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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O 7 de Setembro e o 7 de Outubro

                Crônica do Dia 05 de setembro de 2012

                      Pois é , prezados ouvintes da Rádio Poema. Depois de amanhã é Feriado Nacional, a festa cívica maior da nossa pátria, Dia da Independência. Este 07 de setembro também sinaliza para a chegada das eleições municipais, que acontecerão em um mês.

                      E fico me perguntando como está e estará a cabeça de todos nós, eleitores, para estas datas. Mais do que a independência em relação ao país colonizador, Portugal, será que não é bom buscarmos constantemente esta independência, agora em relação aquilo que nos oprime, aquilo com que não concordamos e que, por acomodação deixamos estar para ver como é que fica?

                       A proximidade destas datas, a da Independência do Brasil, já depois de amanhã e a das eleições, a um mês, a nossa cabeça de eleitor não estará lidando apenas com emoções? É normal que praticamente todos os candidatos apelem para o emocional, procurando se mostrarem simpáticos, sorridentes, tentando desenvolver uma empatia com o eleitor, concordando com aqueles pontos que todo mundo acha que está ruim e que devem melhorar, como, por exemplo, a saúde e a educação.

                     A cabeça do eleitor, no entanto, vota também pela emoção, mas é importante colocar uma dose grande de razão, de racionalidade em seu voto. Racionalizar o voto, votar com a razão, é verificar se aquele candidato realmente terá condições de cumprir o que promete e, se o que promete é possível de ser realizado em seu município, ou será apenas mais um “elefante branco”? Ou então, se ele já teve condições de fazer algumas dessas atuais promessas e não as realizou, porque não fez?

              Como diz a cientista política Luciana Veiga, da UFPR:

               “ É bom lembrar que, na hora de votar, o importante é conhecer as propostas do candidato e saber se elas são parecidas com as suas, com o que você almeja- e não se ele é um sujeito alegre, que gosta  de crianças e cachorros, assim como você”. Essas coisas, muitas vezes algum marqueteiro por trás do candidato, procura vender junto com candidato, como se fosse um produto qualquer, como uma margarina, ou uma pasta de dentes."

               É muito importante, também, verificar se os candidatos ostentam sinais exteriores de riqueza, que não são condizentes com o seu trabalho, ou sua remuneração, se exercer algum cargo público. Ou mesmo daqueles que estão próximos a eles. No tempo do Império Romano já se observava muito isso. Com o Imperador da época, sempre estavam  próximos, ao lado, os laterones(que estavam laterais, ao lado), palavra que, em sua evolução, originou em nossa língua o termo latrones, ou ladrões. Hoje ainda existem os “laterones”, que estão nas laterais, por perto, às vezes usados como “laranjas” do chefe, ou mesmo para levarem vantagem em tudo o que puderem.

                Os órgãos do Judiciário que garantem as eleições em regimes democráticos, pelo que se constata, pretendem que em 07 de outubro as eleições sejam um exemplo para o futuro, com o voto limpo e cidadão. A única maneira de nós, eleitores, contribuirmos para isso, é realizando um voto consciente e livre. A homenagem maior para o Dia da Independência é o Brasil conseguir verdadeiramente que, agora e no futuro, as “Eleições Limpas”, sejam síntese do que se almeja como modelo político a ser construído, sem mais mensalão, contra a corrupção e a favor da ética na política.

                Concluo, como exaltação a este 07 de setembro, lendo um trecho do sábio político, pensador e grande patriota, RUI BARBOSA, em sua “Oração aos Moços”:

                 Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser, e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
                 Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
                 Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. 
 
                       Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor.
                 Por isso, de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

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