16/06/2012
“Está claro que convocar o Cavendish é trazer para a CPI todas as empreiteiras”, diz um parlamentar do PT
Fernando
Cavendish esteve em Brasília e deixou claro a uma parlamentar: se for
transformado em bode expiatório, revelará o esquema de laranjas que atende a
todas as empreiteiras que negociam com o governo e que financiam políticos. O
recado foi passado adiante, e a CPI decidiu não convocá-lo. Não guarde essa
informação só pra você!
*
A CPI instalada para apurar o escândalo que tem — ou tinha —no centro o bicheiro Carlinhos Cachoeira produziu, nesta semana que termina, ela própria, um novo escândalo: deixou de convocar Fernando Cavendish, o dono da Delta. Reportagem de Daniel Pereira e Adriano Ceolin na VEJA que começa a chegar hoje aos leitores explica os motivos. Leiam trechos. A íntegra está na edição impressa da revista. Volto depois.
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A CPI instalada para apurar o escândalo que tem — ou tinha —no centro o bicheiro Carlinhos Cachoeira produziu, nesta semana que termina, ela própria, um novo escândalo: deixou de convocar Fernando Cavendish, o dono da Delta. Reportagem de Daniel Pereira e Adriano Ceolin na VEJA que começa a chegar hoje aos leitores explica os motivos. Leiam trechos. A íntegra está na edição impressa da revista. Volto depois.
(…)
No mesmo dia em que a CGU anunciou a punição à Delta, [Fernando] Cavendish esteve em Brasília. Numa conversa com um parlamentar de quem é amigo, ele disse que não apenas a Delta, mas a maioria das grandes empreiteiras paga propina a servidores públicos e políticos em troca de obras e aditivos contratuais.
No mesmo dia em que a CGU anunciou a punição à Delta, [Fernando] Cavendish esteve em Brasília. Numa conversa com um parlamentar de quem é amigo, ele disse que não apenas a Delta, mas a maioria das grandes empreiteiras paga propina a servidores públicos e políticos em troca de obras e aditivos contratuais.
Cavendish afirmou ainda que a Delta adotou o mesmo sistema que já
era usado pelas outras empreiteiras: para dificultar o rastreamento da propina,
repassava os recursos a empresas-laranja, que, posteriormente, entregavam o
pedágio a quem de direito. Sentindo-se injustiçado por ser o único a expiar os
pecados em público, Cavendish apresentou ao parlamentar um conjunto de
empresas-laranja que serviriam à Delta e às concorrentes.
Ele nominou sete empresas das áreas de engenharia e terraplenagem.
Todas atenderiam às empreiteiras de modo geral, repassando recursos destas a
autoridades que facilitam a obtenção de contratos em órgãos públicos. Todas
funcionam em São Paulo e têm como proprietário o empresário Adir Assad, apesar
de estarem em nome de pessoas como o técnico em refrigeração Jucilei Lima dos
Santos e de Honorina Lopes, sua mulher, ambos encarnando o papel daquilo que os
manuais de corrupção classificam como laranja.
Cavendish conhece como poucos Adir Assad — e os serviços
prestados por ele. Há duas semanas, VEJA revelou que a Delta repassou 115
milhões de reais a empresas-laranja. Do total, 47,8 milhões abasteceram as
contas da Legend Engenheiros Associados, da Rock Star Marketing e da S.M.
Terraplanagem, que também são de propriedade de Adir Assad.
As sete novas empresas de engenharia e de terraplenagem, segundo
Cavendish, fariam parte do mesmo laranjal a serviço da Delta e também de outras
grandes empreiteiras do país. O parlamentar que conversou com Cavendish passou
o relato adiante. Foi como se acendesse um rastilho de pólvora que percorreu as
bancadas do PMDB, PP, PR e PT. O recado foi entendido como um pedido de
solidariedade e, claro, como uma ameaça velada, destinada a trazer novas
empresas e parlamentares para o centro da investigação.
