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Pitanga, Pr, Brazil
Educação Formal Universitária: 2 Cursos (em áreas distintas); 2 Especializações; 1 Mestrado.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Reflexão de fim de semana...

                                          O Brasil é um país complicado, sob vários aspectos, e que, assume a tendência de arrumar muitas complicações bem maiores num futuro próximo. 
                                          A questão principal, sob minha visão, é não ser um país assentado no real, mas viver se achando o dono da verdade, o detentor total do "politicamente correto", isso sob o beneplácito e o incentivo de Lula para cá, com fins politiqueiros.
                                           Necessita-se de uma CPI que, pelo menos, faça despertar a "grande maioria silenciosa" e, por ela, dar um basta ao festival da roubalheira e da gastança. Mas, esse aqui não é um país sério. O que se vê na tal da CPMI é o descaso dos envolvidos nas falcatruas ao deporem, sob a égide e o comando de alguém que parecia sério e honesto, mas que demonstrou quem era e é na verdade, quando Ministro da Justiça, com a mentirada inventada nas defesas do governo anterior.
                                                 Agora, é o mesmo que dá guarida a quadrilheiros de toda espécie, que vão à Comissão Parlamentar, fazem a pose e, com ar de escárnio e deboche, repetem que "pela constituição brasileira que lhes permite esse direito, ficarão calados".
                                              Isso é o resultado de tanto "politicamente correto"... Salvas ao mestre Lula...
                                         Em um país sério, e os há, o politicamente, moralmente, correto há de ser sempre a vontade, o desejo e até a obrigação de dizer a verdade, só a verdade- simples assim... Em caso de prova em contrário, faça-se justiça, penalizando cada caso, conforme o julgamento democrático, que pressupõe um Judiciário independente.
                                                    Baseado nessas premissas, pensei em deixar abaixo textos dos melhores profissionais de imprensa deste país, os quais escrevem para os melhores (e por isso, independentes) órgão de comunicação, sobre este temas, para que meus poucos leitores divirtam-se e reflitam, nas proximidades das eleições municipais, sobre rumos para um Brasil melhor.

                                                     
24/05/2012 – Coluna do Augusto Nunes
                                
                                   Confrontado com sucessivas evidências de que a crise econômica americana provocaria estragos no mundo inteiro, o então presidente Lula decidiu proibi-la de entrar no Brasil. ”Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”, gabou-se em 27 de março de 2008. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala português, Bush não deve ter entendido o recado do colega monoglota. Alheia ao perigo, o alvo da ameaça já rondava as praias do Brasil quando, quase seis meses depois do telefonema improvável, o chefe de governo voltou a tratar do assunto.
                                   “Que crise? Pergunte ao Bush”, recomendou em 17 de setembro a um jornalista preocupado com os sinais de que o problema americano não pouparia o País do Carnaval. “O Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia 21. No dia 22, a ressalva entre vírgulas informou que o momento não era tão mágico assim: “Até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico”. Uma semana depois, a ficha começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno”, garantiu em 29 de setembro. Pareceu render-se no dia 30: “A crise é tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial”.
                             Em 4 de outubro, o otimista delirante voltou ao palco: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um tsunami”, comparou. “Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”. No dia 5 de outubro, achou prudente depositar o problema no colo do Legislativo. “Queremos que esse tema da crise mundial seja levado ao Congresso”, comunicou. No dia 8, conseguiu enxergar o tamanho do buraco. “Ninguém está a salvo, todos os países serão atingidos pela crise”. Em 10 de novembro de 2008, a metamorfose delirante fechou gloriosamente a procissão de frases amalucadas. “Toda crise tem solução”, ensinou. “A única que eu pensei que não tivesse jeito era a crise do Corinthians”.          
                         O raquitismo das taxas de crescimento registradas de lá para cá mostrou o que acontece a um país governado por alguém que enfrenta com bazófias e bravatas complicações econômicas de dimensões globais. A longevidade da crise, agora agravada pelas quebradeiras que abalam a União Europeia, confirmou que o mundo lida com um monstro impiedoso com populistas falastrões. Mas o Brasil não aprende, comprova o comportamento de Dilma Rousseff. Três anos depois, a estratégia inaugurada pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês.
                          Lula acordava invocado com Bush. Em março, Dilma deixou de dormir direito por andar invocada com um certo “tsunami monetário”. Num improviso de espantar Celso Arnaldo, atribuiu a paternidade da criatura a “países desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, então, despejam, literalmente, despejam US$ 4,7 trilhões no mundo ao ampliar de forma muito, é importante que a gente perceba isso, muito adversa, perversa para o resto dos países, principalmente aqueles em crescimento”.
                               Lula recomendava aos americanos que se mirassem no exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a professora da Europa. “Eu acho que uma coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento”, ensinou em 5 de março. “Porque o investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a demanda externa para os nossos produtos”. No dia seguinte, concluiu a lição. “O que o Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
                             Lula zombava da marolinha. Nesta semana, Dilma reiterou que com o Brasil ninguém pode. “Nós estamos 100% preparados, 2oo% preparados, 300% preparados para enfrentar a crise”, preveniu. No dia seguinte, as previsões sobre o crescimento do PIB em 2012 baixaram de 4,5% para menos de 3%. Como Lula em 2008, Dilma resolveu interceptar o cortejo de índices aflitivos com outro balaio de medidas de estímulo ao consumo. Como ficou mais fácil comprar automóveis, os congestionamentos de trânsito ficarão ainda maiores. Os brasileiros motorizados terão mais tempo para pensar em como pagar o que devem ao banco.
                         Nesta quinta-feira, reproduzidos pelo site do jornal português O Público, trechos da entrevista concedida por Lula à documentarista Graça Castanheira comprovaram que, enquanto a afilhada cuida da economia brasileira, o padrinho socorre os países europeus mais necessitados. “Obama  pensa nos americanos, Merkel nos alemães, cada um no seu mandato”, descobriu o professor de tudo. “O mundo não está pensando de forma globalizada”. Tradução: o planeta precisa de um Lula.
                    A performance da dupla que gerou o Brasil Maravilha comprova que só em terra estrangeira a História se repete como farsa. Aqui, uma farsa é reprisada há mais de nove anos a plateias que engolem qualquer história. Oremos.

