Para quem acessa circunstancial e raramente este blog, poderá ficar imaginando, nos dias em que vivemos, que pode (ou mesmo "deve") ter alguma vinculação entre este que escreve e algum Partido de oposição. Declaro a quem interessar possa: não há nenhum tipo de vínculo político e/ou partidário, muito menos financeiro, com quem quer que seja para tornar estas modestas linhas algo "à venda", seja ela de qualquer forma. Não há.
Ao contrário: desculpo-me perante meus poucos leitores por não estar dando conta (ainda- espero obter mais tempo para isso) de postagens mais frequentes, conforme até cheguei a prometer, mais de uma vez. O que me leva a denunciar, com base em jornalistas e órgãos de informação os melhores e mais sérios do Brasil, é a certeza, por ter participado, se bem, que superficialmente, por 16 anos desse Partido mandatário e, tão logo desiludido pela certeza obtida com alguns dirigentes do mesmo, da veracidade do "mensalão", das mortes de figurões, etc... e tal, nesta pequena cidade do Paraná, ter-me desfiliado a tempo, junto com muitas das pessoas sérias e, essas sim, de renome nacional e internacional, deixado a atuação- com muita frustração, reconheço, mas na certeza de, novamente, ter agido certo, obedecendo apenas os ditames de minha consciência.
Com esse conhecimento e experiência prévios, posso antecipar dias de muito sofrimento ao povo, aquele que paga os impostos e arca com o custo de todas as bandalheiras, como nós todos, brasileiros de bem. Basta que a economia deixe de levar o otimismo consumista da população (e oxalá isso não aconteça por esse objetivo), que o castelo de cartas iniciado por Lula, esbravejado aos 04 ventos, dispersar-se-á no instante, advindo a dura realidade.
Por fim, acho que os brasileiros corretos e honestos terão que, aos poucos, aderir a uma quase "cruzada" de esclarecimento, pelos meios de comunicação mais humildes que sejam, que atinjam, tal qual este meu Blog, nem que seja apenas sua cidade e região, para por a limpo e desmentir a série de desfaçatez e mentira a que estamos expostos. Continuando, então, do Blog do Augusto Nunes:
01/02/2012 – Blog do Augusto Nunes
Para livrar-se da entrevista sobre o assassinato de Celso Daniel, Gilberto Carvalho alega que disse tudo. Já começou a saber que ainda não disse nada
Em resposta ao convite para tratar do caso Celso Daniel numa entrevista ao site de VEJA, o ministro Gilberto Carvalho ditou ao assessor Sérgio Alli o texto que o colunista recebeu por email e transcreve em itálico:
Ao senhor Augusto Nunes.
O ministro Gilberto Carvalho já deu exaustivos e suficientes depoimentos no processo de investigação do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, de quem era amigo e secretário de governo. A Polícia Civil do Estado de São Paulo realizou e concluiu dois inquéritos a respeito desse episódio. O ministro Gilberto Carvalho, além de inúmeras entrevistas, compareceu a duas audiências da CPI dos Bingos, tendo respondido durante várias horas a todos os questionamentos dos senadores, além de realizar uma acareação com as pessoas que o acusavam, que não apresentaram nenhuma prova contra ele. O relatório dessa CPI não o indiciou.
Atenciosamente,
Sérgio Alli - Assessoria de Comunicação da Secretaria-Geral da Presidência da República
Acabo de enviar o seguinte email:
Senhor Gilberto Carvalho (a/c Sérgio Alli):
Não sei lidar com evasivas e ambiguidades. O email que acabo de receber não informa objetivamente se o ministro aceitou, ainda examina ou decidiu recusar o convite para tratar do caso Celso Daniel numa gravação para o site de VEJA. O texto subscrito por seu assessor parece sugerir que o ministro já disse tudo sobre o assunto. Garanto que não. Os depoimentos “exaustivos e suficientes” podem atér ter sido extenuantes, mas não bastaram para eliminar as numerosas dúvidas, contradições, suspeitas e sombras que impedem a elucidação do crime ocorrido há dez anos.
Uma entrevista nos termos propostos certamente contribuiria para remover interrogações que, repito, intrigam milhões de brasileiros. O tom e o conteúdo das conversas registradas nos seis áudios divulgados por esta coluna, por exemplo, obrigam-me a formular pelo menos 28 perguntas. Todas imploram por explicações que só o ministro poderia fornecer. A começar pela mais óbvia: por que um grupo formado por amigos e assessores da vítima , além da viúva, resolveu interferir tão acintosamente e com tanta afoiteza no rumo das investigações policiais, mantendo sob estreita vigilância o comportamento de testemunhas e suspeitos?
Prefiro guardar as perguntas para a entrevista, mas não custa antecipar outras duas zonas cinzentas:
1. Numa conversa com o ministro, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh se mostra inquieto com o iminente depoimento de um irmão da vítima e ressalta que é importante evitar que ele “destile ressentimentos”. Reproduzo seu comentário: “Pelo amor de Deus! Isso é fundamental!”. Por que a solicitação da ajuda divina? O que havia de “fundamental” a silenciar? Caso o depoente mentisse, a polícia seria incapaz de restabelecer a verdade?
