A questão principal, sob minha visão, é não ser um país assentado no real, mas viver se achando o dono da verdade, o detentor total do "politicamente correto", isso sob o beneplácito e o incentivo de Lula para cá, com fins politiqueiros.
Necessita-se de uma CPI que, pelo menos, faça despertar a "grande maioria silenciosa" e, por ela, dar um basta ao festival da roubalheira e da gastança. Mas, esse aqui não é um país sério. O que se vê na tal da CPMI é o descaso dos envolvidos nas falcatruas ao deporem, sob a égide e o comando de alguém que parecia sério e honesto, mas que demonstrou quem era e é na verdade, quando Ministro da Justiça, com a mentirada inventada nas defesas do governo anterior.
Agora, é o mesmo que dá guarida a quadrilheiros de toda espécie, que vão à Comissão Parlamentar, fazem a pose e, com ar de escárnio e deboche, repetem que "pela constituição brasileira que lhes permite esse direito, ficarão calados".
Isso é o resultado de tanto "politicamente correto"... Salvas ao mestre Lula...
Em um país sério, e os há, o politicamente, moralmente, correto há de ser sempre a vontade, o desejo e até a obrigação de dizer a verdade, só a verdade- simples assim... Em caso de prova em contrário, faça-se justiça, penalizando cada caso, conforme o julgamento democrático, que pressupõe um Judiciário independente.
Baseado nessas premissas, pensei em deixar abaixo textos dos melhores profissionais de imprensa deste país, os quais escrevem para os melhores (e por isso, independentes) órgão de comunicação, sobre este temas, para que meus poucos leitores divirtam-se e reflitam, nas proximidades das eleições municipais, sobre rumos para um Brasil melhor.
24/05/2012 – Coluna do Augusto Nunes
Confrontado com
sucessivas evidências de que a crise econômica americana provocaria estragos no
mundo inteiro, o então presidente Lula decidiu proibi-la de entrar no
Brasil. ”Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”, gabou-se em 27 de
março de 2008. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque
não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala português,
Bush não deve ter entendido o recado do colega monoglota. Alheia ao perigo, o
alvo da ameaça já rondava as praias do Brasil quando, quase seis meses depois
do telefonema improvável, o chefe de governo voltou a tratar do assunto.
“Que crise?
Pergunte ao Bush”, recomendou em 17 de setembro a um jornalista preocupado com
os sinais de que o problema americano não pouparia o País do Carnaval. “O
Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia 21. No dia 22, a ressalva entre
vírgulas informou que o momento não era tão mágico assim: “Até agora, graças a
Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico”. Uma semana depois, a ficha
começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito
pequeno”, garantiu em 29 de setembro. Pareceu render-se no dia 30: “A crise é
tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História
mundial”.
Em 4 de outubro, o
otimista delirante voltou ao palco: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um
tsunami”, comparou. “Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem
para esquiar”. No dia 5 de outubro, achou prudente depositar o problema no colo
do Legislativo. “Queremos que esse tema da crise mundial seja levado ao
Congresso”, comunicou. No dia 8, conseguiu enxergar o tamanho do buraco.
“Ninguém está a salvo, todos os países serão atingidos pela crise”. Em 10 de
novembro de 2008, a metamorfose delirante fechou gloriosamente a procissão de
frases amalucadas. “Toda crise tem solução”, ensinou. “A única que eu pensei
que não tivesse jeito era a crise do Corinthians”.
O raquitismo das
taxas de crescimento registradas de lá para cá mostrou o que acontece a um país
governado por alguém que enfrenta com bazófias e bravatas complicações
econômicas de dimensões globais. A longevidade da crise, agora agravada pelas
quebradeiras que abalam a União Europeia, confirmou que o mundo lida com um
monstro impiedoso com populistas falastrões. Mas o Brasil não aprende, comprova
o comportamento de Dilma Rousseff. Três anos depois, a estratégia inaugurada
pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês.
Lula acordava
invocado com Bush. Em março, Dilma deixou de dormir direito por andar invocada
com um certo “tsunami monetário”. Num improviso de espantar Celso Arnaldo,
atribuiu a paternidade da criatura a “países desenvolvidos que não usam
políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e
sair da crise que estão metidos e que usam, então, despejam, literalmente,
despejam US$ 4,7 trilhões no mundo ao ampliar de forma muito, é importante que
a gente perceba isso, muito adversa, perversa para o resto dos países,
principalmente aqueles em crescimento”.