         Feira Livre
25/05/2012

‘São todos farinha do mesmo saco’, um texto do escritor Deonísio da Silva






                   DEONÍSIO DA SILVA
“Ministro da Justiça, ele conheceu por dentro o Estado do qual, conhecendo as fraquezas, agora ataca, para ajudar um bandido a prejudicar a sociedade”.
                                         Trava-se uma guerra sem tréguas para defesa do Judiciário e da Imprensa, os alvos atuais dos que são farinha do mesmo saco. Os cidadãos escolham suas armas! Não há lugar para omissão nesta luta. Quem calar, vai consentir!
                                 Abomino e vomito o silêncio dos intelectuais, acho um nojo isso! Poucos escrevem manifestando a repulsa. Para cada Marco Antonio Villa, para cada Demétrio Magnoli, para cada Roberto Romano, há centenas de blogueiros pagos para desconstruir a candente defesa que eles fazem dos procedimentos democráticos, que começam por garantir a livre expressão do pensamento (imprensa) e a garantia de um julgamento justo (Judiciário)! Sete anos de tempo para produzir a defesa e os mensaleiros agora temem o julgamento porque anteveem condenação depois de tantas prorrogações, idas e vindas.
               SÃO TODOS FARINHA DO MESMO SACO.
                                    Esta frase, que tem o fim de desmascarar pessoas que fingem ser o que não são, nasceu de uma metáfora que compara os homens ao trigo e seus derivados.
                                 A farinha de boa qualidade é posta em sacos separados para não ser confundida com a de qualidade inferior.
                               Quando indivíduos falsos se arrogam em críticos severos de outros de quem podem ser na verdade cúmplices, sócios ou amigos, surge esta frase para dar conta de que não há diferença entre eles. Originalmente apareceu em latim: “Homines sunt ejusdem farinae” (são homens da mesma farinha).
                                     O famoso escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850) usa a expressão com frequência em seus romances: “C’est sont des gens de la même farine”, que em português foi traduzida com leve alteração.
                              Parabéns a Augusto Nunes pelo destaque merecido à foto. Não apenas as palavras esclarecedoras do colunista, mas também os gestos, os esgares, a mímica dos três (Cachoeira, Collor e o ex-ministro da JUSTIÇA (!) dizem mais coisas.
                              Eu fico me perguntando se o ex-ministro aceitaria defender com a mesma pertinácia aquelas mães e pais que num momento trágico da existência deles, desesperados diante da fome dos filhos, entraram numa padaria ou numa farmácia para resolver O PROBLEMA e, sem matar ou ferir ninguém, roubaram só o que lhes possibilitasse atender os filhos naquele dia ou noite cruciais! E foram parar na cadeia, onde a maioria deles apodrece sem socorro de ninguém, a menos que a mídia chame a atenção para essa abominável (des)ordem social brasileira. Por que cumprir a lei, se quem não a cumpre é tratado como rei?
                                 As ações dos três figurantes da foto resultam em danos ao patrimônio público. Sim, qual a procedência do dinheiro que vai pagar os honorários do ex-ministro da Justiça? Não interessa? Aos homens de bem, interessa, sim! Que nos desculpe o ex-ministro, mas ele precisa voltar aos bancos escolares da USP, para o famoso Largo São Francisco, onde estudou Direito, para a aula de Ética. Este modesto escritor e professor se oferece para gratuitamente dar a aula magna desta volta aos bancos escolares, não para ensinar Direito, que é matéria que desconheço, mas para dar uma aula cujo tema seja o Sermão do Bom Ladrão, do Padre Antônio Vieira.
                                   O tempora, o mores! Prefiro guardar na minha memória o ex-ministro que, quando advogado, redigiu com Evandro Lins e Silva a petição que resultou no impeachment de Collor.
                                   Collor escolheu de aliado preferencial o Partido (aliás, é socorro mútuo…) que um dia liderou a sua queda da presidência da República.
                               O ex-ministro da Justiça exerceu informalmente a função de ministro da Justiça, muitos anos antes de ser o ministro formal do primeiro governo Lula e por três meses                                                                   do segundo, quando, depois de vitória do Collor, o PT montou um governo paralelo.
                                    O ex-ministro da Justiça chegará aos dois martelos, como são conhecidos os 77 anos, no dia 30 de julho! E terá colocado sobre cada um dos martelinhos manchas que jamais serão apagadas de sua biografia, tão bonita por tantas décadas!
                                   Eu o tinha por um homem de bem até há pouco tempo, mas andava desconfiado e, chamado à atenção por muitos amigos, dos quais discordava, dizia: “calma, gente, todos têm direito à defesa, para isso existem os advogados”. Mas quando um ex-ministro da Justiça não se respeita, dando os sinais que deu, por que nós devemos respeitá-lo?