2. Os áudios escancaram o esforço do grupo para afastar Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, do caminho percorrido pelos investigadores policiais. Também evidenciam o descontrole emocional do principal suspeito, que cobra com aspereza a solidariedade ativa dos interlocutores. Numa conversa com Klinger Luiz de Oliveira, por exemplo, Sombra faz uma exigência: “Fala com o Gilberto aí! Tem que armar alguma coisa, meu chapa!”. Armação e armar, por sinal, são palavras que aparecem com frequência nos diálogos, quase sempre associadas ao atual secretário-geral da Presidência. O que foi ou deveria ter sido armado? Em quais trunfos se amparava o possível mandante do crime para fazer tais exigências e cobranças?
Há mais, muito mais. Sobram perguntas sem resposta. Como Celso Daniel, a verdade está sepultada. Diferentemente do prefeito assassinado, contudo, pode ser ressuscitada por entrevistas semelhantes à que insisto em propor. Coragem, ministro.
Atenciosamente,
Augusto Nunes
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As mentiras do PT sobre Pinheirinho
PUBLICADO NA FOLHA DESTA QUARTA-FEIRA
Aloysio Nunes Ferreira
Em face da reintegração judicial de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, o PT montou uma fábrica de mentiras para divulgar nas próximas campanhas eleitorais. Em respeito aos leitores da Folha, eis as mentiras, seguidas da verdade:
Mentira 1: “O governo federal fez todos os esforços para buscar uma solução pacífica”.
Verdade: Desde 2004, a União nunca se manifestou no processo como parte nem solicitou o deslocamento dos autos para a Justiça Federal. Em 13 de janeiro de 2012, oito anos após a invasão, quando a reintegração já era certa, o Ministério das Cidades – logo o das Cidades, do combalido ministro Mário Negromonte – entregou às pressas à Justiça um “protocolo de intenções”. Sem assinatura, sem dinheiro, sem cronograma para reassentar famílias nem indicação de áreas, o documento, segundo a Justiça, “não dizia nada”, era uma “intenção política vaga.”
Mentira 2: “Derramou-se sangue, foi um massacre, uma barbárie, uma praça de guerra. Até crianças morreram. Esconderam cadáveres”.
Verdade: Não houve, felizmente, nenhuma morte, assim como nas 164 reintegrações feitas pela Polícia Militar em 2011. O massacre não existiu, mas o governo do PT divulgou industrialmente a calúnia. A mentira ganhou corpo quando a “Agência Brasil”, empresa federal, paga com dinheiro do contribuinte, publicou entrevista de um advogado dos invasores dando a entender que seria o porta-voz da OAB, entidade que o desautorizou. A mentira ganhou o mundo. Presente no local, sem explicar se na condição de ativista ou de servidor público, Paulo Maldos, militante petista instalado numa sinecura chamada Secretaria Nacional de Articulação Social, disse ter sido atingido por uma bala de borracha. Não fez BO nem autorizou exame de corpo de delito. Hoje, posa como ex-combatente de uma guerra que não aconteceu.
Mentira 3: “Não houve estrutura para abrigar as famílias”.
Verdade: A operação foi planejada por mais de quatro meses, a pedido da juíza. Participaram PM, membros do Conselho Tutelar, do Ministério Público, da OAB e dos bombeiros. O objetivo era garantir a integridade das pessoas e minimizar os danos. A prefeitura mobilizou mais de 600 servidores e montou oito abrigos. Os abrigos foram diariamente sabotados pelos autodenominados líderes dos sem-teto, que cortavam a água e depredavam os banheiros.
Mentira 4: “Nada foi feito em São Paulo para dar moradia aos desabrigados”.
Verdade: O governo do Estado anunciou mais 5.000 moradias populares em São José dos Campos, as quais se somarão às 2.500 construídas nos últimos anos. Também foi oferecido aluguel social de R$ 500 até que os lares definitivos fiquem prontos. Nenhuma família será deixada para trás.
Entre verdades e mentiras, é certa uma profunda diferença entre PT e PSDB no enfrentamento do drama da moradia para famílias de baixa renda. O Minha Casa, Minha Vida só vai sair do papel em São Paulo graças ao complemento de R$ 20 mil por unidade oferecido pelo governador Geraldo Alckmin às famílias de baixa renda. Sem a ajuda de São Paulo, o governo federal levaria 22 anos para atingir sua meta.
O PT flerta com grupelhos que apostam em invasões e que torcem para que a violência leve os miseráveis da terra ao paraíso. Nós, do PSDB, construímos casas. Respeitar sentença judicial é preservar o Estado de Direito. É vital que esse princípio seja defendido pelas mais altas autoridades. Inclusive pela presidente, que cometeu a ligeireza de, sem maior exame, classificar de barbárie o cumprimento de uma ordem judicial cercado de todas as cautelas que a dramaticidade da situação exigia.