Lula recomendava
aos americanos que se mirassem no exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a
professora da Europa. “Eu acho que uma coisa importante é que os países
desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam
políticas de expansão do investimento”, ensinou em 5 de março. “Porque o
investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a demanda
externa para os nossos produtos”. No dia seguinte, concluiu a lição. “O que o
Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção
de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. Somos
uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
Lula zombava da
marolinha. Nesta semana, Dilma reiterou que com o Brasil ninguém pode. “Nós
estamos 100% preparados, 2oo% preparados, 300% preparados para enfrentar a
crise”, preveniu. No dia seguinte, as previsões sobre o crescimento do PIB em
2012 baixaram de 4,5% para menos de 3%. Como Lula em 2008, Dilma resolveu
interceptar o cortejo de índices aflitivos com outro balaio de medidas de
estímulo ao consumo. Como ficou mais fácil comprar automóveis, os
congestionamentos de trânsito ficarão ainda maiores. Os brasileiros motorizados
terão mais tempo para pensar em como pagar o que devem ao banco.
Nesta quinta-feira, reproduzidos pelo site do jornal português O Público, trechos da entrevista concedida por Lula à
documentarista Graça Castanheira comprovaram que, enquanto a afilhada cuida da
economia brasileira, o padrinho socorre os países europeus mais necessitados.
“Obama pensa nos americanos, Merkel nos alemães, cada um no seu mandato”,
descobriu o professor de tudo. “O mundo não está pensando de forma
globalizada”. Tradução: o planeta precisa de um Lula.
A performance da
dupla que gerou o Brasil Maravilha comprova que só em terra estrangeira a
História se repete como farsa. Aqui, uma farsa é reprisada há mais de nove anos
a plateias que engolem qualquer história. Oremos.
Feira Livre
25/05/2012
‘São todos
farinha do mesmo saco’, um texto do escritor Deonísio da Silva
DEONÍSIO
DA SILVA
“Ministro da Justiça, ele
conheceu por dentro o Estado do qual, conhecendo as fraquezas, agora ataca,
para ajudar um bandido a prejudicar a sociedade”.
Trava-se uma guerra sem tréguas para defesa do Judiciário e da
Imprensa, os alvos atuais dos que são farinha do mesmo saco. Os cidadãos
escolham suas armas! Não há lugar para omissão nesta luta. Quem calar, vai
consentir!
Abomino e vomito o silêncio dos intelectuais, acho um nojo isso!
Poucos escrevem manifestando a repulsa. Para cada Marco Antonio Villa, para
cada Demétrio Magnoli, para cada Roberto Romano, há centenas de blogueiros
pagos para desconstruir a candente defesa que eles fazem dos procedimentos
democráticos, que começam por garantir a livre expressão do pensamento (imprensa)
e a garantia de um julgamento justo (Judiciário)! Sete anos de tempo para
produzir a defesa e os mensaleiros agora temem o julgamento porque anteveem
condenação depois de tantas prorrogações, idas e vindas.
SÃO TODOS FARINHA DO MESMO SACO.
Esta frase, que tem o fim de desmascarar pessoas que fingem ser
o que não são, nasceu de uma metáfora que compara os homens ao trigo e seus
derivados.
A farinha de boa qualidade é posta em sacos separados para não
ser confundida com a de qualidade inferior.
Quando indivíduos falsos se arrogam em críticos severos de
outros de quem podem ser na verdade cúmplices, sócios ou amigos, surge esta
frase para dar conta de que não há diferença entre eles. Originalmente apareceu
em latim: “Homines sunt ejusdem farinae” (são homens da mesma farinha).
O famoso escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850) usa a
expressão com frequência em seus romances: “C’est sont des gens de la même
farine”, que em português foi traduzida com leve alteração.
Parabéns a Augusto Nunes pelo destaque merecido à foto. Não
apenas as palavras esclarecedoras do colunista, mas também os gestos, os
esgares, a mímica dos três (Cachoeira, Collor e o ex-ministro da JUSTIÇA (!)
dizem mais coisas.
Eu fico me perguntando se o ex-ministro aceitaria defender com a
mesma pertinácia aquelas mães e pais que num momento trágico da existência
deles, desesperados diante da fome dos filhos, entraram numa padaria ou numa
farmácia para resolver O PROBLEMA e, sem matar ou ferir ninguém, roubaram só o
que lhes possibilitasse atender os filhos naquele dia ou noite cruciais! E
foram parar na cadeia, onde a maioria deles apodrece sem socorro de ninguém, a
menos que a mídia chame a atenção para essa abominável (des)ordem social
brasileira. Por que cumprir a lei, se quem não a cumpre é tratado como rei?
As ações dos três figurantes da foto resultam em danos ao
patrimônio público. Sim, qual a procedência do dinheiro que vai pagar os
honorários do ex-ministro da Justiça? Não interessa? Aos homens de bem,
interessa, sim! Que nos desculpe o ex-ministro, mas ele precisa voltar aos
bancos escolares da USP, para o famoso Largo São Francisco, onde estudou
Direito, para a aula de Ética. Este modesto escritor e professor se oferece
para gratuitamente dar a aula magna desta volta aos bancos escolares, não para
ensinar Direito, que é matéria que desconheço, mas para dar uma aula cujo tema
seja o Sermão do Bom Ladrão, do Padre Antônio Vieira.