23/05/2012

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA
JOSÉ NÊUMANNE
                                                  Petrolina e, como a cidade às margens do São Francisco, Pernambuco inteiro, pela voz de seu governador, Eduardo Campos (do clã Alencar, do Cariri cearense), indignaram-se com as críticas ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, por ter destinado 90% de todas as verbas da pasta ao seu Estado. Também a Paraíba mobilizou suas tropas retóricas para atacar qualquer um que lembrasse a circunstância de o novo ministro das Cidades do mesmo governo soi-disant socialista de Dilma Rousseff, Aguinaldo Ribeiro, ser neto de Agnaldo Veloso Borges, vilão histórico da esquerda acusado de ter mandado matar os líderes camponeses João Pedro Teixeira e Margarida Maria Alves. Agora vem o repórter Leonencio Nossa, da sucursal de Brasília deste jornal, lembrar que o dono da empreiteira Delta ─ campeã de obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e citada nas denúncias contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira ─, Fernando Cavendish, é bisneto do coronel Veremundo Soares, de Salgueiro.
                                               A Salgueiro do tempo dos coronéis tornou-se lendária pela citação num dos clássicos do repertório de outro sertanejo de Pernambuco, Luiz Gonzaga, em sua homenagem ao pai, o sanfoneiro Januário, do Vale do Araripe: “De Itaboca a Rancharia, de Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior”. Hoje em dia, a região notabiliza-se pelo comércio de carros roubados e pelas plantações de Cannabis sativa, que a tornaram uma espécie de capital informal do “perímetro da maconha”. Assim como as plantações de coca florescem nos sovacos dos Andes bolivianos e em outros locais inóspitos, a “erva maldita” cresce e dá bons lucros num território que antes era definido como “polígono das secas” e agora recebe a crua denominação de semiárido. Neste ano, em que ocorre o mais penoso período de estiagem no Nordeste em 30 anos, por mais que incendeie roças da matéria-prima para a droga com a qual os viciados costumam se iniciar, a polícia não dá conta de seu avanço sertão adentro.
                                               A exclusão do nome do bisneto do coronel Veremundo dos convocados a depor na CPI do bicheiro goiano reforça as evidências históricas de que a força inesgotável das oligarquias com poder sediado no sertão representa para a região específica e para todo o Brasil uma praga pior do que o flagelo das secas periódicas e a maconha perene.
                                             Na falta de chuvas deste ano, a situação aflitiva das populações sertanejas é amenizada pela esmola estatal do Bolsa-Família. A famosa bravata de dom Pedro II, que prometeu empenhar o último diamante da coroa imperial para evitar que um cearense morresse de fome, foi assumida pela República assistencialista, que adotou o “neocoronelismo” com cartão magnético e trocou o voto de cabresto pelo sufrágio do guidom. Pois o jegue foi substituído pela moto, financiada a perder de vista, mas também a perder da vida, pois o comprador é dizimado nas rodovias em acidentes fatais e dificilmente sobrevive à própria dívida. No entanto, os animais criados pelas famílias dos camponeses pobres são sacrificados pela inclemência climática e pela insensibilidade do Estado ausente.
                                                      O poder do latifúndio no passado foi tema de clássicos da sociologia brasileira, tais como Coronelismo, Enxada e Voto, de Victor Nunes Leal, Coronel, Coronéis ─ Apogeu e Declínio do Coronelismo no Nordeste, de Marcos Vinicios Vilaça e Roberto Cavalcanti de Albuquerque, e Família e Coronelismo no Brasil ─ Uma História de Poder, de André Heráclio do Rêgo. A “inclusão” dos costumes desse mandonismo na República petista tem merecido um estudioso à altura desses citados expoentes da sociologia do latifúndio, o professor Luiz Werneck Vianna, que no artigo As cidades e o sertão, publicado nesta página, esclareceu: “Está aí a mais perfeita tradução da quasímoda articulação, no processo de modernização capitalista do País, entre o moderno e o atraso, ilustração viva do ensaio de José de Souza Martins A Aliança entre Capital e Propriedade da Terra: a Aliança do Atraso (in A Política do Brasil Lúmpen e Místico, São Paulo, Editora Contexto, 2011) e que se vem atualizando por meio da conversão do imenso estoque de capital social, econômico e político do latifúndio tradicional, que se processa no circuito da política e mediante favorecimento da ação estatal, em que seus herdeiros se reciclam para o exercício de papéis modernos. Para quem é renitente em não ver, este é o lado obscuro do nosso presidencialismo de coalizão, via escusa em que os porões da nossa História se maquiam e mudam para continuarem em suas posições de mando”. Ou seja, “ou fingimos que mudamos ou eles mudam contra nós” ─ parafraseando o príncipe de Salina, protagonista do romance O Leopardo.
                                           O maquiavélico conselho do cínico protagonista da obra-prima de Giuseppe Tomasi di Lampedusa ao sobrinho Tancredi traduz a aliança entre os socialistas pragmáticos do PT e os senhores da terra do semiárido. Não se trata de acusar o neto pelos crimes atribuídos ao avô nem de atribuir ao bisavô os deslizes do bisneto, e sim de reconhecer a renitente sobrevivência do semifeudalismo rural sertanejo nos costumes políticos do Brasil contemporâneo. A transposição do Rio São Francisco, anunciada para matar a sede dos sertanejos, não passa de truque retórico para dar cunho social a uma obra faraônica, que custará caro ao contribuinte e entregará a água a quem já tem a terra para irrigar. A estéril discussão sobre os efeitos do clima no semiárido, sem consequências práticas, representa a manutenção do domínio político e econômico dos oligarcas, confirmado por fatos.
                                                  Este ano, a prefeitura de Campina Grande, centro universitário de alta tecnologia, será disputada por Daniela, irmã de Aguinaldo Ribeiro e neta de Agnaldo Veloso Borges, por Romero Rodrigues, primo do senador Cássio, parente de Zé Cunha Lima, de Brejo de Areia, e por Tatiana Medeiros, apoiada pelo prefeito Veneziano Vital do Rêgo Segundo, parente do célebre Chico Heráclio do Rego, personagem-síntese do mandonismo no sertão.