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Os canalhas nos ensinam mais - 31/01/12
PUBLICADO DO ESTADÃO DESTA TERÇA-FEIRA
Arnaldo Jabor
Nunca vimos uma coisa assim. Ao menos, eu nunca vi. A herança maldita da política de sujas alianças que Lula nos deixou criou uma maré vermelha de horrores. Qualquer gaveta que se abra, qualquer tampa de lata de lixo levantada faz saltar um novo escândalo da pesada. Parece não haver mais inocentes em Brasília e nos currais do País todo. As roubalheiras não são mais segredos de gabinetes ou de cafezinhos. As chantagens são abertas, na cara, na marra, chegando ao insulto machista contra a presidente, desafiada em público. Um diz que é forte como uma pirâmide, outro que só sai a tiro, outro diz que ela não tem coragem de demiti-lo, outro que a ama, outro que a odeia. Canalhas se escandalizam se um técnico for indicado para um cargo técnico. Chego a ver nos corruptos um leve sorriso de prazer, a volúpia do mal assumido, uma ponta de orgulho por seus crimes seculares, como se zelassem por uma tradição brasileira.
Temos a impressão de que está em marcha uma clara “revolução dentro da corrupção”, um deslavado processo com o fito explícito de nos acostumar ao horror, como um fato inevitável. Parece que querem nos convencer de que nosso destino histórico é a maçaroca informe de um grande maranhão eterno. A mentira virou verdade? Diante dos vídeos e telefonemas gravados, os acusados batem no peito e berram: “É mentira!” Mas, o que é a mentira? A verdade são os crimes evidentes que a PF e a mídia descobrem ou os desmentidos dos que os cometeram? Não há mais respeito, não digo pela verdade; não há respeito nem mesmo pela mentira.
Mas, pensando bem, pode ser que esta grande onda de assaltos à Republica seja o primeiro sinal de saúde, pode ser que esta pletora de vícios seja o início de uma maior consciência critica. E isso é bom. Estamos descobrindo que temos de pensar a partir da insânia brasileira e não de um sonho de razão, de um desejo de harmonia que nunca chega.
Avante, racionalistas em pânico, honestos humilhados, esperançosos ofendidos! Esta depressão pode ser boa para nos despertar da letargia de 400 anos. O que há de bom nesta bosta toda?
Nunca nossos vícios ficaram tão explícitos! Aprendemos a dura verdade neste rio sem foz, onde as fezes se acumulam sem escoamento. Finalmente, nossa crise endêmica está em cima da mesa de dissecação, aberta ao meio como uma galinha. Vemos que o País progride de lado, como um caranguejo mole das praias nordestinas. Meu Deus, que prodigiosa fartura de novidades sórdidas estamos conhecendo, fecundas como um adubo sagrado, tão belas quanto nossas matas, cachoeiras e flores. É um esplendoroso universo de fatos, de gestos, de caras. Como mentem arrogantemente mal! Que ostentações de pureza, candor, para encobrir a impudicícia, o despudor, a mão grande nas cumbucas, os esgotos da alma.
Ai, Jesus, que emocionantes os súbitos aumentos de patrimônio, declarações de renda falsas, carrões, iates, piscinas em forma de vaginas, açougues fantasmas, cheques podres, recibos laranjas de analfabetos desdentados em fazendas imaginárias.
Que delícia, que doutorado sobre nós mesmos!… Assistimos em suspense ao dia a dia dos ladrões na caça. Como é emocionante a vida das quadrilhas políticas, seus altos e baixos – ou o triunfo da grana enfiada nas meias e cuecas ou o medo dos flagrantes que fazem o uísque cair mal no Piantella diante das evidências de crime, o medo que provoca barrigas murmurantes, diarreias secretas, flatulências fétidas no Senado, vômitos nos bigodes, galinhas mortas na encruzilhada, as brochadas em motéis, tudo compondo o panorama das obras públicas: pontes para o nada, viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, orgasmos entre empreiteiras e políticos.
Parece que existem dois Brasis: um Brasil roído por ratos políticos e um outro Brasil povoado de anjos e “puros”. E o fascinante é que são os mesmos homens. O povo está diante de um milenar problema fisiológico (ups!) – isto é, filosófico: o que é a verdade?
Se a verdade aparecesse em sua plenitude, nossas instituições cairiam ao chão. Mas, tudo está ficando tão claro, tão insuportável que temos de correr esse risco, temos de contemplar a mecânica da escrotidão, na esperança de mudar o País.
Já sabemos que a corrupção não é um “desvio” da norma, não é um pecado ou crime – é a norma mesmo, entranhada nos códigos, nas línguas, nas almas. Vivemos nossa diplomação na cultura da sacanagem.