O tempora, o mores! Prefiro guardar na minha memória o
ex-ministro que, quando advogado, redigiu com Evandro Lins e Silva a petição
que resultou no impeachment de Collor.
Collor escolheu de aliado preferencial o Partido (aliás, é
socorro mútuo…) que um dia liderou a sua queda da presidência da República.
O ex-ministro da Justiça exerceu informalmente a função de ministro
da Justiça, muitos anos antes de ser o ministro formal do primeiro governo Lula
e por três meses do segundo, quando, depois de vitória do Collor, o PT montou
um governo paralelo.
O ex-ministro da Justiça chegará aos dois martelos, como são
conhecidos os 77 anos, no dia 30 de julho! E terá colocado sobre cada um dos
martelinhos manchas que jamais serão apagadas de sua biografia, tão bonita por
tantas décadas!
Eu o tinha por um homem de bem até há pouco tempo, mas andava
desconfiado e, chamado à atenção por muitos amigos, dos quais discordava,
dizia: “calma, gente, todos têm direito à defesa, para isso existem os
advogados”. Mas quando um ex-ministro da Justiça não se respeita, dando os
sinais que deu, por que nós devemos respeitá-lo?
23/05/2012
PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA
JOSÉ NÊUMANNE
Petrolina e, como a
cidade às margens do São Francisco, Pernambuco inteiro, pela voz de seu
governador, Eduardo Campos (do clã Alencar, do Cariri cearense), indignaram-se
com as críticas ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho,
por ter destinado 90% de todas as verbas da pasta ao seu Estado. Também a
Paraíba mobilizou suas tropas retóricas para atacar qualquer um que lembrasse a
circunstância de o novo ministro das Cidades do mesmo governo soi-disant
socialista de Dilma Rousseff, Aguinaldo Ribeiro, ser neto de Agnaldo Veloso
Borges, vilão histórico da esquerda acusado de ter mandado matar os líderes
camponeses João Pedro Teixeira e Margarida Maria Alves. Agora vem o repórter
Leonencio Nossa, da sucursal de Brasília deste jornal, lembrar que o dono da
empreiteira Delta ─ campeã de obras do Programa de Aceleração de Crescimento
(PAC) e citada nas denúncias contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira ─, Fernando
Cavendish, é bisneto do coronel Veremundo Soares, de Salgueiro.
A Salgueiro do
tempo dos coronéis tornou-se lendária pela citação num dos clássicos do
repertório de outro sertanejo de Pernambuco, Luiz Gonzaga, em sua homenagem ao
pai, o sanfoneiro Januário, do Vale do Araripe: “De Itaboca a Rancharia, de
Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior”. Hoje em dia, a região notabiliza-se
pelo comércio de carros roubados e pelas plantações de Cannabis sativa, que a
tornaram uma espécie de capital informal do “perímetro da maconha”. Assim como
as plantações de coca florescem nos sovacos dos Andes bolivianos e em outros
locais inóspitos, a “erva maldita” cresce e dá bons lucros num território que
antes era definido como “polígono das secas” e agora recebe a crua denominação
de semiárido. Neste ano, em que ocorre o mais penoso período de estiagem no Nordeste
em 30 anos, por mais que incendeie roças da matéria-prima para a droga com a
qual os viciados costumam se iniciar, a polícia não dá conta de seu avanço
sertão adentro.
A exclusão do nome
do bisneto do coronel Veremundo dos convocados a depor na CPI do bicheiro
goiano reforça as evidências históricas de que a força inesgotável das
oligarquias com poder sediado no sertão representa para a região específica e
para todo o Brasil uma praga pior do que o flagelo das secas periódicas e a
maconha perene.
Na falta de chuvas
deste ano, a situação aflitiva das populações sertanejas é amenizada pela
esmola estatal do Bolsa-Família. A famosa bravata de dom Pedro II, que prometeu
empenhar o último diamante da coroa imperial para evitar que um cearense
morresse de fome, foi assumida pela República assistencialista, que adotou o
“neocoronelismo” com cartão magnético e trocou o voto de cabresto pelo sufrágio
do guidom. Pois o jegue foi substituído pela moto, financiada a perder de
vista, mas também a perder da vida, pois o comprador é dizimado nas rodovias em
acidentes fatais e dificilmente sobrevive à própria dívida. No entanto, os
animais criados pelas famílias dos camponeses pobres são sacrificados pela
inclemência climática e pela insensibilidade do Estado ausente.
