Coluna do Augusto Nunes
03/06/2012
O governo que anexou os pobres à classe média acaba de inventar o mendigo rico
Com a entrada em cena de Wellington Moreira Franco, o
interminável espetáculo do cinismo descambou para o terreno da galhofa. Único
integrante do primeiro escalão que jamais conseguiu uma conversa a dois com
Dilma Rousseff, o (segundo o cartão de visitas) Ministro-Chefe da Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República resolveu chamar a atenção da
chefe com uma vigarice estatística de deixar ruborizado até dono de instituto
de pesquisa. Graças ao ministro do Nada, foram extintos os pobres que restavam
no Brasil Maravilha.
Neste 29 de maio, Moreira Franco revelou que, a partir de agora,
pertencem à classe média todos os brasileiros cujos rendimentos individuais
alcancem de R$ 250 a R$ 850. São 48% ─ quase metade ─ da população. Como
explicar a proeza assombrosa? O ministro se dispôs a decifrar o enigma em
dilmês castiço: “A classe média foi delimitada ainda de acordo com o grau de
vulnerabilidade, ou seja, a probabilidade de retorno à condição de pobreza,
definido como o percentual de pessoas que vivem em locais cuja renda per capita
caiu abaixo da linha de pobreza em algum momento em cinco anos”, complicou
Moreira Franco.
Em
2007, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada pareceu ter alcançado o limite
da audácia malandra ao descobrir como se faz para mudar de categoria
sócio-econômica sem sair do lugar. De um dia para outro, as famílias cuja renda
mensal superava a marca dos R$1.063 souberam que haviam sido transferidas para
a classe média. Como registra o post reproduzido na seção Vale Reprise,
o governo Lula inventou o pobre que sobe na vida sem deixar a pobreza.
Ainda mais ousado que os alquimistas do IPEA, Moreira Franco
também prometeu criar um “instrumento de pesquisa” chamado Vozes da Classe
Média. “Queremos saber quais são as aspirações e os desejos desse novo
universo”, explicou o milagreiro de araque. A pesquisa é dispensável: 100% dos
entrevistados dirão que tudo o que querem é viver como vive gente da classe
média de verdade.
Estudos recentes atestam que os mendigos que esmolam nas
esquinas de São Paulo ganham, em oito horas de expediente, entre R$35 e R$40 .
Em 25 dias, embolsam de R$875 a R$1.000. Os pedintes das ruas, portanto, não
têm nada a pedir ao governo Dilma Rousseff. Ganham mais que a classe média do
Brasil Maravilha. São mendigos ricos.
03/06/2012
Flavio Morgenstern: ‘Não é com R$291 por cabeça que um governo pode se considerar protetor dos pobres’
FLAVIO
MORGENSTERN
Existe
algo mais grotesco do que a recente definição da Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE) da Presidência da República de que a “classe média”
brasileira ser agora composta por quem tem renda entre R$ 291 e R$ 1.019
familiar per capita?! Por que afirmar uma sandice dessas? Ora, APENAS para dona
Dilma, em auto-elogio na The
Economist, poder encher a boca dizendo que moveu 40 milhões de
pessoas para a “classe média”. Com carga tributária de mais de 35% do PIB, não
é exatamente com R$291 por cabeça que um governo pode se considerar protetor
dos pobres, ainda mais com o tanto que o michê dos políticos aumentou neste
mesmo período… Já foi dito: é possível provar qualquer coisa com números.
Ocasionalmente, até mesmo a verdade. Ademais, como assim isso saiu de uma
“Secretária para Assuntos ESTRATÉGICOS… da Presidência”?!
Há algo filosoficamente perigoso aí. A elogiadíssima teoria da
justiça de John Rawls afirma que é pior viver numa sociedade em que todos ganhem
R$100 do que em uma em que alguns poucos ganhem R$110. Por outro lado, Rawls
crê que economicamente há situações-limite, em que o desnível afete a própria
manutenção do sistema e, sobretudo, a vida de indivíduos particulares ─
como uma pobreza absoluta ─ e aí seria mais justo taxar os ricos apenas
para uma distribuição de renda mais balanceada. Por exemplo, se alguns vivem
abaixo de um limite de, digamos, R$90, enquanto outros vivem com R$3 mil,
métodos como o “imposto de renda negativo” (criação liberal) devem ser
empregados, pois esta sociedade já seria menos justa do que uma em que todos
ganhem R$100. No entanto, seria o único caso em que uma intervenção estatal
econômica se justificaria, e em que tal equalização forçada se torna mais justa
do que um igualitarismo em que todos são pobres (como definia Murray Rothbard,
se todos são igualmente pobres, a igualdade não pode significar justiça).
Mas Robert Nozick, em seu essencial “Anarquia, Estado e Utopia”
(livro que deveria cair num “vestibular” para alguém ter direito a ser
deputado), vai mais a fundo. Além de definir qual distribuição de renda é mais
justa na sociedade, faz uma pergunta basilar para a política: QUEM recebe esse
dinheiro? Uma sociedade em que ladrões e médicos recebem igualmente R$100 não é
justa, e também não será se ambos receberem R$5000. O mais justo, obviamente, é
que o bom comportamento profissional e interpessoal seja recompensado. É
preferível que um cirurgião receba R$5000 e um assassino receba o suficiente
para sua recuperação na cadeia. Lembrando de uma frase de Nicolás Gómez Dávila,
tolerar não significa esquecer que aquilo que toleramos não merece nada além de
tolerância. Colocados os dois modelos (de Rawls e Nozick) lado a lado, creio
não ser necessário definir qual acho mais aprofundado. Agora lembrando Joseph
Sobran, a igualdade de bens nunca pode ser conquistada sem uma monstruosa
desigualdade de poder político.