Direto ao Ponto – Blog do augusto Nunes

PUBLICADO EM 4 DE SETEMBRO DE 2010

                                               Em julho de 2005, foi Márcio Thomaz Bastos, então ministro da Justiça, quem aconselhou o presidente da República e seus delinquentes de estimação a transformarem o escândalo do mensalão numa edição revista e atualizada do velho caixa dois. Não houve uma roubalheira de dimensões siderais, ensinou o anjo-da-guarda da bandidagem federal. Houve apenas uma acumulação um tanto descuidada de “recursos não-contabilizados”.
                                                   Cinco invernos depois, foi Márcio Thomaz Bastos quem teve a ideia de transformar o estupro do sigilo fiscal de adversários do governo — um afrontoso pontapé na Constituição — como uma malandragem brasileiríssima, uma safadeza rotineira, generalizada e sem nada a ver com política ou eleições. É Márcio Thomaz Bastos quem dita o que andam declamando tanto o chefe de governo como o resto do palanque.
                                                         Quando, por exemplo, um Guido Mantega diz que nenhum sistema é inviolável (nem o da urna eletrônica, presume-se), pode-se ouvir com nitidez a voz do inventivo criminalista. Quando nasce aparentemente do nada uma lista que junta dezenas de anônimos e um punhado de figuras que nunca frequentaram comícios, é dele a mão que a balança no berço. Se até a apresentadora Ana Maria Braga entrou na trama do mafuá de Mauá, por que estranhar a presença na multidão de vítimas de Verônica Serra e alguns tucanos ligados ao candidato da oposição? Crime político, está avisando o truque, é coisa que só existe na cabeça da turma da teoria conspiratória.
                                                Os amigos do doutor deveriam aproveitar a próxima festa de aniversário para ler em voz alta, na hora de apagar as velas, o trecho do post aqui publicado em maio de 2009. Trata de um episódio protagonizado pelo advogado Heráclito Fontoura Sobral Pinto e pelo poeta Augusto Schmidt. E merece ser ouvido ao menos uma vez por gente que se vale da competência profissional e da astúcia congênita para favorecer a institucionalização da injustiça, para impedir a punição dos culpados e para dar passagem aos inimigos do estado democrático de direito.
                                         Sobral e Schmidt eram amigos de muitos anos quando conversaram por telefone em 16 de outubro de 1944. Além de versos, Schmidt sabia também fazer dinheiro como editor, intermediário de transações financeiras e ocupante de cargos públicos. Naquele dia, foi o empresário quem ligou, para pedir ao jurista que reservasse todo o dia 20 ao exame da documentação que lhe permitiria representá-lo numa causa de natureza trabalhista.
                                                 Sobral informou que, antes de aceitar o serviço, teria de verificar se o candidato a cliente tinha razão. Advogado não é juiz, replicou Schmidt. Ouviu outra vez que o convite só seria aceito depois do exame eliminatório. Como tudo teria de ser feito até o dia 21, ponderou Sobral, Schmidt talvez devesse contratar outro defensor. A conversa não deve ter terminado bem, atesta a carta remetida pelo advogado no dia seguinte. É uma luminosa aula de Direito. E uma irretocável lição de vida.
                                                    ”O primeiro e mais fundamental dever do advogado é ser o juiz inicial da causa que lhe levam para patrocinar”, ensina o doutor Sobral. “Incumbe-lhe, antes de tudo, examinar minuciosamente a hipótese para ver se ela é realmente defensável em face dos preceitos da justiça. Só depois de que eu me convenço de que a justiça está com a parte que me procura é que me ponho à sua disposição”. A regra vale também para velhos amigos? Claro que sim: “Não seria a primeira vez que, procurado por um amigo para patrocinar a causa que me trazia, tive de dizer-lhe que a justiça não estava do seu lado, pelo que não me era lícito defender seus interesses”.
                                             Vista por Sobral Pinto, “a advocacia não se destina à defesa de quaisquer interesses. Não basta a amizade ou honorários de vulto para que um advogado se sinta justificado diante de sua consciência pelo patrocínio de uma causa. (…) O advogado não é, assim, um técnico às ordens desta ou daquela pessoa que se dispõe a comparecer à Justiça. (…) O advogado é, necessariamente, uma consciência escrupulosa ao serviço tão só dos interesses da justiça, incumbindo-lhe, por isto, aconselhar àquelas partes que o procuram a que não discutam aqueles casos nos quais não lhes assiste nenhuma razão”.
                                               A aula termina com palavras que deveriam ser reproduzidas em bronze nos pórticos das faculdades de Direito:  ”É indispensável que os clientes procurem o advogado de suas preferências como um homem de bem a quem se vai pedir conselho. (…) Orientada neste sentido, a advocacia é, nos países moralizados, um elemento de ordem e um dos mais eficientes instrumentos de realização do bem comum da sociedade”.
                                                Pelo que andam fazendo nestes tempos estranhos, raríssimos bachareis concordam com Sobral Pinto. Não lhes interessam atenuantes que abrandem o castigo merecido, não lhes passa pela cabeça dar razão a quem tem. Preferem recitar que todo acusado tem direito a um advogado — uma verdade que ninguém contesta — e imediatamente abrir o cortejo de mentiras promovido para manter em liberdade clientes sabidamente culpados.
No Brasil da Era Lula, os bachareis que cobram por hora assumem sem constrangimentos o papel de de cúmplice de bandidos irrecuperáveis. Pena que o doutor Sobral não tenha vivido para, em mais uma carta irretocável, dizer-lhes claramente o que são.