O poder do latifúndio no passado foi tema de clássicos da sociologia
brasileira, tais como Coronelismo, Enxada e Voto, de Victor Nunes Leal, Coronel, Coronéis ─ Apogeu e Declínio do Coronelismo no Nordeste, de Marcos
Vinicios Vilaça e Roberto Cavalcanti de Albuquerque, e Família e Coronelismo no Brasil ─ Uma História de Poder, de André Heráclio
do Rêgo. A “inclusão” dos costumes desse mandonismo na República petista tem
merecido um estudioso à altura desses citados expoentes da sociologia do
latifúndio, o professor Luiz Werneck Vianna, que no artigo As cidades e o sertão, publicado nesta página, esclareceu:
“Está aí a mais perfeita tradução da quasímoda articulação, no processo de
modernização capitalista do País, entre o moderno e o atraso, ilustração viva
do ensaio de José de Souza Martins A Aliança entre
Capital e Propriedade da Terra: a Aliança do Atraso (in A Política do Brasil
Lúmpen e Místico, São Paulo, Editora Contexto, 2011) e que se vem atualizando por meio
da conversão do imenso estoque de capital social, econômico e político do
latifúndio tradicional, que se processa no circuito da política e mediante
favorecimento da ação estatal, em que seus herdeiros se reciclam para o
exercício de papéis modernos. Para quem é renitente em não ver, este é o lado obscuro
do nosso presidencialismo de coalizão, via escusa em que os porões da nossa
História se maquiam e mudam para continuarem em suas posições de mando”. Ou
seja, “ou fingimos que mudamos ou eles mudam contra nós” ─ parafraseando o
príncipe de Salina, protagonista do romance O Leopardo.
O maquiavélico
conselho do cínico protagonista da obra-prima de Giuseppe Tomasi di Lampedusa
ao sobrinho Tancredi traduz a aliança entre os socialistas pragmáticos do PT e
os senhores da terra do semiárido. Não se trata de acusar o neto pelos crimes
atribuídos ao avô nem de atribuir ao bisavô os deslizes do bisneto, e sim de
reconhecer a renitente sobrevivência do semifeudalismo rural sertanejo nos
costumes políticos do Brasil contemporâneo. A transposição do Rio São Francisco,
anunciada para matar a sede dos sertanejos, não passa de truque retórico para
dar cunho social a uma obra faraônica, que custará caro ao contribuinte e
entregará a água a quem já tem a terra para irrigar. A estéril discussão sobre
os efeitos do clima no semiárido, sem consequências práticas, representa a
manutenção do domínio político e econômico dos oligarcas, confirmado por fatos.
Este ano, a
prefeitura de Campina Grande, centro universitário de alta tecnologia, será
disputada por Daniela, irmã de Aguinaldo Ribeiro e neta de Agnaldo Veloso
Borges, por Romero Rodrigues, primo do senador Cássio, parente de Zé Cunha
Lima, de Brejo de Areia, e por Tatiana Medeiros, apoiada pelo prefeito
Veneziano Vital do Rêgo Segundo, parente do célebre Chico Heráclio do Rego,
personagem-síntese do mandonismo no sertão.
Direto ao Ponto – Blog do augusto
Nunes
PUBLICADO EM 4 DE SETEMBRO DE 2010
Em julho de 2005,
foi Márcio Thomaz Bastos, então ministro da Justiça, quem aconselhou o
presidente da República e seus delinquentes de estimação a transformarem o
escândalo do mensalão numa edição revista e atualizada do velho caixa dois. Não
houve uma roubalheira de dimensões siderais, ensinou o anjo-da-guarda da
bandidagem federal. Houve apenas uma acumulação um tanto descuidada de
“recursos não-contabilizados”.
Cinco invernos
depois, foi Márcio Thomaz Bastos quem teve a ideia de transformar o estupro do
sigilo fiscal de adversários do governo — um afrontoso pontapé na Constituição
— como uma malandragem brasileiríssima, uma safadeza rotineira, generalizada e
sem nada a ver com política ou eleições. É Márcio Thomaz Bastos quem dita o que
andam declamando tanto o chefe de governo como o resto do palanque.
Quando, por
exemplo, um Guido Mantega diz que nenhum sistema é inviolável (nem o da urna
eletrônica, presume-se), pode-se ouvir com nitidez a voz do inventivo
criminalista. Quando nasce aparentemente do nada uma lista que junta dezenas de
anônimos e um punhado de figuras que nunca frequentaram comícios, é dele a mão
que a balança no berço. Se até a apresentadora Ana Maria Braga entrou na trama
do mafuá de Mauá, por que estranhar a presença na multidão de vítimas de
Verônica Serra e alguns tucanos ligados ao candidato da oposição? Crime
político, está avisando o truque, é coisa que só existe na cabeça da turma da
teoria conspiratória.
Os amigos do doutor
deveriam aproveitar a próxima festa de aniversário para ler em voz alta, na
hora de apagar as velas, o trecho do post aqui publicado em maio de 2009. Trata
de um episódio protagonizado pelo advogado Heráclito Fontoura Sobral Pinto e
pelo poeta Augusto Schmidt. E merece ser ouvido ao menos uma vez por gente que
se vale da competência profissional e da astúcia congênita para favorecer a
institucionalização da injustiça, para impedir a punição dos culpados e para
dar passagem aos inimigos do estado democrático de direito.