“Está claro que convocar o Cavendish é trazer para a CPI todas as
empreiteiras”, diz um graduado petista que votou contra a convocação do
empreiteiro. Só uma investigação acurada sobre a movimentação financeira das
empresas-laranja revelará se Cavendish blefa ou fala a verdade. O fato é que,
na semana passada, o empresário foi blindado apesar da fartura de indícios que
pesam contra ele. Além do relatório do Coaf, a própria CPI já detectou que
houve grande quantidade de saques em dinheiro, às vésperas das eleições, nas
tais empresas-laranja abastecidas pela Delta.
Uma planilha em poder da comissão também revela que contas da
empreiteira que recebiam os recursos federais foram as mesmas que transferiram
dinheiro para uma empresa-laranja sediada em Brasília, agraciada com 29 milhões
de reais. Os parlamentares de oposição acreditam que encontraram o caixa usado para
subornar funcionários do governo federal.
(…)
(…)
Voltei
Não que fosse exatamente um mistério, não é? Mas agora estão aí os detalhes da cadeia de eventos que resultou na não convocação de Cavendish. Nunca antes na história destepaiz uma Comissão Parlamentar de Inquérito se acovardou de maneira tão vexaminosa.
Não que fosse exatamente um mistério, não é? Mas agora estão aí os detalhes da cadeia de eventos que resultou na não convocação de Cavendish. Nunca antes na história destepaiz uma Comissão Parlamentar de Inquérito se acovardou de maneira tão vexaminosa.
E fiquem como outra informação: alguns governistas consideram que
as convocações do dono da Delta e de Luiz Antônio Pagot, ex-chefão do Dnit, são
inevitáveis. Tentam uma maneira — o problema é saber que compensação poderia
oferecer — de fazer com que depoimentos incômodos estourem como bomba só no
terreno da oposição. Até agora, não conseguiram encontrar a fórmula. A razão é
simples: o primeiro cliente da Delta é o governo federal; o segundo é o governo
do Rio; o terceiro é o de Pernambuco.
A Delta tinha uma expertise e um método onde quer que operasse,
entenderam? E, anda a espalhar Cavendish, não eram práticas exclusivas de
sua empresa. Ele teria feito apenas o que todos, na sua área, fazem.
Ah, sim: a convocação de Cavendish foi recusada por 13 a 16. Escreve
VEJA: “Para a definição do placar, foram decisivos dois parlamentares: o
senador Ciro Nogueira (PP-PI), que se alinhou à maioria, e o deputado Maurício
Quintella Lessa (PR-AL), que não participou da sessão. Soube-se depois que
Nogueira e Lessa haviam se encontrado na Semana Santa com Cavendish num
restaurante em Paris”.
Eles juram que foi um encontro casual. Quem duvidaria?
PS — Leitor, você ainda se encontrará com Cavendish em
Paris. Mas tenha o bom senso e o bom gosto de não dançar com guardanapo na
cabeça.
Por Reinaldo Azevedo
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16/06/2012
Cabral e grupo de parlamentares atuam para blindar Cavendish
Por Andreza Matais e Rubens Valente, na Folha:
A votação que adiou por tempo indeterminado o depoimento do empreiteiro Fernando Cavendish expôs as articulações de uma “bancada” na CPI do Cachoeira que atua para blindar o dono da Delta. As orientações partem do PMDB nacional, do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos amigos de Cavendish. A Delta tem vários contratos com o governo fluminense.
Fazem parte do grupo os deputados Leonardo Picciani e Filipe
Pereira, do PSC-RJ, João Magalhães (PMDB-MG) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), este
por razões partidárias em virtude de acordos feitos entre o partido e o PMDB. O
grupo pró-Cavendish conta também com o senador Ciro Nogueira e sua mulher,
Iracema Portella, do PP-PI e amigos do empreiteiro. O casal Nogueira estava em
Paris na Semana Santa, às vésperas da criação da CPI, quando diz ter encontrado
casualmente Cavendish. Em dezembro de 2009, Ciro postou em sua conta no
microblog Twitter: “Hoje vou ao casamento do meu amigo Fernando Cavendish”.