É exatamente o problema com o lulismo, escancaradíssimo nessa
entrevista com o Ratinho. Além da mistureba numerológica e também de direitos
constitucionais para se auto-afirmar (sendo que não permitiria que seus
adversários fizessem, nem pela metade), esquece-se do principal: em seu modelo,
é necessário que os burocratas, lobistas, facilitadores e propineiros ganhem
muito mais do que os médicos, os vendedores, os engenheiros e todos aqueles que
fazem a economia, na prática, funcionar. É uma verdadeira oclocracia, um
sistema em que apenas a corrupção, a bazófia e a confusão entre o público e o
privado são recompensados. Não apenas economicamente: se alguém esbulha as leis
em público como ele o faz nesta entrevista, ganha votos para seu candidato. É
algo além da política: já atingiu o próprio eixo de valores e conhecimento
brasileiro.
Em resumo, o problema não é nem Lula, individualmente (graças a
seu ego mais faminto que um buraco negro), rir sozinho da Constituição no
programa do Ratinho. O problema é que o sistema de governo que ele prega EXIGE
que ele tome tais atitudes. Afinal, foi assim, com promessas e generalismos
posteriores, que Lula construiu seu carisma. E apenas de carisma vive o
petismo. Apenas atacando seus adversários burlando as regras não apenas
constitucionais, mas até mesmo de cortesia e civilidade, é que Lula pode ser o
que é. Sem um Plano Real, uma Lei de Responsabilidade Fiscal e com um mensalão,
um Francenildo e um Celso Daniel nas costas, como Lula poderia ser político sem
borrifar a patifaria na cara do brasileiro no programa do Ratinho como fez?
03/06/2012
‘O vilão e o bastão’, um artigo de Antônio Machado de Carvalho
PUBLICADO
NO JORNAL O
TEMPO EM 31
DE MAIO
ANTÔNIO
MACHADO DE CARVALHO
Com o refinamento de um velho professor, melhor dizendo, de um
professor doutor em trapalhadas e malfeitorias (reconhecido, até, como Honoris
Causa por respeitáveis Universidades), o ex-presidente Luiz Inácio da Silva
resolveu recentemente, e mais outra vez, fazer aquilo que sabe melhor:
achincalhar a Constituição, as Leis e as Instituições, bases sobre as quais se
assenta nosso Estado Democrático de Direito, numa peita inaceitável ao Ministro
Gilmar Mendes, visando melar o julgamento pelo STF do mensalão, obra prima do
governo Lula. Para seus padrões, nada de inusitado haveria em seu
comportamento. Causaria espanto se fosse o contrário. Compostura, de fato, não
é o seu forte.
Nem nos episódicos dias em que esteve detido, ainda no governo
militar, ele soube se haver com decência. O estupro, real ou tentado, de um
jovem que compartilhava com ele a prisão ─ o notório caso do “menino do
MEP” ─ não foi esquecido pelos homens de bem. O sátiro predador de
viuvinhas de sindicato não tinha pejo de se lançar contra qualquer pessoa que
lhe acicatasse a libido, em crua e extremada falta de limites e de respeito às
interdições sociais. Não se deve minimizar, igualmente, a bem da verdade, que
seu partido ─ o PT ─ guardava, e guarda, coerência e fina sintonia com
seu líder maior. Tanto é que deliberou, naqueles já distantes idos de 1988, em
não reconhecer, e não assinar, a nova Constituição Federal para cuja elaboração
fora eleito o então deputado Inácio da Silva. Aliás, aqueles que de alguma
maneira acompanham o dia-a-dia da política nacional não encontrarão, nestas
mais de duas décadas transcorridas, qualquer declaração do ex-presidente no
sentido de defesa da Carta Magna.
Mas o melhor de suas manifestações, ou o pior, para ser mais
exato, foram suas avaliações sobre membros do STF (por ocasião de seu incrível
encontro com o ministro Gilmar Mendes na casa do ex-ministro Nelson Jobim), ao
imaginá-los subalternos e submissos a seus patronos de nomeação para o pretório
excelso. Lula tentou apequenar os ilustres ministros Ayres de Brito e Carmem
Lúcia de maneira tosca e grosseira, usando um metro à sua imagem e semelhança.
Os ministros Tóffoli e Levandowski foram referidos por ele como se fossem
meninos de recado. Suas aleivosias contra o ministro Joaquim Barbosa, no
entanto, tangenciam a injúria e a difamação, ao tachá-lo de “traidor” e
“complexado”. Este último adjetivo, esclareça-se, é uma tradução popularesca do
conceito de ressentimento. Ressentido, vejamos, por qual razão? Por ser negro?
Homem cioso de si, de seu valor intelectual, de suas origens e de suas
conquistas pessoais, o ministro Joaquim Barbosa pode ser tudo, menos
ressentido. É uma psicologia barata, a que povoa o imaginário de Luiz Inácio da
Silva. Ela não se confunde, todavia, com ditados hauridos da sabedoria popular,
e que são o seu perfeito retrato: se quer conhecer o vilão, “basta lhe dar o
bastão!”
01/06/2012
‘Derrotado pelo ego, Lula deixou-se vencer também pela raiva’, por Mauro Pereira
MAURO
PEREIRA
Sempre temi a chegada do PT ao poder. Não só por conta de sua
retórica barata, muito bem ensaiada nos grotões do retrocesso, que entoa a
mesma arenga ─ desgastada pela credibilidade ─ que celebra as maravilhas de um
socialismo redentorista chulo e ultrapassado que não resistiu às ruínas do Muro
de Berlim. A principal razão do meu temor sempre foi a selvageria irresponsável
e oportunista que marcou a atuação do partido enquanto esteve na oposição.
Quem já teve o dissabor de enfrentar a violência empregada pelos
cães de guerra petistas em campanhas eleitorais, inclusive em municípios
minúsculos e teoricamente sem relevância estratégica, sentiu na pele os efeitos
devastadores da mentira e da injúria, suas ferramentas preferidas de
convencimento. E aprendeu que a arma menos contundente por eles utilizada é a
da intimidação, em todas as formas concebidas pela canalhice.
Não me surpreende, portanto, o cenário de premeditada desordem
institucional protagonizado pela horda petista com o intuito de constranger
ministros do STF às vésperas do julgamento do mensalão. Embora previsível,
obriga-me a imaginar até que ponto Lula e seus sequazes estariam dispostos a
apostar na tensão social como a saída derradeira para socorrer os mensaleiros
de estimação e evitar que a biografia do ex-presidente seja para sempre
maculada pela pecha de mentiroso.