Já sabemos muito, já nos entrou na cabeça que o Estado patrimonialista, inchado, burocrático é que nos devora a vida. Durante quatro séculos, fomos carcomidos por capitanias, labirintos, autarquias. Já sabemos que enquanto não desatracarmos os corpos públicos e privados, que enquanto não acabarem as emendas ao orçamento, as regras eleitorais vigentes, nada vai se resolver. Enquanto houver 25 mil cargos de confiança, haverá canalhas, enquanto houver Estatais com caixa-preta, haverá canalhas, enquanto houver subsídios a fundo perdido, haverá canalhas. Com esse Código Penal, com essa estrutura judiciária, nunca haverá progresso.
Já sabemos que mais de R$ 5 bilhões por ano são pilhados das escolas, hospitais, estradas. Não adianta punir meia dúzia. A cada punição, outros nascerão mais fortes, como bactérias resistentes a antigas penicilinas. Temos de desinfetar seus ninhos, suas chocadeiras.
Descobrimos que os canalhas são mais didáticos que os honestos. O canalha ensina mais. Os canalhas são a base da nacionalidade! Eles nos ensinam que a esperança tem de ser extirpada como um furúnculo maligno e que, pelo escracho, entenderemos a beleza do que poderíamos ser!
Temos tido uma psicanálise para o povo, um show de verdades pelo chorrilho de negaças, de “nuncas”, de “jamais”, de cínicos sorrisos e lágrimas de crocodilo. Nunca aprendemos tanto de cabeça para baixo. Céus, por isso é que sou otimista! Ânimo, meu povo! O Brasil está evoluindo em marcha à ré!
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxReinaldo Azevedo, em 01/02/2012
Com a ditadura na alma. Ou: Lixo moral!
As declarações de Dilma sobre os direitos humanos, feitas em Cuba, chegam a ser mais vergonhosas do que as do Apedeuta, seu antecessor. Ele, com a grossura teórica peculiar, decidiu ignorar a questão e pronto! Ela ameaçou criar uma espécie de teoria, segundo a qual todos os países, em certa medida, Brasil inclusive, têm telhado de vidro. Sim, sempre há transgressões — a situação dos presos comuns no Brasil, por exemplo, é detestável.
Mas há uma diferença considerável entre países que têm instituições em defesa das liberdades públicas e das liberdades individuais, como o Brasil — e que devem fazer um esforço cotidiano para que sejam respeitadas —, e aqueles que têm na tirania e na violência o seu modo ótimo de fazer política. Num caso, a justiça é um norte a ser perseguido; no outro, tem-se a morte da esperança.
Por que Dilma e os seus não reconhecem essa distinção? Porque têm a ditadura entranhada na alma, ora essa! Ela é presidente de um país democrático, mas pertence a uma corrente de pensamento que, a despeito de algumas dissensões internas (irrelevantes), atua cotidianamente para eliminar o adversário, para apagar o passado, para reescrever a história.
O que estou afirmando é que o norte moral da presidente, no fim das contas, continua a ser aquele vigente em Cuba, onde uma elite de iluminados decide os destinos da sociedade — condenando-a, como se sabe, ao atraso. O Brasil teve a sorte de manter essa gente longe do poder por um bom tempo. O Brasil teve o bom senso de recusar em 1989, 1994 e 1998 os métodos que o PT propunha. Quando chegou ao poder, em 2003, já estava mais domesticado, e as instituições democráticas já haviam avançado o suficiente para dificultar a tarefa de construção do partido único.
Não obstante, no 10º ano do poder petista, vemos a) as oposições com as pernas quebradas — também em razão de sua ruindade, já que não entenderam até agora como funciona o petismo; b) boa parte da imprensa ou rendida ou experimentando uma espécie de esquizofrenia, que exalta as qualidades interventoras de Dilma em seu próprio governo; c) um rebaixamento contínuo e sistemático do padrão ético na vida pública; d) o uso descarado na máquina do estado para difamar personalidades e políticos considerados incômodos; e) uso do dinheiro público para financiar as diversas formas de subjornalismo a soldo, cuja tarefa é difamar os, vejam vocês!, “inimigos do regime”; f) uso de juros subsidiados para transformar o empresariado em clientela do governo — os cordatos ganharão o leite de pata…
Trata-se do mesmo espírito ditatorial, só que exercido por outros meios — os meios possíveis num sistema ainda democrático, mas exibindo cada vez mais a musculatura de um regime ditatorial.
O que Dilma fez em Cuba? Resolveu generalizar a transgressão aos direitos humanos — seria um problema universal — para, na prática, poder endossar as práticas vigentes em Cuba. Alinhou-se com a ditadura e cuspiu em cada um dos presos políticos da ilha, que sofrem lá, de modo comprovado, as mesmas agruras que ela diz ter sofrido quando presa no Brasil. Membro então de uma organização terrorista, a detenção fez dela uma heroína; simples opositores pacíficos do governo, os que estão presos em Cuba ou são “bandidos”, como comparou o Babalorixá de Banânia, ou merecem ser evocados ao lado dos terroristas da Al Qaeda.
Querem saber? É puro lixo moral!