Sobral e Schmidt
eram amigos de muitos anos quando conversaram por telefone em 16 de outubro de
1944. Além de versos, Schmidt sabia também fazer dinheiro como editor,
intermediário de transações financeiras e ocupante de cargos públicos. Naquele
dia, foi o empresário quem ligou, para pedir ao jurista que reservasse
todo o dia 20 ao exame da documentação que lhe permitiria
representá-lo numa causa de natureza trabalhista.
Sobral informou
que, antes de aceitar o serviço, teria de verificar se o candidato a cliente
tinha razão. Advogado não é juiz, replicou Schmidt. Ouviu outra vez que o
convite só seria aceito depois do exame eliminatório. Como tudo teria
de ser feito até o dia 21, ponderou Sobral, Schmidt talvez devesse contratar
outro defensor. A conversa não deve ter terminado bem, atesta a carta
remetida pelo advogado no dia seguinte. É uma luminosa aula de Direito. E uma
irretocável lição de vida.
”O primeiro e mais
fundamental dever do advogado é ser o juiz inicial da causa que lhe levam para
patrocinar”, ensina o doutor Sobral. “Incumbe-lhe, antes de tudo, examinar
minuciosamente a hipótese para ver se ela é realmente defensável em face dos
preceitos da justiça. Só depois de que eu me convenço de que a justiça está com
a parte que me procura é que me ponho à sua disposição”. A regra vale também
para velhos amigos? Claro que sim: “Não seria a primeira vez que, procurado por
um amigo para patrocinar a causa que me trazia, tive de dizer-lhe que a justiça
não estava do seu lado, pelo que não me era lícito defender seus interesses”.
Vista por Sobral
Pinto, “a advocacia não se destina à defesa de quaisquer interesses. Não basta
a amizade ou honorários de vulto para que um advogado se sinta justificado
diante de sua consciência pelo patrocínio de uma causa. (…) O advogado não é,
assim, um técnico às ordens desta ou daquela pessoa que se dispõe a comparecer
à Justiça. (…) O advogado é, necessariamente, uma consciência escrupulosa ao
serviço tão só dos interesses da justiça, incumbindo-lhe, por isto, aconselhar
àquelas partes que o procuram a que não discutam aqueles casos nos quais não
lhes assiste nenhuma razão”.
A aula termina
com palavras que deveriam ser reproduzidas em bronze nos pórticos das
faculdades de Direito: ”É indispensável que os clientes procurem o advogado
de suas preferências como um homem de bem a quem se vai pedir conselho. (…)
Orientada neste sentido, a advocacia é, nos países moralizados, um elemento de
ordem e um dos mais eficientes instrumentos de realização do bem comum da
sociedade”.
Pelo que andam
fazendo nestes tempos estranhos, raríssimos bachareis concordam com Sobral
Pinto. Não lhes interessam atenuantes que abrandem o castigo merecido, não lhes
passa pela cabeça dar razão a quem tem. Preferem recitar que todo acusado tem
direito a um advogado — uma verdade que ninguém contesta — e imediatamente
abrir o cortejo de mentiras promovido para manter em liberdade clientes
sabidamente culpados.
No Brasil da Era
Lula, os bachareis que cobram por hora assumem sem constrangimentos o papel de
de cúmplice de bandidos irrecuperáveis. Pena que o doutor Sobral não tenha
vivido para, em mais uma carta irretocável, dizer-lhes claramente o que são.
25/05/2012
Abastecida com dinheiro proveniente da Delta Construções, a rede de
‘laranjas’ do Cachoeiragate dispunha de ramificações no Rio de Janeiro, onde
funciona a sede da empreiteira. Duas empresas de fachada registradas na cidade
receberam R$ 521 mil do esquema. Ambos têm como ‘sócios’ moradores de bairros
pobres da capital fluminense.
Deve-se a revelação aos repórteres Cássio Bruno e Maiá Menezes. Em notícia veiculada nesta sexta, a dupla traz à
luz um par de logomarcas desconhecidas: Zuk Assessoria Empresarial e Flexa
Factoring Fomento Mercantil. No papel, funcionaram entre 2008 e 2011 no mesmo
endereço, um escritório no centro do Rio. Na vida real, nunca operaram.
A despeito da inatividade, receberam dinheiro da Brava Construções, empresa
de fancaria aberta pela quadrilha de Carlinhos Cachoeira em Goiás. A Brava
encontra-se pendurada nas manchetes há semanas. Junto com a Alberto &
Pantoja, outro empreendimento ‘frio’ do bando, recebeu da Delta repasses de
notáveis R$ 39 milhões.