25/05/2012 



                   Abastecida com dinheiro proveniente da Delta Construções, a rede de ‘laranjas’ do Cachoeiragate dispunha de ramificações no Rio de Janeiro, onde funciona a sede da empreiteira. Duas empresas de fachada registradas na cidade receberam R$ 521 mil do esquema. Ambos têm como ‘sócios’ moradores de bairros pobres da capital fluminense.
               Deve-se a revelação aos repórteres Cássio Bruno e Maiá Menezes. Em notícia veiculada nesta sexta, a dupla traz à luz um par de logomarcas desconhecidas: Zuk Assessoria Empresarial e Flexa Factoring Fomento Mercantil. No papel, funcionaram entre 2008 e 2011 no mesmo endereço, um escritório no centro do Rio. Na vida real, nunca operaram.
              A despeito da inatividade, receberam dinheiro da Brava Construções, empresa de fancaria aberta pela quadrilha de Carlinhos Cachoeira em Goiás. A Brava encontra-se pendurada nas manchetes há semanas. Junto com a Alberto & Pantoja, outro empreendimento ‘frio’ do bando, recebeu da Delta repasses de notáveis R$ 39 milhões.
             Pois bem. A Flexa Factoring e a Zuk Assessoria sacaram na conta da Brava R$ 119.442,27 e R$ 401.887,04 respectivamente. Cada uma das empresas tem dois ‘sócios’. Chamam-se Cristina Lacerda de Almeida e Tatiana Correia Rodrigues as pseudocontroladoras da Flexa.
                   Cristina, 41 anos, mora no bairro do Encantado, zona Norte do Rio. Declara que jamais ouviu falar da empresa registrada em seu nome. Está sem emprego há um ano. Mora com a mãe e quatro filhos numa casa humilde. Paga aluguel de R$ 150 por mês. Há coisa de cinco anos, perdeu os documentos –RG e CPF. Absteve-se de registrar o fato na delegacia.
                   Tatiana, 26 anos, mora numa vila do bairro do Encantado. Há três meses, foi abalroada pelo desemprego. Há cinco, não consegue pagar o aluguel. O pai conta que ela também perdeu os documentos há quatro anos. Recorda-se de ter assinado papéis que não sabe para que serviram.
                   Na Zuk Assessoria, figuram como sócios Maria Aparecida Corrêa e Edivaldo Ferreira Lopes. Ela, 40 anos, reside num conjunto habitacional do bairro da Piedade. Conta que, há quatro anos, quando trabalhava numa padaria, assinou uma procuração. Entregou-a a uma pessoa que lhe prometera um financiamento imobiliário. O sujeito sumiu.
                 “Fui burra e idiota”, lamuria-se Maria Aparecida, uma auxiliar de serviços gerais que recebe R$ 640 por mês. “Eu queria sair do aluguel e dar uma vida melhor para a minha filha. Fui na confiança porque ele era cliente da padaria e, depois disso, ele desapareceu.”
               Edivaldo, o outro pretenso sócio da Zuk, agora reside na cidade mineira de Leopoldina. Deixou no Rio parentes que, ouvidos, negam a participação dele nos malfeitos da turma de Cachoeira. “Ele é ajudante de caminhão e pobre. Devem ter usado os documentos para ele ser laranja”, disse a cunhada Germana Ramos.
                 Os sigilos bancário e fiscal da Flexa, da Zuk e dos respectivos ‘sócios’ foram varejados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo –aquela que fora enviada ao procurador-geral da República Roberto Gurgel em setembro de 2009 e permaneceu na gaveta por três anos.
                     Repassados à CPI, os dados encontram-se armazenados na sala-cofre localizada no subsolo do Senado. Expostos no noticiário, tonificam uma impressão incômoda: se quisessem, os membros da CPI teriam coisa mais interessante para fazer do que inquirir depoentes mudos. Matéria prima não falta. Diante da inoperância, não resta à plateia senão ter saudades do tempo em que laranja era apenas uma fruta cítrica.

Enviado por Ricardo Noblat - 25.5.2012
 
POLÍTICA

Atrasos na Copa são preocupantes (Editorial)

O Globo
