O programa "Fantástico", da Rede Globo, apresentado ontem (18/02/2012) mostra apenas uma pequena ponta de um novelo extremamente volumoso no Brasil de hoje. Se a média de imposto paga por qualquer um de nós, do mais rico ao mais pobre, entre impostos diretos e indiretos, atingem a indecorosa cifra de mais de 38% (com tendências, segundo especialistas, a continuar subindo a taxas de aumento de mais de 10% ao ano...), uma das principais causas é a roubalheira.
Use-se a palavra que quiser, seja de agentes públicos a empresários, de corrompidos a corruptores, o fato é que a roubalheira disseminou-se "como nuncaantesnestepaiz"... E em todos os níveis: nos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e de cima abaixo: Federal, Estadual, Municipal.
Triste herança... e quem deveria ser a principal motivadora de coibir e acabar com a impunidade (provavelmente a principal causa da corrupção), até por mostrar um "exemplo" para a população, pois, afinal, "o exemplo deve vir de cima", não é mesmo?- e que seria a Presidência da República, os Governos de Estados, as Prefeituras Municipais, passam a mão na cabeça e "alisam" os que fazem hoje os, por eles chamados "malfeitos"...
Para mostrar a disseminação da bandalheira e a facilidade com que se tenta explicar o inexplicável, segue abaixo uma notícia do Jornal Gazeta do Povo, dos mais importantes e sérios jornais do Paraná, publicada no dia 17/02/12, para mostrar a cara de pau de um governante, envolvendo a "terrinha" aqui, a Pitanga. É de rir, não fosse motivo até para chorar- e muito desse povo ainda quer se reeleger...
Olha a PITANGA aí, gente!!!! – Do Jornal “Gazeta do Povo”
Prefeituras do Paraná cometem fraudes dignas de novela
Denúncias trazem à tona casos de uso de veículo oficial para visitas à manicure, excursões ao Paraguai e outras irregularidades
Publicado em 17/03/2012 | CARLOS OHARA
Uso de veículos oficiais para visitas à manicure, placas com iniciais visando à promoção pessoal, nomeações para cargos “fantasmas”, acomodação de parentes em cargos públicos e até excursões ao Paraguai em micro-ônibus pertencentes à frota escolar. O que pode parecer inicialmente ações dignas do personagem Odorico Paraguaçu, um político corrupto e cheio de artimanhas, interpretado por Paulo Gracindo na novela O Bem Amado, de Dias Gomes, são cenas reais protagonizadas por prefeitos do interior do Paraná.
Um exemplo de ação que lembra o folclórico prefeito da fictícia Sucupira é um decreto assinado no ano passado pelo prefeito de Pitanga, na Região Centro Sul do estado. No documento, a mulher do presidente da Câmara de Vereadores da cidade foi nomeada diretora de um hospital municipal. Detalhe: o hospital não existe.
O prefeito da cidade, Altair Zampier, disse que não havia dinheiro para aparelhar o hospital, que foi transformado em um “centro de medicina alternativa”. “Nós nomeamos ela para este cargo por considerar que o hospital iria funcionar. Ela trabalha e é uma profissional séria e comprometida”, disse o prefeito.
No mesmo enredo poderia ser adicionada a cena da secretária de Saúde de Farol, Fátima Renilda da Silva, abordada por policiais militares quando estava na manicure, em um salão de beleza de Campo Mourão. Para ir até o local, distante 30 quilômetros de sua cidade, ela utilizou um carro da prefeitura que era necessário para o transporte de um paciente do município, que se encontrava em estado grave de saúde. Na mesma cidade, a prefeita Dirnei de Fátima Gandolfi Cardoso não se incomodou em liberar os micro-ônibus escolares, doados pelo governo do estado, para excursão de sacoleiros ao Paraguai.
Que explicaçãozinha sem vergonha do Prefeito, não? tudo como se fosse normal nomear alguém, mesmo trabalhadora, séria, comprometida (com quem?)... Só falta o local de trabalho, o hospital não existe.
