Prezados ouvintes da Rádio Poema e
leitores do Blog “euacreditoemblogs”. Pela idade um pouco avançada que tenho
hoje, sempre vivida em Pitanga, e também pelo meu interesse em aspectos da
política da região, já vivi e já vi de tudo um pouco...
Lembro-me, desde sempre, que, em épocas
eleitorais, os candidatos usam de todos os argumentos para conquistarem os
votos do eleitores, alguns desses corretos em seu conteúdo e forma, outros
argumentos, nem tanto. Naqueles tempos anteriores a 1.997, ano em que foi
aprovada a reeleição para cargos majoritários, porque para o legislativo esse
instituto da reeleição é muito mais antigo, entre as muitas maneiras de
tentativa de conquista da preferência do eleitor, uma em particular me chamava
a atenção. Posso supor que, após a vigência do processo da reeleição, essas
maneiras tendam a recrudescer, aumentar, ainda mais. Explicarei o que estou falando.
Esse jeito de pedir o voto, sempre
chamou minha atenção, porque, para mim, ficava subentendido que, na melhor das
hipóteses, quem argumentava dessa forma, no mínimo não entendera muito bem, ou
não aceitava as regras do jogo democrático, o qual, logicamente, pressupõe como
condição “exigida”, ou como dizem os juristas, condição “sine qua non”, que, em
democracia, a premissa é que haja a disputa do poder.
Portanto, em uma democracia, há
candidato da situação e do poder e se deve supor que haja outros,
consequentemente, de oposição e buscando conquistar o poder. Pois bem, dentre
os vários argumentos e maneiras de pedir o voto, o que sempre me deixou
pensativo, foi um jeito em que o candidato dizia algo mais ou menos assim: -
“Votem em mim, por favor, eu não posso perder esta eleição”, “ não posso perder
de jeito nenhum” ou, às vezes, “votem em mim, senão...”, ou então, como foi uma
palavra de ordem de um determinado ex-presidente, e que, não por acaso, teve de
se afastar antes da cassação, por
improbidade administrativa, e dizia “ por favor, não me abandonem,
preciso ganhar as eleições”.
Esse tipo de argumento nunca me
convenceu, se é que dá para chamar de “argumento”, porque, na realidade, mais
parecia uma ameaça. E sempre, quando isso acontecia, o resultado era péssimo
para a população. Se esse tipo de candidato saía vitorioso, acabava por fazer
todo tipo de perseguição, abuso de poder e acabava culminando em muita
corrupção, notada por toda a população.
Ao contrário, se perdia, o que era o
mais comum, o que se via depois, era o transbordamento de muito rancor e ódio,
porque ele sempre achava que o povo todo lhe devia favor e “nunca que poderia
não reconhecer o tanto que “ele e só ele” fizera pela comunidade.
Eu pensava que, com o avançar do tempo
e da maior conscientização de todos no entendimento do que é uma democracia,
regime político que, por definição, é aquele em que o povo manda, escolhendo
quem bem lhe aprouver, pode-se constatar que esse tipo de prática ainda pode
estar presente nos dias atuais. Ainda existem candidatos que, por seu
egocentrismo, verdadeiros “narcisos”, adoradores de si próprios, na verdade,
práticas que escondem um grande teor de autoritarismo, ainda podem estar
disputando eleições por aí. E isso já existia antigamente, tempos em que nem se
falava em reeleição para cargos do executivo, posso imaginar como seria hoje,
então.
Como continuam afirmando os filósofos,
“o homem (e a mulher, também, pois falo aqui da espécie humana), é a medida de
todas as coisas”.
Mudar
a mentalidade humana não é fácil, muito especialmente para aqueles que se
embriagam do poder e não o entendem como um serviço à comunidade; ao contrário,
estes, e ainda os há, viciam nem tanto pelo poder, mas sim, pelas benesses,
riquezas, falta de crítica e coisas outras que o poder atrai.
Falando nisso, poucos dias atrás, um
fato ocorrido em Nova Iorque chamou a atenção do mundo. O Prefeito de lá, por
negligência, deixou de avisar a população e de tomar iniciativas para a
prevenção de um tornado (furacão) que se aproximava da cidade. Pois bem, em
cima da hora, ele colocou as equipes da Prefeitura de prontidão e a maior parte
atendendo a população, especialmente num dos bairros novaiorquinos que estava
no centro do furacão. Assim mesmo os moradores daquela localidade tiveram muito
prejuízo. No dia seguinte, ele fez várias chamadas por rádios e televisões,
avisando que passaria pelo local e que a prefeitura de Nova Iorque indenizaria
todas as vítimas.
No dia seguinte, lá foi ele todo feliz,
falar com os moradores. Teve uma grande surpresa. Ao invés de ser recebido com
palmas, quase foi tocado de volta pelo povo, que portava muitas faixas,
mostradas pela TV, em que diziam: “ O que adianta agora a sua indenização, se
você vai nos pagar não com o seu próprio dinheiro, mas com o da Prefeitura, que
é dinheiro nosso, dos nossos impostos!”.
Que tal que maravilha se essa moda
pega...