrones,
ou ladrões. Hoje ainda existem os “laterones”, que estão nas laterais, por
perto, às vezes usados como “laranjas” do chefe, ou mesmo para levarem vantagem
em tudo o que puderem.
Os órgãos do Judiciário que garantem as
eleições em regimes democráticos, pelo que se constata, pretendem que em 07 de
outubro as eleições sejam um exemplo para o futuro, com o voto limpo e cidadão.
A única maneira de nós, eleitores, contribuirmos para isso, é realizando um
voto consciente e livre. A homenagem maior para o Dia da Independência é o
Brasil conseguir verdadeiramente que, agora e no futuro, as “Eleições Limpas”,
sejam síntese do que se almeja como modelo político a ser construído, sem mais
mensalão, contra a corrupção e a favor da ética na política.
Concluo, como exaltação a este 07 de
setembro, lendo um trecho do sábio político, pensador e grande patriota, RUI
BARBOSA, em sua “Oração aos Moços”:
“ Sinto vergonha de mim, por ter
feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser, e ter
que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes
pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência
com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’
feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de
desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o
meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor.
Por
isso, de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”