(outra do Reinaldo Azevedo) - CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA
Eis um editorial do Estadão que merece ser lido:
O tempo está sendo implacável com a imagem que arduamente a presidente Dilma Rousseff tenta construir para si - como fez durante a campanha eleitoral de 2010, com a inestimável colaboração de seu patrono político, o ex-presidente Lula -, de administradora capaz, tecnicamente competente e defensora da lisura e da moralidade dos atos públicos. É cada vez mais claro que tudo não passa da construção de uma personagem de feitio exclusivamente eleitoral.
As trocas de ministros no primeiro ano de mandato por suspeitas de irregularidades são a face mais visível dos malefícios de um governo baseado não na competência de seus integrantes - como seria de esperar da equipe de uma gestora eficiente dos recursos públicos -, mas em acordos de conveniência político-partidárias que levaram ao loteamento dos principais postos da administração federal. O resultado não poderia ser diferente do que revelam os fatos que vão chegando ao conhecimento do público.
A amostra mais recente dos prejuízos que essa forma de montar equipes e administrar a coisa pública pode causar ao erário é o contrato assinado em 2010 pelo Ministério do Esporte com a Fundação Instituto de Administração (FIA) para a criação de uma estatal natimorta. O caso, relatado pelos repórteres do Estado Fábio Fabrini e Iuri Dantas (30/1), espanta pelo valor gasto para que rigorosamente nada fosse feito de prático e porque o contrato não tinha nenhuma utilidade.
A FIA foi contratada para ajudar na constituição da Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016, legalmente constituída em agosto de 2010 para executar projetos ligados à Olimpíada de 2016. De acordo com o contrato, a FIA deveria “apoiar a modelagem de gestão da fase inicial de atividade da estatal”. A empresa não chegou a ser constituída formalmente - não foi inscrita no CNPJ nem teve sede, diretoria ou empregados -, pois, em agosto do ano passado, foi incluída no Programa Nacional de Desestatização, para ser liquidada. E por que, apenas um ano depois de a constituir, o governo decidiu extingui-la? Porque ela não tinha nenhuma função. Mesmo assim, a fundação contratada recebeu quase R$ 5 milhões - uma parte, aliás, paga depois de o governo ter decidido extinguir a empresa, cuja criação fora objeto do contrato com a FIA.
Em sua defesa, o Ministério do Esporte afirma que a contratação se baseou na legislação. É risível, no entanto, a alegação de que “os estudos subsidiaram decisões, sugeriram alternativas para contribuir com os debates que ocorreram nos governos federal, estadual e municipal e deram apoio aos gestores dos três entes para a tomada de decisões mais adequadas”.
Mas tem mais. Pela leitura da mesma edição do Estado em que saiu a história acima, o público fica sabendo que, de 10 contratos na área de habitação popular firmados pela União com Estados e municípios, 7 não saíram do papel. Pode-se alegar, como fez a responsável pela área de habitação do Ministério das Cidades, que alguns Estados e prefeituras não estavam tecnicamente capacitados para executar as obras ou realizar as licitações previstas nos contratos de repasse de verbas federais. Isso significa que o governo federal se comprometeu, por contrato, a transferir recursos a quem não estava em condições de utilizá-los adequadamente, o que mostra no mínimo falta de critério.
Além disso, o programa que assegurou boa parte dos votos da candidata do PT em 2010, o Minha Casa, Minha Vida, sobre o qual Dilma falou maravilhas, na Bahia, antes de partir para Cuba, praticamente não saiu do papel no ano passado, e continuará parado em 2012, se não for mudado em alguns aspectos essenciais, alertam empresários do setor de construção civil.
E muitos outros programas considerados prioritários pelo governo Dilma se arrastam. Os investimentos efetivos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), outra grande fonte de votos para Dilma em 2010, são bem inferiores aos programados, e boa parte se refere a contratos assinados em exercícios passados.
O problema não é novo. A má qualidade da gestão é marca da administração do PT. E Dilma tem tudo a ver com isso, pois desempenha papel central nessa administração desde 2003.
Por Reinaldo Azevedo
(e mais outra...)
A Soberana, agora com som e imagem, em dilmês castiço (01/02/12)
A Soberana, agora com som e imagem, em dilmês castiço (01/02/12)
Ai, ai…
Quando começo um texto assim, virá uma certo desconsolo, sabem?, aquilo a que Santo Agostinho definia como “acídia”… Abaixo, há o vídeo completo com a entrevista de Dilma Rousseff em Cuba, em que ela disse algumas enormidades. Se quiserem ver inteiro, bom proveito. Destaco algumas questões.