Depois de mais de trinta anos acompanhando a decomposição ética
do partido, e de ter enfrentado cara a cara a ira petista, posso afirmar que
eles não hesitariam em investir todas as suas fichas na instalação do caos, se
necessário para alcançar seus objetivos. A sociedade brasileira não pode se
iludir com a arenga lamurienta na encenação, mas rancorosa na finalidade,
repetida pelos lulas, dirceus e genoínos. Nada nas hostes petistas ocorre por
acaso. Cada movimento é planejado meticulosamente e ensaiado à exaustão. Tanto
assim que a contra-ofensiva ao escândalo do mensalão, sustentada na balbúrdia,
só não se consumou graças`à covardia de uma oposição que capitulou ao deixar de
propor o impeachment de Lula.
Como prometem agora, também em 2005 estavam preparados para
mobilizar a turba enfurecida composta por sindicalistas apelegados, líderes
estudantís regiamente compensados, movimentos sociais financeiramente
engajados, intelectuais embolorados ainda estacionados no sonho da “turma de
67″, blogueiros financiados pelo dinheiro público, emissoras de televisão
agradecidas, mercenários em busca do melhor soldo e políticos aproveitadores
que sempre viveram amparados na sujeição abjeta.
Ao transformar a solenidade na Câmara de Vereadores que o
homenageou com o título de cidadão paulistano em caixa de ressonância de sua
insensatez, reafirmando que o mensalão nunca existiu e que tudo foi um ardil
patrocinado pela imprensa e pelas zelites, Lula sabia que embarcara numa
aventura perigosa e sem volta. Aferrado à tática de desqualificar quem não se
subordeina à sua opinião, elegeu Brasília como o palco perfeito para atacar com
ferocidade os jornalistas que não lhe prestam vassalagem. Deixou transparecer
com nitidez que envelheceu apenas fisicamente. A alma guarda o mesmo frescor de
trinta anos atrás. O ódio a preservou da ação do tempo.
É triste assistir ao prelúdio do ocaso de um líder parido no
ventre das massas populares, que tinha tudo para eternizar-se como o governante
hábil e pacificador que uniu uma nação sob o manto da liberdade, da igualdade e
da brasilidade. Derrotado pelo ego, arrisca-se a entrar para a história como um
farsante que, consumido pelo rancor incontrolável, preferiu render-se aos encantos
da notoriedade a arrebatar da subsistência precária milhões de famílias.
Da mesma forma que lhe aguçou a inteligência, a raiva
companheira lhe solapou a sabedoria. Perdeu o Brasil, perdemos nós.
Infelizmente.
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Enviado
por Mary Zaidan -
3.6.2012
POLÍTICA
A obsessão de Lula, por Mary Zaidan
Em junho de 2005, quando o escândalo do mensalão tornou-se uma
ameaça real para o então presidente Lula, os jardins de Paris foram escolhidos
para encenar a ficção de defesa dele e dos seus.
Uma repórter desconhecida, perguntas e respostas ensaiadas
transmitidas com exclusividade pelo Fantástico. Produção cuidadosa para dizer
ao país que o crime não passava de caixa 2, delito que todos cometem. Por mais
absurdo que possa ser um presidente da República admitir isso.
Não foi suficiente, mas a tese estava lançada.
Um mês depois, Lula convocou rede de rádio e TV para dizer à
nação que fora traído pelos seus por práticas inaceitáveis – “das quais nunca
tive conhecimento”. Sem oposição para questioná-lo, atravessou a tormenta,
reelegeu-se e elegeu a sua sucessora.
Ao deixar o Planalto, jurou que dedicaria seus dias para provar
que os fatos não eram fatos, que imagens não eram imagens, que o mensalão nunca
existiu.
Se o câncer na garganta lhe impôs atraso nos prazos, não lhe
tirou a obsessão de conferir crédito à fantasia que propagara anos atrás. Crê
também que é dono e senhor de todas as cartas, como se presidente fosse. Algo
que, definitivamente, ele não consegue desencarnar. Para Lula, Dilma Rousseff é
e continuará sendo concessão sua.
Foi assim que o ex tratou sua pupila ao responder ao
apresentador Ratinho sobre a possibilidade de ele ser candidato novamente.
Primeiro, garantiu que só seria candidato na hipótese de Dilma não querer ser.
Na frase seguinte, avançou no dito, lançando uma segunda hipótese: “Não vou
permitir que um tucano volte ao poder no Brasil.”
Desta vez, Lula preferiu o Programa do Ratinho, no SBT, terceira
emissora no ranking de audiência. Por quê? Dirão alguns que se trata de um
programa popular. Local certo para apresentar à massa Fernando Haddad,
candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Os 8% de audiência desmentem a
premissa.
Foi ali porque ali era possível combinar tudo. Música, emoção,
vídeos escolhidos, campanha eleitoral e um conjunto bem organizado de mentiras
do protagonista que não seriam colocadas em xeque.
Lula disse o que quis do jeito que quis. Mentiu. Da CPMF ao
número de escolas construídas. Até nas rabadas.
Magnânimo, fez pouco caso das denúncias de Gilmar Mendes de que
ele, Lula, tentara coagir o ministro do STF para atrasar o julgamento do
mensalão, tema minimizado por Ratinho - “o povão não entende muito”. Tudo
dentro do script.
Lula só derrapou ao confessar sua crença de que o tempo se
encarrega de arrumar as coisas. Um lapso de verdade. Uma aposta que faz para
tentar livrar a si e aos seus das garras do mensalão.
Enviado
por Ricardo Noblat -
3.6.2012
POLÍTICA
A missão de Lula, por Merval Pereira
Merval
Pereira, O Globo
A proximidade do julgamento do mensalão parece estar
desestabilizando emocionalmente o ex-presidente Lula, que se tem esmerado nos
últimos dias em explicitar uma truculência política que antes era dissimulada
em público, ou maquiada.