Pois bem. A Flexa Factoring e a Zuk Assessoria sacaram na conta da Brava
R$ 119.442,27 e R$ 401.887,04 respectivamente. Cada uma das empresas tem dois
‘sócios’. Chamam-se Cristina Lacerda de Almeida e Tatiana Correia Rodrigues as
pseudocontroladoras da Flexa.
Cristina, 41 anos, mora no bairro do Encantado, zona Norte do Rio.
Declara que jamais ouviu falar da empresa registrada em seu nome. Está sem
emprego há um ano. Mora com a mãe e quatro filhos numa casa humilde. Paga
aluguel de R$ 150 por mês. Há coisa de cinco anos, perdeu os documentos –RG e
CPF. Absteve-se de registrar o fato na delegacia.
Tatiana, 26 anos, mora numa vila do bairro do Encantado. Há três meses,
foi abalroada pelo desemprego. Há cinco, não consegue pagar o aluguel. O pai
conta que ela também perdeu os documentos há quatro anos. Recorda-se de ter
assinado papéis que não sabe para que serviram.
Na Zuk Assessoria, figuram como sócios Maria Aparecida Corrêa e Edivaldo
Ferreira Lopes. Ela, 40 anos, reside num conjunto habitacional do bairro da
Piedade. Conta que, há quatro anos, quando trabalhava numa padaria, assinou uma
procuração. Entregou-a a uma pessoa que lhe prometera um financiamento
imobiliário. O sujeito sumiu.
“Fui burra e idiota”, lamuria-se Maria Aparecida, uma auxiliar de
serviços gerais que recebe R$ 640 por mês. “Eu queria sair do aluguel e dar uma
vida melhor para a minha filha. Fui na confiança porque ele era cliente da
padaria e, depois disso, ele desapareceu.”
Edivaldo, o outro pretenso sócio da Zuk, agora reside na cidade mineira
de Leopoldina. Deixou no Rio parentes que, ouvidos, negam a participação dele
nos malfeitos da turma de Cachoeira. “Ele é ajudante de caminhão e pobre. Devem
ter usado os documentos para ele ser laranja”, disse a cunhada Germana Ramos.
Os sigilos bancário e fiscal da Flexa, da Zuk e dos respectivos ‘sócios’
foram varejados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo –aquela que fora
enviada ao procurador-geral da República Roberto Gurgel em setembro de 2009 e
permaneceu na gaveta por três anos.
Repassados à CPI, os dados encontram-se armazenados na sala-cofre
localizada no subsolo do Senado. Expostos no noticiário, tonificam uma
impressão incômoda: se quisessem, os membros da CPI teriam coisa mais
interessante para fazer do que inquirir depoentes mudos. Matéria prima não
falta. Diante da inoperância, não resta à plateia senão ter saudades do tempo
em que laranja era apenas uma fruta cítrica.
Enviado
por Ricardo Noblat - 25.5.2012
POLÍTICA
Atrasos na Copa
são preocupantes (Editorial)
O Globo
O Brasil foi escolhido em outubro de 2007, quase cinco anos
atrás, para sediar a próxima Copa do Mundo. Logo em seguida à sagração, pela
Fifa, da candidatura brasileira ouviram-se advertências sobre a necessidade de
os organismos envolvidos na organização do evento, o poder público à frente,
evitarem os erros que haviam sido cometidos ao longo da preparação do Rio para
abrigar os Jogos Pan-Americanos daquele mesmo ano.
Confirma-se agora que eram justificados os insistentes alertas,
à época rebatidos como apressadas manifestações de catastrofismo. A pouco mais
de dois anos do Mundial de 2014 (e a um do começo da Copa das Confederações,
parte do pacote da Copa) já se passou mais da metade do tempo concedido ao país
para se preparar, e muito pouco foi feito.
É cada vez mais preocupante o ritmo das obras que o país se
comprometeu a fazer para a Copa. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, minimiza
os atrasos no cronograma, mas as certezas da mais alta autoridade do governo
envolvida diretamente com o evento se assentam apenas em profissões de fé.
A realidade escanteia seu otimismo: das 101 obras do Mundial,
apenas cinco foram entregues.
Esse quase insignificante naco das intervenções previstas reúne
investimentos de R$ 200 milhões — menos de 1% dos 27 bilhões destinados para
estádios, aeroportos, portos e mobilidade urbana.
Até abril, 55 projetos ainda estavam em andamento e 41 (40%)
sequer haviam saído do papel. Os números, divulgados pela Pasta do otimista
ministro Rebelo, justificam as cobranças que a Fifa vem fazendo, com base em
análises próprias do andamento das obras no país.
Nesse gargalo confundem-se incompetência gerencial do poder
público, indícios de esperteza (de agentes envolvidos nos processos de
liberação, contratação e realização de obras) e dogmatismo militante.