Link para o vídeo da entrevista de Dilma no YouTube=
Em primeiro lugar, noto que poucos dirigentes no mundo — na verdade, nenhum que eu conheça — espancam tanto a própria língua como os brasileiros. É uma coisa impressionante! Em entrevista tão curta, destaco os erros mais grosseiros da Soberana:
- “Os demais passos NÃO É da competência do governo brasileiro…”
- “Não podemos achar OS DIREITOS HUMANOS É uma pedra…”
-“ESSES PROJETOS VAI LEVAR para o Brasil, para Cuba…”
- “ESTAVA TODOS OS PRESIDENTES, todos os primeiros-ministros…”
E AS COISAS VAI POR AÍ, VOCÊS ENTENDE, PESSOAL? Lula, preguiçoso, nunca quis estudar e sempre fez praça de sua ignorância. Mas Dilma é universitária. No governo, quando ministra, era até chamada de doutora. Evo Morales trata melhor o espanhol do que Dilma, o português. Sigamos.
Na entrevista, ela explica por que o Brasil financia quase US$ 1,5 bilhão em projetos em Cuba, justifica a sua omissão no que diz respeito aos direitos humanos e, no momento mais tipicamente seu, diz, em dilmês castiço, por que enfiar dinheiro na ilha é um bom negócio pra todo mundo, também para o Brasil. Está ali, a partir de 4min46s. Transcrevo:
“Quem ganha? Ganha o Brasil por fazer uma cooperação com um país e um povo E TODA UMA ESTRUTURA INSTITUCIONAL que é visivelmente competente, capaz, na área de biotecnologia, na área de ciências médicas e com uma grande competência para todas as questões ligados (sic) à biotecnologia. Então o Brasil ganha com isso. Ganha Cuba também porque é uma parceria em que o Brasil entra tamém (sic) com seus conhecimentos nesta área, suas empresas privadas, que também implicam numa (sic) capacidade tecnológica do nosso país. E nós queremos uma parceria estratégica e duradoura. Nós estamos fazendo aqui uma parceria com essas, essas, através desses projetos, que eu acredito que vai levar para o Brasil e para Cuba um processo do desenvolvimento. Então, acredito que é isso que nós estamos fazendo aqui em Cuba. É esta contribuição.”
Voltei...
Entenderam? Não há o que entender porque essa é a língua da embromação. Pra começo de conversa, o que há de compreensível apela a uma comprovada falsidade: o suposto avanço da medicina cubana. Isso, hoje, é uma piada. Ao contrário: o país está atrasado porque não há investimento. Xucro, Chávez foi tratar seu câncer com médicos cubanos; esperto, Fernando Lugo preferiu os brasileiros do Sírio-Libanês… O Brasil está financiando na ilha um porto, a produção de alimentos e a compra de máquinas agrícolas. Com juros de pai pra filho. Podem escrever: o dinheiro vai entrar como uma doação. O que ganharão as empresas brasileiras? Bem, se forem criar unidades de produção em Cuba para explorar a mão-de-obra quase escrava e exportar, talvez role alguma grana. Uma coisa é certa: não estão de olho no mercado interno da ilha, né?, que praticamente inexiste. Vão lá porque cedem ao apelo do governo brasileiro, que lhes garantem facilidades é no Brasil mesmo.
Acho fascinante aquele trecho grifado do discurso de Dilma. Depois de falar, falar e falar sem dizer nada, saca o “então”, como se tivesse demonstrado o que pretendia demonstrar.
Ali pelos 7min23s, a presidente diz ser contra a guerra e coisa e tal e a “violência contra os movimentos sociais”. Vocês sabem muito bem a que ela estava tentando se referir: sim, à desocupação do Pinheirinho, que violenta não foi, a despeito da confusão que o governo federal tentou criar.
É uma pena que a Soberana não tenha, até agora, se interessado por um estudante que ficou cego de um olho num confronto com a PM do Piauí, estado governado pelo PSB e pelo PT, e por uma cozinheira da Bahia, que também perdeu um olho, agredida por um policial militar, no estado governado pelo companheiro Jaques Wagner.
Maria do Rosário não mandou nem para o Piauí nem para a Bahia os representantes do Conselho Nacional dos Direitos Humanos. No Piauí e na Bahia, afinal, a PM pode não saber direito por que está cegando as pessoas, mas os cidadãos sabem muito bem por que estão sendo cegados, certo? É ou não é, Soberana?
Em homenagem ao apreço de Dilma pelos direitos humanos e à sua postura firmemente contrária à violência contra os movimentos sociais, republico a imagem destes dois símbolos da truculência dos “companheiros” com o povo.
Por Reinaldo Azevedo
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxEnviado por Ricardo Noblat - 1.2.2012
Saudades de Roberto Jefferson...
Sobrou para o PTB - outra vez.
Em 2008, Guido Mantega, ministro da Fazenda do segundo governo Lula, convidou Luiz Felipe Denucci para presidir a Casa da Moeda.
O natural seria que a nomeação de Denucci se desse sob o patrocínio exclusivo do ministro da Fazenda. Autoridade para isso ele tinha de sobra.
Mas não: Mantega achou necessário procurar um partido que topasse bancar a indicação de Denucci. O partido ganharia prestígio assim. E o governo o argumento de que atendera a mais um pedido de sua base.
Havia precedentes.
José Gomes Temporão foi para o ministério da Saúde por decisão pessoal de Lula. Para fazer média com o PMDB, porém, Lula pediu ao governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, que assumisse a paternidade da escolha de Temporão.