                                     O Brasil foi escolhido em outubro de 2007, quase cinco anos atrás, para sediar a próxima Copa do Mundo. Logo em seguida à sagração, pela Fifa, da candidatura brasileira ouviram-se advertências sobre a necessidade de os organismos envolvidos na organização do evento, o poder público à frente, evitarem os erros que haviam sido cometidos ao longo da preparação do Rio para abrigar os Jogos Pan-Americanos daquele mesmo ano.
                                      Confirma-se agora que eram justificados os insistentes alertas, à época rebatidos como apressadas manifestações de catastrofismo. A pouco mais de dois anos do Mundial de 2014 (e a um do começo da Copa das Confederações, parte do pacote da Copa) já se passou mais da metade do tempo concedido ao país para se preparar, e muito pouco foi feito.
                                  É cada vez mais preocupante o ritmo das obras que o país se comprometeu a fazer para a Copa. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, minimiza os atrasos no cronograma, mas as certezas da mais alta autoridade do governo envolvida diretamente com o evento se assentam apenas em profissões de fé.
                               A realidade escanteia seu otimismo: das 101 obras do Mundial, apenas cinco foram entregues.
                                 Esse quase insignificante naco das intervenções previstas reúne investimentos de R$ 200 milhões — menos de 1% dos 27 bilhões destinados para estádios, aeroportos, portos e mobilidade urbana.
                             Até abril, 55 projetos ainda estavam em andamento e 41 (40%) sequer haviam saído do papel. Os números, divulgados pela Pasta do otimista ministro Rebelo, justificam as cobranças que a Fifa vem fazendo, com base em análises próprias do andamento das obras no país.
                             Nesse gargalo confundem-se incompetência gerencial do poder público, indícios de esperteza (de agentes envolvidos nos processos de liberação, contratação e realização de obras) e dogmatismo militante.
                               No primeiro caso, fica patente que os governos envolvidos no projeto Copa (em maior escala, o federal, fonte da maior parte dos recursos a serem desembolsados) não estão dando conta de seus compromissos;
                                No segundo, suspeita-se haver, em certos casos, o mesmo movimento verificado na preparação do Pan de 2007, de se criar embaraços para reduzir o tempo de execução de projetos, de modo a abrir o campo para a entrada de expedientes como a burla a legislações e revisões orçamentárias, em nome da premência do tempo (mesmo que as obras já se beneficiem de um regime especial);
                                 No terceiro, com empecilhos principalmente na modernização administrativa dos aeroportos, estão as digitais do preconceito ideológico contra a necessária privatização da gerência dos terminais.
                                Em relação aos estádios a preocupação parece menor. Mas, quando entra na disputa para sediar a maior competição de futebol do planeta, o país se compromete a arcar com os custos (financeiros e administrativos) de preparar as cidades-sedes (intervenções urbanísticas, melhoria do sistema de transportes, modernização dos meios de mobilidade urbana etc.) para os eventos.
                                 Ou seja, não basta garantir o conforto dos torcedores dentro das praças esportivas, mas assegurar-lhes facilidades (de locomoção, hospedagem e alfandegárias) para chegarem até os locais dos jogos — e nisso vamos mal.
                              O otimismo do ministro dos Esportes o leva a criticar o preconceito com “obras no papel”. A questão, no entanto, é outra: trata-se de determinar com que velocidade elas sairão das pranchetas.