No primeiro caso, fica patente que os governos envolvidos no
projeto Copa (em maior escala, o federal, fonte da maior parte dos recursos a
serem desembolsados) não estão dando conta de seus compromissos;
No segundo, suspeita-se haver, em certos casos, o mesmo
movimento verificado na preparação do Pan de 2007, de se criar embaraços para
reduzir o tempo de execução de projetos, de modo a abrir o campo para a entrada
de expedientes como a burla a legislações e revisões orçamentárias, em nome da
premência do tempo (mesmo que as obras já se beneficiem de um regime especial);
No terceiro, com empecilhos principalmente na modernização
administrativa dos aeroportos, estão as digitais do preconceito ideológico
contra a necessária privatização da gerência dos terminais.
Em relação aos estádios a preocupação parece menor. Mas, quando
entra na disputa para sediar a maior competição de futebol do planeta, o país
se compromete a arcar com os custos (financeiros e administrativos) de preparar
as cidades-sedes (intervenções urbanísticas, melhoria do sistema de
transportes, modernização dos meios de mobilidade urbana etc.) para os eventos.
Ou seja, não basta garantir o conforto dos torcedores dentro das
praças esportivas, mas assegurar-lhes facilidades (de locomoção, hospedagem e
alfandegárias) para chegarem até os locais dos jogos — e nisso vamos mal.
O otimismo do ministro dos Esportes o leva a criticar o
preconceito com “obras no papel”. A questão, no entanto, é outra: trata-se de
determinar com que velocidade elas sairão das pranchetas.
25/05/2012
O racha do PT de Pernambuco – Como sempre acontece no
partido, para chegar às causas, siga o lixo!
A
direção nacional do PT anulou as prévias do partido feitas para decidir quem
será o candidato à Prefeitura de Recife. O atual prefeito, João da Costa,
venceu Maurício Rands, que acusa irregularidades na composição do colégio
eleitoral (ler posts abaixo). O comando do PT nega que tenha havido fraude, mas
cancelou o processo mesmo assim, o que é fabuloso.
Quem
encostar o peito no coração do PT de Recife vai entender direitinho o PT
nacional. De cabo a rabo. O ex-prefeito por dois mandatos João Paulo fez o seu
sucessor em 2008, João da Costa, contra a vontade de lideranças graúdas do
estado — o atual senador Humberto Costa entre eles. Poucos meses depois,
criador e criatura estavam rompidos. Na origem, como é frequente no PT desde os
primórdios, estava uma empresa de coleta de lixo. É incrível como petismo e
lixo costumam se estreitar num abraço insano.
Quando
Costa assumiu, o contrato com a empresa Qualix, que fazia o serviço desde 1985,
estava vencendo. Ele prorrogou emergencialmente o contrato para ter tempo
de fazer nova licitação. O problema, e aí a convivência com o ex começou a
desandar, é que resolveu dar uma xeretada nos valores. O que circulou nos meios
políticos da cidade é que não gostou muito do que viu. Havia o que poderia se
chamar, como direi?, sobrepreço… Depois de um barafunda legal, a coleta
terminou com a Queiroz Galvão. A partir daí, a cúpula do PT — João Paulo, o
antecessor; Humberto Costa e Maurício Rands — começa o trabalho
sistemático de desestabilização do “companheiro”.
De
fato, a popularidade de João da Costa não anda lá essas coisas. Não é
exatamente o preferido do governador Eduardo Campos (PSB) e enfrenta a oposição
interna aberta dos petistas graúdos, embora todos eles tenham aliados e
cupinchas pendurados na Prefeitura. Há até rancores que nascem de assuntos mais
subalternos, como a negativa do prefeito de demitir uma certa funcionária que
havia sido contratada em razão de talentos extracurriculares de que desfrutava
um figurão do partido. Quando o casal rompeu, o gajo pediu a cabeça da moça. O
prefeito não entregou. Por que não dou nomes? Porque sei que é verdade, mas não
posso provar. Por que conto mesmo assim? Porque envolve dinheiro público.
Sigamos.
É
evidente que João da Costa tinha o direito natural de disputar a reeleição, a
exemplo do que acontece com todos os que estão em primeiro mandato. A
justificativa oficial para haver a troca é a sua impopularidade, que não é
maior do que era a de João Paulo ao fim do primeiro mandato, e ninguém tentou
defenestrá-lo por isso. A briga, que começou no lixo, se estendeu a outros
interesses envolvendo os grupos petistas na cidade.
Rands
ganhou uma pasta no governo de Eduardo Campos, que não esconde a simpatia por
seu nome e dá a entender que a frente que mantém com o PT pode se desfazer na
cidade caso o candidato seja mesmo João da Costa. Rands tentou impugnar alguns
delegados na votação das prévias, que obtiveram na Justiça o direito de votar.
