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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Falso Ufanismo

                                                       Crônica 02 08 2012
                                                O Falso Ufanismo

                         O bom da crônica é que ela tem poucos compromissos: já que ela é originária da matéria jornalística, um deles é pautar-se, dentro do possível, com a verdade;  um outro, ser “temporal”, quer dizer, relatar algo de um determinado tempo. Unida a crônica à agilidade do blog, de fácil produção, gratuito geralmente, ágil, simples e rápido em sua publicação, é o que faz muita gente, incluo-me aqui, “cometer” alguns escritos sem maiores objetivos. E isso, no mundo todo. É uma expressão do pensamento, livre e descompromissado, como aliás, exige o respeito à democracia. Acabei mudando o tema que tratarei à frente, por achá-lo importante no contexto daquilo que venho apresentando.
                      Ontem, logo após esta fala diária na Rádio Poema, a “Na Boca do Forno”, ir tratar de alguns assuntos particulares, voltando para casa, pois agora estou desfrutando da minha aposentadoria, resolvi dar uma olhadinha na TV, para ver como está indo o Brasil nas Olimpíadas.
                     Juro para vocês que, como todo mundo, estou torcendo para o Brasil em todas as modalidades em que ele está disputando: futebol masculino e feminino, vôlei, basquete, tiro ao alvo, cuspe à distância, se tivesse... afinal, quem não vibra ao ver seu país ganhando medalhas, não é mesmo???
                     Agora, confesso que não gosto, e já faz tempo, de ver gente como o Galvão Bueno narrando qualquer coisa. Não sei se algum dos ouvintes sentem a mesma coisa... Às vezes, dá a impressão que a gente está vendo um jogo, e o Galvão transmitindo outro. Não há erro e jogada ruim de jogador brasileiro: sempre o outro time teve sorte, é muito cavalo, o Juiz está contra nós, e assim por diante. Já o brasileiro, este é mais malandro, o melhor em todas as modalidades...
                     Só que, depois do advento da televisão, brigar contra uma imagem, seja de fotografia, de cinema, de TV, é um pouco de burrice- afinal, uma imagem, como dizem, vale por mil palavras.
                   Pois é. Voltando ao início. Ligando a TV, nem sei em qual canal, provavelmente na Record, que detem os direitos de transmissão das Olimpíadas desta vez, estava acontecendo uma luta de Judô, esporte em que o Brasil tradicionalmente é muito  bom e conquista muitas medalhas e o lutador brasileiro era esperança concreta de medalha.
                   Aconteceu que, ao ouvir a narração e confrontar com as imagens, ele ia lutar contra um lutador da Coreia do Sul, fiquei pensando se eu não estava em um outro canal e não o mesmo do narrador.
                    Depois de elogiar muito o lutador brasileiro, começou a descrever os dois: todo mundo via que o brasileiro era bem mais alto e aparentava ser bem mais forte que o coreano. Mas, quando o coreano levava a melhor, fazendo 11 pontos na frente e acabou ganhando a luta, o narrador descrevia que o coreano era muito mais forte, dava a entender que o brasileiro era fraquinho.
                    Ah!, daí não dá! Chama-se a isso “falso ufanismo”- contra todas as evidências às vezes, só os brasileiros são bons, os melhores, como diz o Galvão, “mais espertos”, quem vê, parece que o mundo todo se une contra o nosso país.
                     Esse ufanismo falso, em meu entendimento, acaba por ser péssimo para o Brasil e para qualquer país. O certo é a gente reconhecer a realidade em si e, a partir disso, do real, sem mentiras nem falso ufanismo, achar o caminho melhor.
                   Imagino que isso é o que, antigamente e até hoje, infelizmente, é quase um traço da cultura de muita gente, um fruto do “levar vantagem”.
                    Já prepara o terreno para, se não der certo, arranjar as desculpas de sempre. O que é verdadeiro, a verdade em si, sempre foi, é e será o melhor caminho. Passei para outro canal após, infelizmente, da derrota do nosso  lutador e o que vejo? A mesma coisa acontecendo em outro jogo brasileiro, dessa vez, o basquete feminino, e estavam as meninas do Brasil perdendo para a Austrália.
                   É até possível que muitos torcedores gostem que seja assim, pois, afinal, é o nosso país. Mas até dá para aceitar em se tratando de esporte, da paixão nacional pelos jogos e por nossas seleções.
                   Só que muita gente da política também age assim, com um falso ufanismo. Em quantos municípios não se vê essa ideia, reproduzem esse falso conceito, não é mesmo??? Eu mesmo já constatei em alguns deles.
                 Conseguiram realizar muito pouco, aquele município continua o mesmo, às vezes com alguns “embelezamentos de fachada”, geralmente com essas obras superfaturadas,  custaram muito dinheiro, e ainda ostentam o desplante de tentar o que a ditadura militar usava em seu tempo: “ aqueles que não estão gostando que se mudem”, “ aqui está tudo uma maravilha”, “só não vê quem não ama nosso lugar, nosso Estado, nosso município”, e coisas assim. Tristes tempos esses, não?? Brigam, vão contra a realidade, e eles é que estão certos??

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