Tudo muito parecido com o que está acontecendo em nível federal. Vejam o que diz o (surpreendentemente!) bom Deputado Federal e ex jogador Romário (publicado no Blog do Josias de Souza, em 17/03/12:
17.03.2012 - 18:56
Romário: Brasil passará ‘vergonha’, Copa será uma ‘merda’ e haverá ‘o maior roubo’ em obras
Ao migrar dos gramados para o tapete da Câmara, Romário trocou os pés pela língua. Mas não perdeu o cacoete de atacante. Neste sábado (17), o deputado pedurou em sua página noFacebook comentários ácidos sobre a Copa de 2014.
“É uma pena ouvir nas rádios, ver na TV, abrir os jornais e ler que o governo federal se uniu à Fifa para que a Copa do Mundo seja a maior de todos os tempos. Uma mentira descabida! Não será a melhor e nós vamos passar vergonha”, anotou.
Queixou-se da ausência de representantes do Congresso na audiência concedida na véspera por Dilma Rousseff ao presidente da Fifa, Joseph Blatter. “Se continuar acontecendo coisas erradas e estranhas como esse encontro do Blatter com pessoas que não são ligadas a Lei Geral da Copa, ela será uma merda.”
Romário (PSB-RJ) foi à canela: “O governo federal está enganado o povo. E a presidente Dilma está sendo enganada ou se deixando enganar.” Convocou as arquibancadas: “Brasileiros, continuem cobrando e se manifestando, porque essa palhaçada vai piorar quando tiver a um ano e meio da Copa.”
Pisou na rótula: “O pior ainda está por vir, porque o governo deixará que aconteçam as obras emergenciais, as que não precisam de licitações. Aí vai acontecer o maior roubo da história do Brasil.”
Romário prosseguiu: depois da violação das arcas, “eu quero ver se as pessoas que apareceram sorrindo na foto durante a reunião de ontem [de Dilma com Blatter] vão querer aparecer. Esse Brasil é um circo e os palhaços vocês sabem bem quem são.”
Deve-se o destampatório de Romário à composição da mesa do Planalto. Referiu-se à reunião como uma dessas “coisas que só acontecem no nosso país”. Percorreu a lista dos presentes: “O presidente da Fifa vem ao Brasil e se encontra com a presidente Dilma. Até ai perfeito!”
“Nesse encontro estão presentes Aldo Rebello, ministro dos Esportes, ok; Pelé, embaixador honorário do Brasil para a Copa do Mundo de 2014, ok; Ronaldo, conselheiro do Comitê Organizador Local (COL), ok. Só uma pergunta: qual dessas pessoas têm a ver com a Lei Geral da Copa? Nenhuma.”
Listou os ausentes: “O presidente da comissão da Lei Geral da Copa, Renan Filho [PMDB-AL], não estava lá. O relator da Lei da Copa, Vicente Cândido [PT-SP], também não. O presidente da Casa onde será votada a lei, Marco Maia [PT-RS], também não estava presente.”
Tomado pelas palavras, Romário avalia que ele próprio deveria ter recostado os cotovelos na mesa de reuniões do Planalto: “Muitos outros que têm muito a ver com a Lei Geral da Copa não estavam presentes.” Voltou a mirar a canela: “Na minha concepção de político, a política vai de mal a pior.”
De novo, foi para a galera: “O povo tem total razão de reivindicar e cobrar principalmente mais seriedade e responsabilidade das pessoas que tem autonomia para decidir coisas importantes como essa (Copa do Mundo).”
Terminado o encontro do Planalto, o ministro Aldo Rebelo levou Joseph Blatter ao encontro de um grupo de deputados. Entre eles alguns dos que Romário gostaria que tivessem participado da reunião do Planalto –o presidente da Câmara Marco Maia, por exemplo.
Rebelo, Blatter e os deputados trocaram afagos e sorrisos ao redor de espetos de picanha. A julgar por sua manifestação radioativa, Romário parece avaliar que a Lei Geral da Copa mereceria um encontro mais formal. Uma reunião em que a conversa não fosse entrecortada pela mastigação do churrasco.