Ele acusa, então, o adversário interno de ter “judicializado” a disputa,
atropelando a instância partidária. Vocês sabem, né? Para o PT, o partido está
acima do Poder Judiciário…
Então
se chegou a esta situação esdrúxula: queimado desde sempre muito cedo com os
caciques do partido em razão do… lixo!, João da Costa passou a ser hostilizado.
Tentaram convencê-lo a desistir da disputa e entregar de mão beijada da vaga a
Rands, candidato da cúpula do PT de Pernambuco, do PT Nacional e de Campos. Ele
se negou a ir para o sacrifício e decidiu disputar as prévias. Venceu. A
direção do PT nega que tenha havido fraude, mas cancelou o processo mesmo
assim. Se for legal, cancelou por quê?
Desde
as primeiras administrações municipais petistas, uma pista continua válida para
chegar ao coração do partido: siga o lixo!
PS:
No debate das prévias, sobrou baixaria para todo lado. A única coisa que os
petistas deixaram de debater foram os problemas de Recife.
Por Reinaldo Azevedo
25/05/2012
Lula, ora vejam, deixa claro ser ele o único líder do mundo
mundial. E isso é pouco!!!
As
palavras fazem sentido, certo? Mesmo quando, na boca de Lula, não fazem o
mínimo sentido — em outro sentido, se é que me entendem. Não? Leiam o que
informa o Estadão Online. Explico em seguida:
Por
Elizabeth Lopes:
Em meio ao acirramento da crise econômica europeia, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva revela preocupação com a ausência de liderança hoje no mundo.
“(Barack) Obama (presidente dos EUA) pensa nos americanos, (Angela) Merkel
(chanceler alemã) nos alemães, cada um no seu mandato. O mundo não está pensando
de forma globalizada”, advertiu o petista, em entrevista exclusiva, concedida
nesta semana, à documentarista portuguesa Graça Castanheira e reproduzida nesta
quinta-feira, 24, no site do jornal português O Público.
Na
entrevista, Lula diz que “o pobre do povo grego” está pagando para bancos
franceses e alemães e que a Europa não pode destruir a União Europeia. E
destacou o fato de os países europeus terem ficado muito na dependência da
Alemanha, que teve importância nessa unificação, “mas também foi a grande
ganhadora desse mercado porque 70% de suas exportações são para a Europa”. Na
sua avaliação, a crise da Grécia poderia ter sido resolvida há um ano “com
poucos bilhões”. E frisou: “Eu gosto de fazer política. Temos de trabalhar para
interferir na política mundial.”
Lula
falou da China, que tem um papel importante, mas não pode viver uma crise, e
dos Estados Unidos, que têm um papel igualmente importante, “só não podem é
achar que fazem com o dólar o que querem”. E alfinetou: “O mundo fica à
disposição do tesouro americano. Não é justo que a gente dependa do dólar.” Não
faltou crítica também ao FMI: “O FMI é muito bom quando a crise é na Bolívia,
mas quando a crise é nos EUA, o FMI não vale nada.”
Apesar
de estar se recuperando do tratamento de combate a um câncer na laringe, Lula
diz que não consegue descansar mais do que três dias seguidos: “Faz parte da
minha genética, sempre fui habituado a trabalhar.” E falou do seu compromisso
moral com o continente africano. “Não é possível que o século XXI não seja o
século do continente africano e da América Latina.”
(…)
Voltei
Se tiverem paciência, leiam o resto. Eu disse que as palavras fazem sentido,
certo? Lula estabelece um silogismo muito cultivado num país chamado
Lulolândia, de que Lula é monarca, que tem como religião o culto ao deus Lula e
como herói nacional um vulto histórico chamado Lula. E que silogismo é esse?
Um
líder mundial precisa pensar em todo o mundo.
Obama só pensa nos Estados Unidos.
Logo, Obama não é líder mundial.
Dá
para variar.
Um
líder mundial precisa pensar em todo o mundo.
Merkel só pensa na Alemanha.
Logo, Merkel não é líder mundial.
Há
a variação que está na raiz de todas as outras possibilidades:
Um
líder mundial precisa pensar em todo o mundo.
Lula pensa em todo o mundo.
Logo, Lula é um líder mundial.
Mas
ainda não é perfeito porque outros também poderiam se dedicar a esse exercício
modesto. Então falta complementar a constatação aí com uma sentença: Lula é o
único líder que pensa no mundo inteiro, o que faz dele o único líder verdadeiramente
mundial.
Começou
como diretor de sindicato. Era pouco.
Atropelou companheiros para presidir o sindicato. Era pouco.
Criou um partido. Era pouco.
Foi eleito presidente da República. Era pouco.
Quer-se agora o único líder mundial. E isso é pouco.
Lula ainda vai depor o Altíssimo.
Na
entrevista, ele diz que trabalhar faz parte da sua genética.
Lula
não tem culpa se nem todo mundo tem o seu senso de humor.
Por Reinaldo Azevedo