25/05/2012

O racha do PT de Pernambuco – Como sempre acontece no 

partido, para chegar às causas, siga o lixo!

                                           A direção nacional do PT anulou as prévias do partido feitas para decidir quem será o candidato à Prefeitura de Recife. O atual prefeito, João da Costa, venceu Maurício Rands, que acusa irregularidades na composição do colégio eleitoral (ler posts abaixo). O comando do PT nega que tenha havido fraude, mas cancelou o processo mesmo assim, o que é fabuloso.
Quem encostar o peito no coração do PT de Recife vai entender direitinho o PT nacional. De cabo a rabo. O ex-prefeito por dois mandatos João Paulo fez o seu sucessor em 2008, João da Costa, contra a vontade de lideranças graúdas do estado — o atual senador Humberto Costa entre eles. Poucos meses depois, criador e criatura estavam rompidos. Na origem, como é frequente no PT desde os primórdios, estava uma empresa de coleta de lixo. É incrível como petismo e lixo costumam se estreitar num abraço insano.
                                           Quando Costa assumiu, o contrato com a empresa Qualix, que fazia o serviço desde 1985, estava vencendo. Ele prorrogou emergencialmente o contrato para ter tempo de fazer nova licitação. O problema, e aí a convivência com o ex começou a desandar, é que resolveu dar uma xeretada nos valores. O que circulou nos meios políticos da cidade é que não gostou muito do que viu. Havia o que poderia se chamar, como direi?, sobrepreço… Depois de um barafunda legal,  a coleta terminou com a Queiroz Galvão. A partir daí, a cúpula do PT — João Paulo, o antecessor; Humberto Costa e Maurício Rands — começa o trabalho sistemático de desestabilização do “companheiro”.
                                               De fato, a popularidade de João da Costa não anda lá essas coisas. Não é exatamente o preferido do governador Eduardo Campos (PSB) e enfrenta a oposição interna aberta dos petistas graúdos, embora todos eles tenham aliados e cupinchas pendurados na Prefeitura. Há até rancores que nascem de assuntos mais subalternos, como a negativa do prefeito de demitir uma certa funcionária que havia sido contratada em razão de talentos extracurriculares de que desfrutava um figurão do partido. Quando o casal rompeu, o gajo pediu a cabeça da moça. O prefeito não entregou. Por que não dou nomes? Porque sei que é verdade, mas não posso provar. Por que conto mesmo assim? Porque envolve dinheiro público. Sigamos.
É evidente que João da Costa tinha o direito natural de disputar a reeleição, a exemplo do que acontece com todos os que estão em primeiro mandato. A justificativa oficial para haver a troca é a sua impopularidade, que não é maior do que era a de João Paulo ao fim do primeiro mandato, e ninguém tentou defenestrá-lo por isso. A briga, que começou no lixo, se estendeu a outros interesses envolvendo os grupos petistas na cidade.
                                       Rands ganhou uma pasta no governo de Eduardo Campos, que não esconde a simpatia por seu nome e dá a entender que a frente que mantém com o PT pode se desfazer na cidade caso o candidato seja mesmo João da Costa. Rands tentou impugnar alguns delegados na votação das prévias, que obtiveram na Justiça o direito de votar. Ele acusa, então, o adversário interno de ter “judicializado” a disputa, atropelando a instância partidária. Vocês sabem, né? Para o PT, o partido está acima do Poder Judiciário…
                                        Então se chegou a esta situação esdrúxula: queimado desde sempre muito cedo com os caciques do partido em razão do… lixo!, João da Costa passou a ser hostilizado. Tentaram convencê-lo a desistir da disputa e entregar de mão beijada da vaga a Rands, candidato da cúpula do PT de Pernambuco, do PT Nacional e de Campos. Ele se negou a ir para o sacrifício e decidiu disputar as prévias. Venceu. A direção do PT nega que tenha havido fraude, mas cancelou o processo mesmo assim. Se for legal, cancelou por quê?
                                          Desde as primeiras administrações municipais petistas, uma pista continua válida para chegar ao coração do partido: siga o lixo!
      PS: No debate das prévias, sobrou baixaria para todo lado. A única coisa que os petistas deixaram de debater foram os problemas de Recife.
Por Reinaldo Azevedo