Nessa fase em que trabalha em dois projetos que se cruzam e
parecem vitais para seu futuro, tamanha a intensidade com que se dedica a eles,
Lula não tem tido cuidados com as aparências, e arrisca-se além do que sua
experiência recomendaria.
A pressão sobre ministros do STF, a convocação da CPI do
Cachoeira, com direito a cartilha de procedimentos com os alvos preferenciais
identificados (STF, imprensa, oposição) e as atitudes messiânicas, sempre
colocando-se como o centro do universo político, revelam a alma autoritária
deste ex-presidente ansioso pela ribalta política.
A eleição de Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo e a
obsessão em desmoralizar o julgamento do mensalão (já que não conseguiu adiá-lo
para que seus resultados não interferissem na eleição municipal e, além disso,
a prescrição das penas resolvesse grande parte dos problemas judiciais do PT)
pareciam as duas grandes tarefas do ex-presidente Lula neste momento.
Mas ele, de voz própria, revelou seu verdadeiro objetivo
político no programa do Ratinho: não permitir que um tucano volte a governar o
país.
Nunca antes nesse país viu-se um político assumir tão
abertamente uma postura despótica, quase ditatorial, quanto a de Lula nessa
cruzada nacional contra os tucanos, que tem na disputa pela capital paulista
seu ponto decisivo.
O PT, aliás, tem seguido a mesma batida de Lula, e se revela a
cada instante um partido que não tem como objetivo programas de governo ou
projetos nacionais para o país. A luta política pelo poder escancara posturas
ditatoriais em todos os níveis, e para mantê-lo vale tudo. Desde rasgar a
legislação eleitoral e fazer propaganda ilegal em emissora de televisão na
tentativa de desatolar uma candidatura que até agora não demonstra capacidade
de competição, até intervenções em diretórios que não obedecem à orientação
nacional, como aconteceu agora mesmo em Recife.
Vale também mobilizar um esquema policial de uma prefeitura
petista, como a de Mauá em São Paulo, para apreender uma revista que apresenta
reportagens contrárias aos interesses do PT.
A truculência com que foi impedida a distribuição gratuita da
revista “Free São Paulo”, que trazia uma reportagem de capa sobre o assassinato
do prefeito petista de Santo André Celso Daniel, é exemplar do que o PT e seus
seguidores consideram “liberdade de imprensa”.
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Enviado
por Ricardo Noblat -
3.6.2012
POLÍTICA
A corrupção extrapolou todos os limites no Brasil
Mecanismos
centrais da democracia estão sendo ignorados por atores que desejam manter seu
poder além de qualquer limite constitucional, afetando até a legitimidade
democrática
Juliana
Sayuri, O Estado de S. Paulo
Na análise do cientista político José Álvaro Moisés, a corrupção
extrapolou os "níveis normais" no Brasil, o que fragiliza
sensivelmente a democracia. "Os acontecimentos recentes mostram distorções
e focos de corrupção que põem a ‘qualidade’ da democracia em xeque",
critica o diretor do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade
de São Paulo (USP) e autor de Democracia e Confiança - Por Que os Cidadãos
Desconfiam das Instituições Públicas? (Edusp, 2010).
A seguir, os pontos nevrálgicos abordados pelo intelectual.
Crise
das instituições democráticas
"As tensões entre Judiciário, Legislativo e Executivo,
inclusive as crises interna corporis desses poderes, apontam para déficits
importantes no funcionamento das instituições democráticas. Isso explica, em
parte, os índices elevados de desconfiança dos cidadãos. Mecanismos centrais da
democracia estão sendo bypassed (ignorados, contornados) por atores que querem
manter seu poder fora de qualquer limite constitucional. Esse abuso de poder afeta
a legitimidade democrática. Lamentável, nesse sentido, são os episódios
envolvendo um ex-presidente em suposta tentativa de influenciar o STF no
julgamento do mensalão ou a suposta inação do procurador-geral da República
diante de denúncia da Polícia Federal envolvendo o senador Demóstenes Torres. O
desgaste das instituições é evidente e mostra que estamos longe de ter
estabelecido o império da lei.
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Enviado
por Ricardo Noblat -
3.6.2012
POLÍTICA
Supremo monta blindagem para evitar atrasos em julgamento do mensalão
Ministros
preparam antídotos, como deixar defensores de sobreaviso para substituir
advogados
Felipe
Recondo, O Estado de S. Paulo
O surgimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no radar
do julgamento do mensalão alertou para um movimento subterrâneo detectado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF): manobras projetadas para embaraçar o processo e
jogar a sentença final para depois das eleições.
Diante disso, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto,
prepara em conjunto com os colegas alguns antídotos para anular estratégias que
podem ser usadas pelos advogados dos réus do mensalão para retardar o
julgamento do processo.
Com 38 réus a serem julgados e número ainda maior de advogados
envolvidos com o caso, os ministros sabem que todos os subterfúgios legais e
chicanas poderão ser usados nas sessões de julgamento.
Britto pediu à Defensoria Pública que preparasse de cinco a sete
defensores para que fiquem de sobreaviso. Eles serão sacados para atuar no
julgamento caso algum dos advogados peça adiamento da sessão por estar doente
ou se algum dos réus convenientemente destituir seu advogado e pedir prazo para
contratar um novo defensor.
Problemas como esses poderiam provocar o adiamento da sessão por
semanas. Esses defensores públicos estudam o caso desde abril e estarão, de
acordo com integrantes do tribunal, prontos para defender os réus de imediato,
sem permitir atrasos no julgamento do processo, que deve se alongar por dois
meses.
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Enviado
por Ricardo Noblat -
3.6.2012
ECONOMIA
‘Não dá para repetir a mágica do passado’, diz economista
Dez
milhões de famílias estão endividadas e estimular PIB com consumo não resolve
mais
Aguinaldo
Novo, O Globo
Com os dados do PIB do primeiro trimestre na tela do computador,
o economista José Roberto Mendonça de Barros examinava na sexta-feira os
resultados de uma pesquisa recém-concluída por sua consultoria, a MB
Associados, sobre endividamento.