Na sessão da última quinta-feira que bloqueou o depoimento de
Cavendish, Ciro defendeu que o empreiteiro não fosse convocado. “Nós ficamos
apenas numa guerra de convocar fulano [...]. Nós não quebramos o sigilo da
Delta? Vamos analisar”, discursou o senador. Além de Nogueira, o deputado
Picciani também se manifestou ao microfone contra a convocação. “Nós não
precisamos ter a ânsia de convocar [Cavendish] sem ter o que perguntar, apenas
para fazer um espetáculo que seja.”
(…)
(…)
Por
Reinaldo Azevedo
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O penúltimo
parágrafo do texto que resumiu a aula de ética ministrada pelo advogado Sobral
Pinto acionou o sinal amarelo: o desembargador Tourinho Neto, relator do pedido
de habeas corpus impetrado por Márcio Thomaz Bastos em favor de Carlinhos
Cachoeira, dedicira encampar integralmente os argumentos e reivindicações do
especialista em garantir a impunidade de clientes culpados. “Tourinho votou
pela soltura do meliante, preso desde 29 de fevereiro e considerou ilegal a
escuta telefônica feita por agentes da Polícia Federal durante a Operação Monte
Carlo”, alertou o post. “Falta apenas um voto para a consumação da ignomínia”.
O próprio Tourinho
tentou consumá-la nesta sexta-feira. Sem paciência para aguardar a manifestação
dos dois desembargadores que completam a trinca incumbida pelo Tribunal
Regional Federal de cuidar do caso, votou pela segunda vez a favor de Márcio,
agora para aprovar outro recurso apresentado pelo doutor em truques de
tribunal. O defensor de Cachoeira solicitou que fosse estendido ao chefe o
habeas corpus concedido a um integrante da quadrilha. Muito justo, acedeu
o desembargador já empunhando a caneta para assinar o alvará de soltura.
Restrita à Operação
Monte Carlo, a indulgência de Tourinho tropeçou num segundo mandado de prisão
expedido em decorrência de outra operação conduzida pela Polícia Federal.
Cachoeira terá de esperar na cadeia os votos dos dois desembargadores
atropelados pelo relator ansioso. Se um deles concordar com Tourinho, a soltura
de um pecador juramentado se somará à anulação das provas resultantes das
gravações telefônicas monitoradas pela Polícia Federal para ratificar uma das
constatações do post: sempre que Márcio Thomaz Bastos ganha alguma causa, a
Justiça é derrotada.
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14/06/2012
PUBLICADO NO GLOBO DESTA QUARTA-FEIRA
A proximidade do
julgamento do mensalão agita os espíritos militantes e passionais, mesmo
aqueles mais sofisticados, revestidos de uma camada de educação e fineza.
Já houve a
atrapalhada intervenção do ex-presidente Lula no encontro indevido com o
ministro do Supremo Gilmar Mendes, um dos juízes do processo, intermediado pelo
também ex-presidente da Corte Nelson Jobim. Artilharia no próprio pé, pois a
iniciativa deve ter levado o STF a acelerar o calendário do julgamento. Passou,
também, o gesto infanto-juvenil do mensaleiro José Dirceu de conclamar
estudantes a ir às ruas, no estilo “Cinelândia 1968″, para defendê-lo perante
os 11 magistrados do Supremo. Teatral e inócuo, por óbvio.
No fim de semana,
foi a vez do ex-ministro da Justiça no primeiro governo Lula, Marcio Thomaz
Bastos, no programa “Ponto a Ponto”, da TV Bandeirantes, entrar em ação, de
forma mais sutil, ao seu estilo. Ministro quando explodiu o escândalo, em 2005,
e hoje advogado de um dos réus, José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco
Rural, instituição acusada de participar da operação de lavagem daquele
dinheiro, Thomaz Bastos explora um tema caro a certos petistas: a suposta
interferência da imprensa profissional no caso.