25/05/2012

Lula, ora vejam, deixa claro ser ele o único líder do mundo 

mundial. E isso é pouco!!!

             As palavras fazem sentido, certo? Mesmo quando, na boca de Lula, não fazem o mínimo sentido — em outro sentido, se é que me entendem. Não? Leiam o que informa o Estadão Online.  Explico em seguida:
Por Elizabeth Lopes:
                                  Em meio ao acirramento da crise econômica europeia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela preocupação com a ausência de liderança hoje no mundo. “(Barack) Obama (presidente dos EUA) pensa nos americanos, (Angela) Merkel (chanceler alemã) nos alemães, cada um no seu mandato. O mundo não está pensando de forma globalizada”, advertiu o petista, em entrevista exclusiva, concedida nesta semana, à documentarista portuguesa Graça Castanheira e reproduzida nesta quinta-feira, 24, no site do jornal português O Público.

                              Na entrevista, Lula diz que “o pobre do povo grego” está pagando para bancos franceses e alemães e que a Europa não pode destruir a União Europeia. E destacou o fato de os países europeus terem ficado muito na dependência da Alemanha, que teve importância nessa unificação, “mas também foi a grande ganhadora desse mercado porque 70% de suas exportações são para a Europa”. Na sua avaliação, a crise da Grécia poderia ter sido resolvida há um ano “com poucos bilhões”. E frisou: “Eu gosto de fazer política. Temos de trabalhar para interferir na política mundial.”
                                 Lula falou da China, que tem um papel importante, mas não pode viver uma crise, e dos Estados Unidos, que têm um papel igualmente importante, “só não podem é achar que fazem com o dólar o que querem”. E alfinetou: “O mundo fica à disposição do tesouro americano. Não é justo que a gente dependa do dólar.” Não faltou crítica também ao FMI: “O FMI é muito bom quando a crise é na Bolívia, mas quando a crise é nos EUA, o FMI não vale nada.”
                                 Apesar de estar se recuperando do tratamento de combate a um câncer na laringe, Lula diz que não consegue descansar mais do que três dias seguidos: “Faz parte da minha genética, sempre fui habituado a trabalhar.” E falou do seu compromisso moral com o continente africano. “Não é possível que o século XXI não seja o século do continente africano e da América Latina.”
(…)

         Voltei
                             Se tiverem paciência, leiam o resto. Eu disse que as palavras fazem sentido, certo? Lula estabelece um silogismo muito cultivado num país chamado Lulolândia, de que Lula é monarca, que tem como religião o culto ao deus Lula e como herói nacional um vulto histórico chamado Lula. E que silogismo é esse?

Um líder mundial precisa pensar em todo o mundo.
Obama só pensa nos Estados Unidos.
Logo, Obama não é líder mundial.
Dá para variar.
Um líder mundial precisa pensar em todo o mundo.
Merkel só pensa na Alemanha.
Logo, Merkel não é líder mundial.
Há a variação que está na raiz de todas as outras possibilidades:
Um líder mundial precisa pensar em todo o mundo.
Lula pensa em todo o mundo.
Logo, Lula é um líder mundial.
                                 Mas ainda não é perfeito porque outros também poderiam se dedicar a esse exercício modesto. Então falta complementar a constatação aí com uma sentença: Lula é o único líder que pensa no mundo inteiro, o que faz dele o único líder verdadeiramente mundial.
             Começou como diretor de sindicato. Era pouco.
              Atropelou companheiros para presidir o sindicato. Era pouco.
              Criou um partido. Era pouco.
              Foi eleito presidente da República. Era pouco.
              Quer-se agora o único líder mundial. E isso é pouco.
               Lula ainda vai depor o Altíssimo.
              Na entrevista, ele diz que trabalhar faz parte da sua genética.
Lula não tem culpa se nem todo mundo tem o seu senso de humor.

Por Reinaldo Azevedo

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