A conclusão não poderia ser mais preocupante, considerando o
esforço do governo para estimular a economia por meio do consumo: cerca de dez
milhões de famílias já têm mais de 30% de seu orçamento comprometidos com
dívidas.
“Elas já estão no seu limite de gastos. Bombar o consumo daqui
para a frente vai gerar cada vez menos resultados. Acabou a mágica”, conclui
Mendonça, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda
entre 1995 e 1998.
Ao GLOBO, ele afirma que o governo tem se pautado por políticas
de curto prazo e favores a poucos segmentos industriais, que os investidores
estrangeiros perderam o encanto pelo Brasil e que a trajetória do PIB não
autoriza comemorações. “Se chegarmos a 2,5% neste ano, será um acontecimento”.
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02/06/2012
VEJA 4 - Os Protocolos dos Sábios do PT: Reportagem tem acesso à lista de alvos do partido na CPI; entre eles, Gilmar Mendes, procurador-geral e imprensa
Vocês
certamente já ouviram falar dos Protocolos dos Sábios de Sião, um texto
redigido em 1897, muito provavelmente pela polícia secreta do czar Nicolau II,
da Rússia, como se tivesse saído da pena de pensadores judeus. Explicita um
suposta conspiração sionista para governar o mundo. Tornou-se um clássico da
sujeira antissemita. Pois bem. A reportagem de VEJA teve acesso aos “Protocolos
dos Sábios do PT” para impor a sua vontade ao país. Mas há duas diferenças: os
protocolos originais eram falsos; os do PT são verdadeiros. Os judeus nunca
tiveram a intenção de dominar o mundo, já os petistas têm a declarada intenção
de dominar para sempre o país — como revelou Lula no Programa do Ratinho.
Muito
bem. Abaixo vocês lerão trecho da reportagem de Daniel Pereira na VEJA desta
semana. O PT elaborou os protocolos para seus representantes na CPI com aqueles
que deveriam ser os seus alvos. Seriam Carlinhos Cachoeira, a Delta e a
roubalheira? Nada disso!!! Os alvos, está
tudo escrito, eram
Gilmar Mendes, Roberto Gurgel (Procurador Geral da República), a imprensa e a
oposição. Segue trecho da reportagem:
(…)
Nesta edição, VEJA revela a existência de um documento preparado pelos petistas para guiar as ações dos companheiros que integram a CPI do Cachoeira. Lendo o material, é possível imaginar a atmosfera pesada que pontuou a conversa entre o ministro [Gilmar Mendes] e o ex-presidente, ocorrida no dia 26 de abril, no escritório de Nelson Jobim. ex-presidente do STF e amigo de ambos. O nome de Gilmar faz parte de uma lista de alvos preferenciais do PT que precisariam ser atingidos pela CPI do Cachoeira. Outro marcado na lista para sofrer ameaças e humilhações é Roberto Gurgel, procurador-geral da República, a quem caberá defender a punição dos mensaleiros na abertura do julgamento no STF. O guia de ação na CPI, produzido pela liderança petista e ao qual VEJA teve acesso. não deixa dúvida sobre as reais intenções do grupo mais umbilicalmente ligado a Lula. Os alvos preferenciais são os oposicionistas, a imprensa e membros do Judiciário que, de alguma forma, contribuíram ou ainda podem contribuir para que o mensalão seja julgado e passe, portanto, a existir oficialmente como um dos grandes eventos de corrupção da história brasileira - e, sem dúvida, o maior da República.
(…)
Nesta edição, VEJA revela a existência de um documento preparado pelos petistas para guiar as ações dos companheiros que integram a CPI do Cachoeira. Lendo o material, é possível imaginar a atmosfera pesada que pontuou a conversa entre o ministro [Gilmar Mendes] e o ex-presidente, ocorrida no dia 26 de abril, no escritório de Nelson Jobim. ex-presidente do STF e amigo de ambos. O nome de Gilmar faz parte de uma lista de alvos preferenciais do PT que precisariam ser atingidos pela CPI do Cachoeira. Outro marcado na lista para sofrer ameaças e humilhações é Roberto Gurgel, procurador-geral da República, a quem caberá defender a punição dos mensaleiros na abertura do julgamento no STF. O guia de ação na CPI, produzido pela liderança petista e ao qual VEJA teve acesso. não deixa dúvida sobre as reais intenções do grupo mais umbilicalmente ligado a Lula. Os alvos preferenciais são os oposicionistas, a imprensa e membros do Judiciário que, de alguma forma, contribuíram ou ainda podem contribuir para que o mensalão seja julgado e passe, portanto, a existir oficialmente como um dos grandes eventos de corrupção da história brasileira - e, sem dúvida, o maior da República.
O
documento foca em especial Gilmar Mendes. São dedicados a ele quatro tópicos:
“O processo da Celg no STF”, “Satiagraha. Fundos de Pensão. Protógenes”, “Filha
de Gilmar Mendes” e “Viagem a Berlim”. São referências a episódios em que
Gilmar Mendes tem culpa no cartório? Não. São todas questões já levantadas
contra o ministro pelos mensaleiros e seus defensores e que, uma vez
esclarecidas, se mostraram fruto apenas do desejo de desqualificar um
integrante do STF que os petistas consideram um possível voto contra seus
companheiros réus. Se Lula foi mesmo induzido ao erro por relatórios dessa
natureza, é uma questão ainda em aberto. Mas que ele se entregou de corpo e
alma ao erro não há a menor dúvida. Na conversa com Gilmar, depois de dizer que
controlava a CPI e insinuar que poderia proteger o ministro de uma eventual
investigação, o ex-presidente citou um dos tópicos do documento: “E a viagem a
Berlim?”, perguntou. No documento do PT, está escrito que “há notícias de que
Cachoeira esteve na Europa” na mesma data que Gilmar. “Estamos lidando com
gângsteres, com bandidos que ficam plantando essas informações”, reagiu o
ministro do STF, que foi obrigado a explicar que viaja sempre para Berlim, onde
mora sua filha.