Atento ao exemplo que vinha de cima, Mantega telefonou para o deputado Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, e propôs que pusesse Denucci na conta do PTB. Arantes aceitou.
Denucci foi demitido no último fim de semana sob a suspeita de ter cometido grossas falcatruas.
Quem só conhece uma parte da história deve estar pensando:
- Bem, feito! Quem mandou o governo ceder cargo tão relevante ao nada confiável PTB?
Curioso: o PTB se queixava de não ter seus pedidos acatados por Denucci.
Mais curioso ainda: o PMDB jogou pesado para derrubar Denucci, interessado em subtrair o cargo do PTB.
Recordar é viver: em 2005, o escândalo do mensalão foi detonado por Roberto Jefferson, na época deputado federal e presidente do PTB.
O governo tentou debitar na conta dele malfeitos descobertos na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
O troco de Jefferson foi mortal: denunciou que o PT pagava a deputados para que votassem na Câmara como mandava o governo.
Jefferson perdeu o mandato. José Dirceu perdeu a chefia da Casa Civil, o mandato de deputado e o futuro político.
O PTB carece de outro Jefferson disposto a jogar areia no ventilador.
Uma pena! Não é?
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Augusto Nunes novamente, em 02/02/2012Um estadista e duas vulgaridades políticas
Num post de 10 de março de 2010, reproduzido na seção Vale Reprise, confrontei a discurseira de Lula sobre Cuba com um artigo publicado no jornal espanhol El País por Oscar Arías, ex-presidente da Costa Rica. O que ambos diziam sobre um mesmo tema escancarou o abismo que separa um genuíno estadista de políticos vulgares. A essa categoria pertence Dilma Rousseff, confirmou visita a Havana. Comparem o palavrório indigente do neurônio solitário às lições ministradas pelo costa-riquenho premiado com o Novel da Paz. E sintam a falta que faz ao Brasil gente parecida com um Oscar Arías.
Observação: reproduzo aqui o artigo citado acima pelo Augusto Nunes, de 14/03/2010
A colisão entre um político sem grandeza e um estadista
Traídos pela indiferença ultrajante do Itamaraty, afrontados pela infame hostilidade do presidente da República, presos políticos cubanos e dissidentes em liberdade vigiada endereçaram ao presidente da Costa Rica o mesmo pedido de socorro que Lula rechaçou. Fiel à biografia admirável, Oscar Arias nem esperara pela chegada do apelo (que o colega brasileiro ainda não leu) para colocar-se ao lado das vítimas do arbítrio. Já estava em ação ─ e em ação continua.
Neste sábado, Arias escreveu sobre o tema no jornal espanhol El País. O confronto entre o falatório de Lula e trechos do artigo permite uma pedagógica comparação entre os dois chefes de governo:
LULA: “Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por fazer uma greve de fome. Vocês sabem que sou contra greve de fome porque já fiz greve de fome”.
ARIAS: “Uma greve de fome de 85 dias não foi suficiente para convencer o governo cubano de que era necessário preservar a vida de uma pessoa, acima de qualquer diferença ideológica. Não foi suficiente para induzir à compaixão um regime que se vangloria da solidariedade que, na prática, só aplica a seus simpatizantes. Nada podemos fazer agora para salvar Orlando Zapata, mas podemos erguer a voz em nome de Guillermo Fariñas Hernández, que há 17 dias está em greve de fome em Santa Clara, reivindicando a libertação de outros presos políticos, especialmente aqueles em precário estado de saúde”.
LULA: “Eu acho que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto para libertar pessoas em nome dos direitos humanos. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”.
ARIAS: “Seria perigoso se um Estado de Direito se visse obrigado a libertar todos os presos que decidirem deixar de alimentar-se. Mas esses presos cubanos não são como os outros, nem há em Cuba um Estado de Direiro. São presos políticos ou de consciência, que não cometeram nenhum delito além de opor-se a um regime”.
LULA: “Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos”.
ARIAS: “Não existem presos políticos nas democracias. Em nenhum país verdadeiramente livre alguém vai para a prisão por pensar de modo diferente. Cuba pode fazer todos os esforços retóricos para vender a ideia de que é uma “democracia especial”. Cada preso político nega essa afirmação. Cada preso político é uma prova irrefutável de autoritarismo. Todos foram julgados por um sistema de independência questionável e sofreram punições excessivas sem terem causado danos a qualquer pessoa”.
LULA: “Cada país tem o direito de decidir o que é melhor para ele”.
ARIAS: “Sempre lutei para que Cuba faça a transição para a democracia. (…) O governo de Raúl Castro tem outra oportunidade para mostrar que pode aprender a respeitar os direitos humanos, sobretudo os direitos dos opositores. Se o governo cubano libertasse os presos políticos, teria mais autoridade para reclamar respeito a seu sistema político e à sua forma de fazer as coisas”.
LULA: “Não vou dar palpites nos assuntos de outros países, principalmente um país amigo”.