Teme o advogado o
que chama de “publicidade opressiva” dos meios de comunicação independentes
contra os réus. De forma elegante, até oblíqua, o advogado repõe em circulação
a tese surrada e risível de que uma “imprensa golpista” inventara o mensalão e,
em seguida, tratara de prejulgar os denunciados pelo Ministério Público. A tese
até recebeu a unção de uma certa intelligentzia petista. Agora, na visão de
Thomaz Bastos, influenciáveis ministros do STF, sufocados por uma “publicidade
opressiva”, se preparam para executar a condenação orquestrada.
Ora, quem denunciou
o mensalão foi um dos participantes dele, o ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), da base do governo. O esquema de desvio de dinheiro público e privado
para comprar apoio parlamentar ao governo não surgiu de qualquer laboratório de
maquiavelismos oculto em alguma redação. Foi escancarado numa entrevista de
Jefferson à “Folha de S.Paulo”. Lula não iria fazer um pedido público de
desculpas à população por algo inexistente (embora tenha aderido depois à tese
conspiratória). Tanto que os maiores desdobramentos políticos do caso foram a
cassação dos mandatos de Roberto Jefferson e do principal denunciado, José
Dirceu, deputado pelo PT paulista.
Impossível mascarar
a verdade de que a imprensa profissional é movida por fatos. Já a opinião sobre
eles é exposta de maneira translúcida no espaço dos editoriais. E é fato, por
exemplo, que, em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando
de Souza, ofereceu denúncia contra os mensaleiros ao Supremo. Outro fato: no
ano seguinte, os ministros consideraram consistentes os argumentos do MP para
abrir o processo, no qual Dirceu é tachado de chefe de uma “organização
criminosa”.
E serão fatos
condenações e absolvições a serem decididas no julgamento que se inicia em
agosto. Nada mais nem menos do que isto.
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16/06/2012 - 4:56
Ao posicionar-se contra a convocação imediata de Fernando Cavendish,
dono da Delta, e de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit, o relator da CPI do
Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG) foi crivado de críticas. Acusaram-no de
agir partidariamente, em prejuízo da investigação.
Em entrevista ao blog, Odair declarou que, na fase atual, a aprovação
dos dois requerimentos teria resultado em “convocações pirotécnicas”. Algo que
desaguaria num “oceano de fumaça” e desviaria a CPI do seu foco. Por isso
sugeriu que os depoimentos ficassem condicionados ao avanço das investigações.
O bloco da oposição e a ala dos governistas independentes acusam Odair e
os que votaram contra as duas convocações de agir com o deliberado propósito de
evitar que a CPI chegue ao PAC e às arcas eleitorais da Delta. Miro Teixeira
(PDT-RJ) insinuou que há na CPI “uma tropa do cheque para proteger Cavendish.”
Sobre o programa de obras do governo de Dilma Rousseff, Odair disse que
sua preocupação “é zero”. Quanto à Delta, declarou que o fato de a CPI ter
quebrado o sigilo bancário da matriz não significa que terá de perscrutar todos
os contratos celebrados pela empreiteira.
“Fazer espetáculo no plenário da CPI e ficar levantando suspeitas sobre
o Brasil só serve para salvar a turma do Cachoeira”, afirmou Odair a certa
altura da conversa. Noutro trecho, comentou a “tropa do cheque” evocada por
Miro: “É inadmissível que se levante suspeita generalizada.”
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FRASE DO DIA
É preciso recolocar a CPI nos trilhos da
investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro
público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal
traficante de influência.
Senador
Álvaro Dias (PSDB-PR)
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Enviado
por Ricardo Noblat -
16.6.2012
POLÍTICA
O polêmico juiz que mandou soltar Cachoeira
Desembargador
do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Tourinho Neto tem sido um dos poucos
magistrados sensíveis às demandas do advogado Marcio Thomaz Bastos, contratado
por R$ 15 milhões, no caso do bicheiro Carlos Cachoeira; conheça algumas de
suas decisões
Preso desde o dia 29 de
fevereiro deste ano, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos
Cachoeira, obteve pouquíssimas vitórias na Justiça até agora, embora tenha
contratado um dos advogados mais caros do País: o criminalista Marcio Thomaz
Bastos, ao custo de R$ 15 milhões. Em praticamente todas as decisões favoráveis,
a assinatura nos despachos foi do desembargador Tourinho Neto.