Lula
bem que tentou. Dispensou as liturgias esperadas de um ex-presidente, brandiu
obscenamente versões como se fossem fatos, atropelou a lei, mandou às favas os
bons costumes, a educação e a civilidade. Tudo para tentar o impossível: apagar
da memória recente da nação que, sob seu governo, se deu o maior escândalo de
corrupção da história da República. Foi patético. E inútil. Revelada sua
abordagem a Gilmar Mendes no escritório de Nelson Jobim, a resposta de Lula
veio por meio de uma nota curta e vacilante, em que se dizia “indignado”. Foi
um tiro no próprio pé. A necessidade de julgar o mensalão tornou-se ainda mais
premente. Disse Carlos Ayres Britto, presidente do Supremo: “O que a sociedade
quer é compreensível: o julgamento do processo, sem predisposição, seja para
condenar, seja para absolver. O processo está maduro, chegou a hora de
julgá-lo.”
(…)
Leia a íntegra na edição impressa da revista
(…)
Leia a íntegra na edição impressa da revista
Por Reinaldo Azevedo
02/06/2012
VEJA 3 - A CPI do Cachoeira tem de ser, na verdade, a CPI da Delta. Ou: A cachoeira virou tsunami. Ou: VEJA tem acesso a relatório do Coaf e identifica um laranjal
Caros
leitores, tenho insistido aqui desde o começo que o rolo envolvendo Carlinhos
Cachoeira e a Delta tem duas frentes: a) uma é a ação do contraventor e
seu envolvimento com a jogatina. O caso tem de ser investigado, e os
responsáveis, devidamente punidos; b) outra, muito mais importante e
ampla, diz respeito à Delta — esta sim, tudo indica, uma rede que se espalha
Brasil afora. O bicheiro era apenas um dos operadores do esquema. Os sábios do
PT tentaram limitar a investigação ao Centro-Oeste porque se deram conta do
tamanho do imbróglio e porque perceberam, como estampa a capa da VEJA desta
semana, que uma investigação ampla exporá o “laranjal” da empreiteira e será um
tiro no pé do próprio PT. Leiam trechos da reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo
Marques na VEJA desta semana. A íntegra está na edição impressa da revista.
*
O policial civil aposentado Alcino de Souza é dono de uma empresa que só existe no papel. Por emprestar o nome à firma, ele mesmo conta que recebia 1.500 reais mensais. O valor é quase nada perto do que passa, ou passava até pouco tempo atrás, pelas contas bancárias da GM Comércio de Pneus e Pecas Ltda., que tem como sede um pequeno escritório de contabilidade em Goiânia. Em um período de apenas sete meses, entre novembro de 2009 e maio de 2010, a GM do policial Alcino recebeu depósitos superiores a 6 milhões de reais. O dinheiro foi remetido à empresa do policial pela empreiteira Delta, que está no epicentro do escândalo que deu origem à CPI do Cachoeira, sob suspeita de funcionar como uma central de pagamento de propina a políticos e funcionários públicos. A loja de pneus é aquilo que o dicionário da corrupção chama de empresa-fantasma. Alcino é o laranja, aquele que empresta o nome para esconder a verdadeira identidade do dono. Ambos são exemplos acabados do que a CPI do Cachoeira pode estar prestes a seguir: a trilha do dinheiro que abasteceu campanhas políticas e pagou propinas a servidores públicos. Um cofre que esconde segredos de mais de 100 milhões de reais.
O policial civil aposentado Alcino de Souza é dono de uma empresa que só existe no papel. Por emprestar o nome à firma, ele mesmo conta que recebia 1.500 reais mensais. O valor é quase nada perto do que passa, ou passava até pouco tempo atrás, pelas contas bancárias da GM Comércio de Pneus e Pecas Ltda., que tem como sede um pequeno escritório de contabilidade em Goiânia. Em um período de apenas sete meses, entre novembro de 2009 e maio de 2010, a GM do policial Alcino recebeu depósitos superiores a 6 milhões de reais. O dinheiro foi remetido à empresa do policial pela empreiteira Delta, que está no epicentro do escândalo que deu origem à CPI do Cachoeira, sob suspeita de funcionar como uma central de pagamento de propina a políticos e funcionários públicos. A loja de pneus é aquilo que o dicionário da corrupção chama de empresa-fantasma. Alcino é o laranja, aquele que empresta o nome para esconder a verdadeira identidade do dono. Ambos são exemplos acabados do que a CPI do Cachoeira pode estar prestes a seguir: a trilha do dinheiro que abasteceu campanhas políticas e pagou propinas a servidores públicos. Um cofre que esconde segredos de mais de 100 milhões de reais.
VEJA
teve acesso a um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), órgão do governo federal encarregado de monitorar transações suspeitas
de lavagem de dinheiro, em que a Delta aparece relacionada a movimentações
atípicas entre 2006 e o ano passado. São operações que, pelas regras do sistema
oficial de combate a ilícitos financeiros, fogem ao padrão - como foi o caso da
GM Pneus. De uma hora para outra, a empreiteira passou a registrar grandes
movimentações em sua conta, o que chamou a atenção dos fiscais, que registraram
isso no relatório.
(…)
Do total de operações suspeitas listadas no relatório envolvendo a Delta, há pelo menos 115 milhões de reais relacionados a empresas-fantasma, normalmente usadas para fornecer notas fiscais que são emitidas apenas para simular a prestação de serviços que nunca existiram. Um modelo, aliás, que é marca da atuação da Delta e que se encaixa à perfeição no padrão de atuação da empreiteira explicitado por seu dono, Fernando Cavendish, numa conversa gravada com dois ex-sócios. No diálogo, Cavendish escancarava a receita para conseguir bons contratos junto ao poder público: “Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas para ‘c…’. Pode ter certeza disso!”. Não era bravata. Esses mesmos ex-sócios revelaram a VEJA, na ocasião, que Cavendish utilizava notas fiscais frias para justificar a saída de dinheiro que, na realidade, ia parar no bolso de políticos e funcionários que ajudavam a abrir portas e conseguir contratos milionários no serviço público. Foi por esse expediente, aliás, que Cavendish contratou os serviços da “consultoria” do mensaleiro José Dirceu em troca de maior presença da Delta entre os fornecedores da Petrobras.