ARIAS: “Estou consciente de que, ao fazer estas afirmações, eu me exponho a todo tipo de acusação. O regime cubano me acusará de imiscuir-me em assuntos internos, de violar sua soberania e, quase com certeza, de ser um lacaio do império. Sem dúvida, sou um lacaio do império: do império da razão, da compaixão e da liberdade. Não me calo quando os direitos humanos são desrespeitados. Não posso calar-me se a simples existência de um regime como o de Cuba é uma afronta à democracia. Não me calo quando seres humanos estão com a vida em jogo só por terem contestado uma causa ideológica que prescreveu há anos. Vivi o suficiente para saber que não há nada pior que ter medo de dizer a verdade”.
Oscar Arias é um chefe de Estado. Lula é chefe de uma seita com cara de bando. Arias é um pensador, conhece a História e tenta moldar um futuro mais luminoso. Lula nunca leu um livro, não sabe o que aconteceu e só pensa na próxima eleição. Arias é justo e generoso. Lula é mesquinho e oportunista. Arias se guia por princípios e valores. Lula menospreza irrelevâncias como direitos humanos, liberdade ou democracia.
O artigo do presidente da Costa Rica, um homem digno, honra o Nobel da Paz que recebeu. A discurseira do presidente brasileiro, um falastrão sem compromisso com valores morais, tornou-o tão candidato ao prêmio quanto Fidel, Chávez ou Ahmadinejad. A colisão frontal entre o que Lula disse e o que Arias escreveu escancarou a distância abissal que separaum político sem grandeza de um estadista.
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Enviado por Ricardo Noblat - em 2.2.2012
POLÍTICA
Cacoete ideológico em Cuba (Editorial), O Globo
Na primeira visita a Cuba, a presidente Dilma Rousseff foi traída pelo passado. Não se esperava que abordasse o tema dos direitos humanos em público. Mas decidiu fazê-lo, numa cerimônia no Memorial José Martí, e cometeu o grave erro de tentar relativizar os fartos e conhecidos crimes cubanos nesta área, incluindo numa infeliz pensata os delitos cometidos pelos americanos na base de Guantánamo, na ilha, uma nódoa, de fato, na História dos Estados Unidos.
Mas misturou coisas diferentes, na visível tentativa de, como é praxe em parte da esquerda brasileira, passar a mão na cabeça dos irmãos Castro. Dilma pontificou que não se deve usar direitos humanos como arma política. De fato, mas, dito isto, incorreu neste mesmo erro.
Ali, logo no início da viagem oficial, transformou-se em decepção a esperança que dissidentes tinham de que Dilma não repetiria a desastrada passagem de Lula pela ilha, no mesmo dia da morte de Orlando Zapata, um dos presos políticos de Fidel e Raúl em greve de fome. De volta ao Brasil, comparou-os a prisioneiros comuns.
O fato de o Brasil ter concedido visto à dissidente Yoani Sánchez, para ela vir ao país ao lançamento de um filme sobre a resistência em Cuba, alimentou as expectativas otimistas. Não que Dilma fosse discursar a favor dos cubanos perseguidos. Mas o silêncio em público poderia até levar a supor que o tema seria tratado em contatos privados.
— Ela agiu como Lula e não se interessou pelo povo cubano — desabafou Berta Soler, porta-voz das Damas de Branco, grupo formado por mulheres e familiares em geral de presos políticos.
Foi mais forte, infelizmente, o cacoete ideológico da extrema esquerda brasileira do final da década de 60 e início dos anos 70. Há neste grupo, marcado pela luta armada apoiada por Cuba, uma paixão cega e juvenil pelo castrismo. Não importa para eles que a ilha seja, ao lado da Coreia do Norte, o último bolsão de stalinismo medieval, quase um pleonasmo.
Contaminado, também, por antiamericanismo atávico, o cacoete levou a presidente a tentar equiparar um regime brutal com uma das mais sólidas democracias do mundo, que carrega, é verdade, a mancha de Guantánamo.
É risível tentar colocar no mesmo verbete os EUA e uma ditadura de mais de meio século, com inúmeros crimes cometidos contra os direitos humanos — fuzilamentos, greves de fome e mortes, perseguições, etc. — no currículo.
O Brasil como nação e Estado pode e deve ajudar Cuba na transição para um regime mais arejado. Com a subida de Raúl Castro, na doença do irmão, ocorrem tentativas de alguma liberação na economia, mas ainda aquém do necessário a que alguns ingredientes do livre mercado possam aumentar a produção de alimentos, para livrar os cubanos de um já histórico racionamento.
Investimentos como os em curso na infraestrutura cubana, com apoio financeiro e tecnológico brasileiro, são ações também bem-vindas.
Mas de nada adianta fingir que Cuba não continua a ser uma ditadura violenta. A relativização na leitura da História é sempre perigosa. Por meio dela termina-se até “entendendo” por que Hitler fez o que fez com judeus, ciganos, homossexuais e artistas.
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