A primeira dessas decisões
aconteceu no dia 17 de abril, quando Cachoeira conseguiu deixar o presídio de
segurança máxima em Mossoró (RN) e foi transferido para Brasília. Juiz
responsável pela decisão? Tourinho Neto.
Três dias atrás, Tourinho Neto
tomou também a primeira decisão para, eventualmente, sacramentar a morte da
Operação Monte Carlo. Relator de um pedido de habeas corpus apresentado por
Thomaz Bastos, ele considerou as escutas ilegais.
Segundo Tourinho Neto, o
delegado encarregado da investigação, Matheus Mella Rodrigues, fundamentou o
pedido de interceptações em denúncias anônimas. "Não se pode haver a
banalização das interceptações, que não podem ser o ponto de partida de uma investigação,
sob o risco de grave violação ao Estado de Direito", disse ele.
O julgamento será retomado na
terça-feira e se os demais magistrados acompanharem o relator, o trabalho dos
policiais será atirado no lixo. Curiosamente, Cachoeira, notório por sua indústria
de grampos ilegais, tenta se safar questionando a legalidade dos grampos da
polícia.
Tourinho Neto também tomou
outra decisão favorável a Cachoeira, no dia 13 deste mês, ao mandar desbloquear
os bens do laboratório farmacêutico Vitapan, que está em nome de sua ex-mulher,
Adriana Aprígio – o pagamento dos honorários de Thomaz Bastos passa pela
indústria farmacêutica de Anápolis (GO).
Tourinho Neto é desafeto da
ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, e é também
visto com ressalvas por certas alas da Polícia Federal e do Ministério Público.
Sua decisão de hoje, no entanto, não garante a liberdade de Cachoeira, porque
ele ainda está em preso em função de outra operação da Polícia Federal, a
Saint-Michel, cujo habeas corpus ainda não foi julgado.
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Enviado
por Ricardo Noblat - 15.6.2012
POLÍTICA
Quem quer ouvir a resposta de Agnelo Queiroz?, por Ricardo Setti
Blog de
Ricardo Setti
Foi patético, e seria de morrer
de rir se não revelasse a escuridão e falta de transparência que rege a vida de
boa parte dos políticos “deste país”: o governador do Distrito Federal, o
petista egresso do PC do B Agnelo Queiroz, passou quase dez horas depondo ontem
na CPI do Cachoeira, se enrolou e enrolou os parlamentares diante de uma
pergunta que qualquer brasileiro normal e probo responderia de bate-pronto.
Qual foi, afinal de contas, a
forma de pagamento utilizada para comprar a espetacular mansão em que vive no
Lago Sul, em Brasília? (Um portento de 550 metros de área construída, em meio a
um gigantesco terreno e dispondo de todos os confortos possíveis e imagináveis,
no valor estimado de 4 milhões de reais).
A mansão do governador do DF,
vista de cima...
Queiroz teria pago 400
mil reais pela casa em 2007, com a interessante circunstância de que, no ano
anterior, o total de seu patrimônio declarado à Receita mal passava de 200 mil.
A principal pergunta que
se impõe, porém, não é como pagou — se por cheque, em dinheiro, por meio de TED
bancária.
É como um ex-médico do
serviço público que há 22 anos só faz, única e exclusivamente, política — foi
deputado distrital, deputado federal, diretor da Anvisa e ministro do Esporte,
antes de ser governador — pode ser dono de uma mansão nababesca, digna de um
industrial, de um potentado do agronegócio, de um banqueiro?
... e vista de outro ângulo, no
esplendor dos 550 m2 de construção
Esta é a pergunta — e
pode e deve ser dirigida não apenas a Agnelo Queiroz, mas a muitos políticos
que ostentam mansões e outros bens em nada condizentes com o que recebem dos
cofres públicos.
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