(…)
Do total de 115 milhões de reais em transações suspeitas apontadas no relatório. 47,8 milhões foram remetidos pela Delta nacional para as empresas Legend Engenheiros Associados (23,2 milhões), Rock Star Marketing (3,9 milhões) e S.M. Terraplenagem (20.7 milhões), as três com endereço em São Paulo. E repete-se o enredo. Nos registros oficiais, a Legend tem como proprietário o técnico em refrigeração Jucilei Lima dos Santos, pai de três filhos, morador de um sobrado modesto no Carandiru, bairro da Zona Norte de São Paulo. Localizado por VEJA na semana passada, Jucilei disse desconhecer a existência da Legend. “Não sei nem que empresa é essa. Nunca nem ouvi falar”, afirmou.
(…)
Do total de operações suspeitas listadas no relatório envolvendo a Delta, há pelo menos 115 milhões de reais relacionados a empresas-fantasma, normalmente usadas para fornecer notas fiscais que são emitidas apenas para simular a prestação de serviços que nunca existiram. Um modelo, aliás, que é marca da atuação da Delta e que se encaixa à perfeição no padrão de atuação da empreiteira explicitado por seu dono, Fernando Cavendish, numa conversa gravada com dois ex-sócios. No diálogo, Cavendish escancarava a receita para conseguir bons contratos junto ao poder público: “Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas para ‘c…’. Pode ter certeza disso!”. Não era bravata. Esses mesmos ex-sócios revelaram a VEJA, na ocasião, que Cavendish utilizava notas fiscais frias para justificar a saída de dinheiro que, na realidade, ia parar no bolso de políticos e funcionários que ajudavam a abrir portas e conseguir contratos milionários no serviço público. Foi por esse expediente, aliás, que Cavendish contratou os serviços da “consultoria” do mensaleiro José Dirceu em troca de maior presença da Delta entre os fornecedores da Petrobras.
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Do total de 115 milhões de reais em transações suspeitas apontadas no relatório. 47,8 milhões foram remetidos pela Delta nacional para as empresas Legend Engenheiros Associados (23,2 milhões), Rock Star Marketing (3,9 milhões) e S.M. Terraplenagem (20.7 milhões), as três com endereço em São Paulo. E repete-se o enredo. Nos registros oficiais, a Legend tem como proprietário o técnico em refrigeração Jucilei Lima dos Santos, pai de três filhos, morador de um sobrado modesto no Carandiru, bairro da Zona Norte de São Paulo. Localizado por VEJA na semana passada, Jucilei disse desconhecer a existência da Legend. “Não sei nem que empresa é essa. Nunca nem ouvi falar”, afirmou.
(…)
As informações de que o Coaf dispõe podem servir como bússola para guiar a investigação que a CPI terá de fazer a partir da quebra de sigilo da Delta. Para além dos laranjas, as “operações atípicas” indicam que os saques de dinheiro feitos pela matriz da empreiteira sempre aumentavam nos períodos eleitorais. Em 2006. o Coaf registrou 59 saques sucessivos da Delta ao longo dos trinta dias que antecederam as eleições, somando 5 milhões de reais. O responsável pelos saques foi o gerente financeiro da empresa, Alexandre Wilson Pinto. Mais um dado revelador que deve chamar a atenção da CPI: algumas das empresas de fachada usadas pela Delta aparecem recebendo volumosas quantias de outras grandes empreiteiras detentoras de contratos com o poder público, como a EIT e a Triunfo, prestadoras de serviços para o Ministério dos Transportes, e a UTC, cliente da Petrobras. Em se tratando de CPI, o que era cachoeira virou tsunami. Que certeiro tiro no pé se deu o lulismo!
As informações de que o Coaf dispõe podem servir como bússola para guiar a investigação que a CPI terá de fazer a partir da quebra de sigilo da Delta. Para além dos laranjas, as “operações atípicas” indicam que os saques de dinheiro feitos pela matriz da empreiteira sempre aumentavam nos períodos eleitorais. Em 2006. o Coaf registrou 59 saques sucessivos da Delta ao longo dos trinta dias que antecederam as eleições, somando 5 milhões de reais. O responsável pelos saques foi o gerente financeiro da empresa, Alexandre Wilson Pinto. Mais um dado revelador que deve chamar a atenção da CPI: algumas das empresas de fachada usadas pela Delta aparecem recebendo volumosas quantias de outras grandes empreiteiras detentoras de contratos com o poder público, como a EIT e a Triunfo, prestadoras de serviços para o Ministério dos Transportes, e a UTC, cliente da Petrobras. Em se tratando de CPI, o que era cachoeira virou tsunami. Que certeiro tiro no pé se deu o lulismo!
Por Reinaldo Azevedo
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2/06/2012 – Coluna do Augusto Nunes
Neste sábado, os
leitores de VEJA serão confrontados com informações que renovam o prazo de
validade da lição de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, fica grande e
come o dono. Provas documentais obtidas pela revista atestam que os arquitetos
da CPI do Cachoeira, concebida para embaralhar o julgamento do mensalão,
montaram uma lista de alvos prioritários que incluiu ministro Gilmar Mendes, o
procurador-geral Roberto Gurgel e jornalistas independentes. Ruins de mira, os
artilheiros trapalhões acabaram acertando o próprio pé ou a testa de bandidos
de estimação.
Depois da quebra do
sigilo bancário e fiscal da Construtora Delta, o que deveria ser uma devassa
restrita ao estado de Goiás escapou do controle dos parteiros. A cachoeira de
patifarias vai se mostrando suficientemente caudalosa para alcançar pecadores
em qualquer ponto do país ─ e provocar estragos de bom tamanho no coração do
poder. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, o Brasil soube
que o empreiteiro Fernando Cavendish utilizou empresas fantasmas, “laranjas” e
notas frias para justificar a saída de dinheiro destinado a figurões incumbidos
de ampliar a coleção de contratos multimilionários com o PAC e com governos
estaduais.
Cavendish valeu-se
dessas vigarices para alugar, por exemplo, os serviços de “consultoria” do
mensaleiro José Dirceu, escalado para aumentar a fatia reservada à Delta entre
os fornecedores da Petrobras. Dirceu, uma usina de ideias de jerico, foi um dos
mais vibrantes defensores da instauração da CPI. Não vai dormir por alguns
dias. Talvez o console a certeza de que é só mais um na multidão de
companheiros afetados pela epidemia de insônia.
01/06/2012
Soninha Francine,
pré-candidata do PPS à prefeitura de São Paulo, enviou um comentário sobre o
comício ilegal de 4o minutos transmitido pelo SBT que merece ser transcrito
neste espaço. Confira:
Imagine o que o PT faria em outros
tempos se o apresentador de um programa popular e o detentor de uma concessão
pública (TV…) montassem esse altar para que um ex-presidente abençoasse e
cobrisse de glórias o seu candidato. E também fizesse troça com o partido de oposição…
Imagine Fernando Henrique no programa do Faustão dizendo: “Não podemos deixar
que um petista dirija este país”. Os petistas iriam à ONU, à OEA, à Corte de
Haia. Centrais sindicais convocariam manifestações de protesto na Avenida
Paulista. Contra a cumplicidade das elites, contra a mídia servil, contra o
poder imperial dos meios de comunicação… E AINDA tem gente inteligente, bem
informada, honestamente preocupada com o Brasil, que DEFENDE a conduta do PT
até hoje. Céus, que devoção cega! Que desgosto.
Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, desde ontem a
Justiça eleitoral está diante de três opções. Primeira: depois de obrigar o
Programa do Ratinho a transmitir comícios de 40 minutos estrelados pelos outros
pré-candidatos, revogar todas as normas que regem eleições no Brasil. Segunda:
comunicar oficialmente à nação que todos são iguais perante a lei, mas Lula e
seus protegidos são mais iguais que os outros. Terceira: enquadrar
exemplarmente os estupradores da lei eleitoral para deixar claro que, ao
contrário do que parece, Lula ainda não foi condenado à perpétua impunidade.
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01/06/2012
MAURO PEREIRA
Sempre temi a
chegada do PT ao poder. Não só por conta de sua retórica barata, muito bem
ensaiada nos grotões do retrocesso, que entoa a mesma arenga ─ desgastada pela
credibilidade ─ que celebra as maravilhas de um socialismo redentorista chulo e
ultrapassado que não resistiu às ruínas do Muro de Berlim. A principal razão do
meu temor sempre foi a selvageria irresponsável e oportunista que marcou a
atuação do partido enquanto esteve na oposição.
Quem já teve o
dissabor de enfrentar a violência empregada pelos cães de guerra petistas em
campanhas eleitorais, inclusive em municípios minúsculos e teoricamente sem
relevância estratégica, sentiu na pele os efeitos devastadores da mentira e da
injúria, suas ferramentas preferidas de convencimento. E aprendeu que a arma
menos contundente por eles utilizada é a da intimidação, em todas as formas
concebidas pela canalhice.
Não me surpreende,
portanto, o cenário de premeditada desordem institucional protagonizado pela
horda petista com o intuito de constranger ministros do STF às vésperas do
julgamento do mensalão. Embora previsível, obriga-me a imaginar até que ponto
Lula e seus sequazes estariam dispostos a apostar na tensão social como a saída
derradeira para socorrer os mensaleiros de estimação e evitar que a biografia
do ex-presidente seja para sempre maculada pela pecha de mentiroso.
Depois de mais de
trinta anos acompanhando a decomposição ética do partido, e de ter enfrentado
cara a cara a ira petista, posso afirmar que eles não hesitariam em investir
todas as suas fichas na instalação do caos, se necessário para alcançar seus
objetivos. A sociedade brasileira não pode se iludir com a arenga lamurienta na
encenação, mas rancorosa na finalidade, repetida pelos lulas, dirceus e
genoínos. Nada nas hostes petistas ocorre por acaso. Cada movimento é planejado
meticulosamente e ensaiado à exaustão. Tanto assim que a contra-ofensiva ao
escândalo do mensalão, sustentada na balbúrdia, só não se consumou graças`à
covardia de uma oposição que capitulou ao deixar de propor o impeachment de
Lula.
Como prometem
agora, também em 2005 estavam preparados para mobilizar a turba enfurecida
composta por sindicalistas apelegados, líderes estudantís regiamente
compensados, movimentos sociais financeiramente engajados, intelectuais embolorados
ainda estacionados no sonho da “turma de 67″, blogueiros financiados pelo
dinheiro público, emissoras de televisão agradecidas, mercenários em busca do
melhor soldo e políticos aproveitadores que sempre viveram amparados na
sujeição abjeta.
Ao transformar a
solenidade na Câmara de Vereadores que o homenageou com o título de cidadão
paulistano em caixa de ressonância de sua insensatez, reafirmando que o
mensalão nunca existiu e que tudo foi um ardil patrocinado pela imprensa e
pelas zelites, Lula sabia que embarcara numa aventura perigosa e sem volta.
Aferrado à tática de desqualificar quem não se subordina à sua opinião, elegeu
Brasília como o palco perfeito para atacar com ferocidade os jornalistas que
não lhe prestam vassalagem. Deixou transparecer com nitidez que envelheceu
apenas fisicamente. A alma guarda o mesmo frescor de trinta anos atrás. O ódio
a preservou da ação do tempo.
É triste assistir
ao prelúdio do ocaso de um líder parido no ventre das massas populares, que
tinha tudo para eternizar-se como o governante hábil e pacificador que uniu uma
nação sob o manto da liberdade, da igualdade e da brasilidade. Derrotado pelo
ego, arrisca-se a entrar para a história como um farsante que, consumido pelo
rancor incontrolável, preferiu render-se aos encantos da notoriedade a
arrebatar da subsistência precária milhões de famílias.
Da mesma forma que
lhe aguçou a inteligência, a raiva companheira lhe solapou a sabedoria. Perdeu
o Brasil, perdemos nós. Infelizmente.
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